A manhã começa com o vento varrendo o pó da rua
e na varanda arrastam-se cadeiras algumas vozes determinam
as horas ou mesmo até a temperatura -- o dia vai ser tórrido
fragilizando mesmo o que resta ainda da nobreza dos cactos.
Revejo o mapa e tento localizar entre os rios e os longos carris
dos comboios o lugar. Entretanto outras vozes
adivinham não só o presente mas ainda o que o futuro será
se as marés derrubarem a escarpa frágil
e bela como um castelo rendilhado -- gosto da sua côr
adoçando o sol sobre o azul do mar -- na curva distante
entre rudes sombras as folhas agitam o caminham íngreme
é uma aragem brusca que faz rodopiar os cabelos e abrandar os passos.
Nesse lugar nada muda nem o tempo
e na realidade o que se observa é um inventário
de espantosas mudanças subtis. O que atrai o meu olhar
como um feixe de luz ou lâmina mistura territórios íntimos com paisagem
e mistério. A botânica é uma ciência de lucidez que conduz o tempo
e o conhecimento um vínculo de aparências e eu
recordo apenas com nitidez o nome
dela na camisa transparente. |