REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número 19-20

 

 

 

 

ADILIO JORGE MARQUES & SUSANA ZANELLA[i]

 

Repensando um Evangelho Sinótico:

a vocação dos quatro primeiros discípulos

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Dir. Maria Estela Guedes  
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1 - TEXTO SINÓTICO ESCOLHIDO – a PERÍCOPE:  

Centrado em Mc 1,16-20 - “VOCAÇÃO DOS QUATRO PRIMEIROS DISCÍPULOS”.

Bíblia de Referência[2]: Bíblia de Jerusalém. 

16Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Disse-lhes Jesus: “Vinde em meu seguimento e eu farei de vós pescadores de homens”. 18E imediatamente, deixando as redes, eles o seguiram.

19Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, eles também no barco, consertando as redes. 20E logo os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, partiram em seu seguimento.”

 

   
  2 – CONTEXTO LITERÁRIO [1]:
 
  • Perícope anterior: Mc 1, 14-15 –  “Jesus inaugura sua pregação”:

        Escolhida porque vincula o fato da prisão de João Batista com o fim de sua missão, dando início ao Ministério de Jesus e o chamamento dos primeiros discípulos. O verbo grego usado aqui para a retirada de João Batista de cena torna o fato marcante e definitivo: meta dé to paradothênai ton Iôannên, ou seja, “depois que João foi entregue (preso)[3]”. Completou-se o tempo, o momento (kairós, kairos) de João e advém o do Messias esperado. 

  • Perícope posterior: Mc 1, 21-28 –  “Jesus ensina em Cafarnaum e cura um endemoniado”:

      Após a escolha dos primeiros Jesus sai e inicia sua Missão em um sábado (dia sagrado judeu) e em uma Sinagoga. O Mestre vai confrontar a lei judaica em uma passagem que marca a sua autoridade perante os vivos e os espíritos impuros, quaisquer que seja o seu significado. Alguém de fora reconhece Sua autoridade e isso é um fato público e se espalha. Aqui fica registrada a primeira atividade em Marcos de Jesus com os primeiros discípulos.

  3 – PRÉ-TEXTO (“SITZ IM LEBEN”):
 

            A prisão de João Batista é o início da citação do versículo 14 de Marcos. Ela representa, neste momento, o fim da missão deste para o início da de Jesus. O povo já sabia que o Messias estava no meio deles. A prisão de João Batista, pois parece um plano ou projeto no esquema Divino que continuará após o seu sacrifício.[4] A Galiléia, terra natal de Jesus e para onde vai, não era periferia, pois tinha importância econômica e social na região, apesar de não se comparar a Jerusalém[5]. Jesus inicia a manifestação do Reino de Deus fora da cidade de Davi, retomando João. Com isso Jesus está contrapondo sua cidade natal à cidade de Poder, onde está o templo. O início é fora da cidade de Davi, mostrando sua independência e superioridade ao poder estabelecido[6].

            Falar de cumprimento do tempo supõe uma continuidade ligando as fases do desígnio de Deus[7]. Os homens não têm conhecimento disso e o Messias vem trazer a Boa Nova, conforme anunciado por aquele que batizava no deserto. Os tempos são cumpridos nas Escrituras e assim terão que ser também em todo o modo de viver dos homens. O Reino de Deus é diferente do reino dos homens, pois não tolera “remendos” na conversão interior. A conversão proposta por Jesus é entender de modo correto a Lei e os profetas, não sendo uma mera repetição de fórmulas ou ritos[8].

            No relato da vocação dos quatro primeiros discípulos Jesus é apresentado como o novo Elias (cf. Lc 7, 15 citando 1 Rs 19,19-21)[9], aquele que depois de entendido que suplantou a Lei mosaica também será o cumprimento das Profecias.

            Simão e André são os dois primeiros chamados, baseando-se nesta perícope sob Marcos. Não sabemos se eles eram pescadores no sentido literal do termo ou se o sentido figurado foi adotado. Porém todos os quatro Evangelhos afirmam que os primeiros discípulos eram pescadores de peixes. O termo “pescador” pode aí ter sido usado como aqueles que foram escolhidos para cumprir a missão.

            Aqueles que Jesus chama para que o sigam devem participar de sua Missão. O grau de conhecimento entre os pescadores chamados e Jesus é uma possibilidade levantada por muitos estudiosos dos Evangelhos, como Mazzarolo (ref. [10], p. 62) e Schmid (ref. [6], p. 60). A forma direta e quase imperativa com que Jesus se dirige aos quatro primeiros, além do fato da região ser a região de origem do Messias, leva a pensar na possibilidadede um pré-conhecimento entre eles. Ao menos há um diálogo entre eles. Esta forma direta com que Marcos descreve a cena mostra seu estilo direto e que não quer deixar dúvidas quanto à autoridade de Jesus.

  A forma extremamente simples com que Marcos coloca o chamamento dos primeiros discípulos é um retrato do seu estilo, do seu próprio Evangelho. Marcos escreve de uma forma que é considerada simples pelos exegetas[10]. O espírito impuro reconhece Jesus como autoridade, pois é o Profeta (novo Elias) com o poder, consagrado por Deus em vista de sua Missão, pois Ele recebeu o Espírito. “Santo” aqui significa “consagrado, separado”, cf. a Bíblia de Jerusalém (nota h). De onde vem a autoridade de Jesus é uma incógnita. Ele não teve necessidade de grandes mestres, mas certamente tinha princípios didáticos para se dirigir ao povo em geral. Suas palavras construíram uma prática de vida diferente, porém para todos, onde por isso sua pedagogia é considerada de inclusão[11].

            Este pode ser considerado o primeiro momento importante na descoberta da identidade do Messias, pois Ele é capaz de expulsar até demônios, o que mostrou publicamente a sua autoridade[12]. Importante comentar o verdadeiro significado do termo “espírito impuro” nesta passagem após a perícope. Jesus é a antítese daqueles que estão ocupando o Templo. Sua autoridade é Divina, como já falamos. Em oposição surge este espírito impuro, que pode simbolizar os que estão corrompidos pelas leis profanas, aqueles que oprimem legalmente, aqueles que apesar de freqüentar o templo saem de lá tão sujos quanto entraram. O Messias vai ao Templo contrapor seus ensinamentos a tudo o que lá está, marcando seu poder e autoridade de forma indelével ao público[13]e causando uma profunda admiração aos espectadores, obrigando-os a se perguntarem “Quem é este Jesus de Nazaré?”[14].

  4 – ANÁLISE CRÍTICA DA PERÍCOPE:
 

            Marcos anuncia o Filho de Deus, credenciado por milagres e prodígios[15]. Descreve de forma viva e precisa a ação de Jesus, mostrando pouco interesse pela pregação doutrinária. Mostra a abertura do reino aos homens de boa vontade. A chave de leitura é a descoberta que os discípulos necessitam fazer em torno da figura de Jesus. A fase inaugural do kêrygma (anúncio) se faz com a descoberta que os seus adversários vão fazer de quem é Jesus[16].

          A vocação dos quatro primeiros discípulos mostra o início da descoberta do Messias. A perícope advém do início da pregação pública de Jesus, onde Marcos mostra a transição entre o Antigo Testamento e a boa Nova. Jesus não fala de si mesmo, e por isso os discípulos desde o início devem ir aos poucos descobrindo quem Ele é. Jesus começa a preparar pedagogicamente seus discípulos para a Missão que será revelada mais à frente.

            Escolhendo três palavras para análise (negrito abaixo e no texto seguinte), relacionando com sua origem grega, e que são: 

“E” (kai); “contexto, situação” (kairós); “lançar” (bállon). 

            Kai - Segundo Myers[17], Marcos possui o estilo de recital, no qual a maioria dos episódios começa com kai (kai) – “E” – característico segundo este autor de estilo de redação palestinense, e como vemos direto em Mc 1,15 a Mc 1, 23 de nossa perícope.  

            Kairós - Ainda em Myers[18] (p. 170) e também em Mazzarolo[19] (p. 61), Marcos está nesta perícope inserido do esquema de tempo de narrativa indeterminado, mesmo mítico: um começo qualquer, a plenitude do contexto, do momento, que se refere ao kairós (kairoz), diferentemente do tempo cronológico krónos (kronos). Neste tempo está Jesus, como o Senhor, o Messias. Esta é uma palavra que fundamenta a escolha da perícope anterior escolhida: Mc 1, 14-15. 

            Bállon - Em Mc 1, 16 temos: “Lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores[20]. Analisando: 

“Lançavam”, do verbo “lançar”: ballv.

Rede em geral surge como diçxtyon  (díchtuon).

Rede de pesca é modernamente saghqnh (sachnun)[21]

Segundo Mazzarolo[22], ainda à p. 61, “lançando” é anphiballontas: amfiballontaz. Em alguns manuscritos surge o termo tá diktua para “redes”, deduzindo-se o termo “lançando (a rede)” como bállontas amphiblêstron no sentido de pescar. Para Myers[23], uma possibilidade é que esta parte da perícope pode referir-se a pesca no sentido estrito do termo.  Este autor argumenta que classes de artesãos eram muito comuns na época, ainda mais no local geográfico descrito (junto ao mar da Galiléia). Jesus falava ao povo sobre a nova ordem a ser estabelecida.

Porém, corroborando Mazzarolo[24], indica que mais provavelmente está no sentido de movimento, de lançar (ballv) a si mesmo (em Missão discipular) com a expressão “... a rede ao mar”. No caso, para aqueles que já poderiam mesmo conhecer a Jesus antes deste fato relatado e que se lançavam metaforicamente ao trabalho de salvar homens. O termo “pescar peixe com anzol” é um eufemismo já usado em Ezequiel e Amós[25]. Este é um dos termos mais enigmáticos deste Evangelho, pois segundo Martini[26] e Myers (op. Cit., p. 171) não fica clara aqui toda a amplitude de “pescadores de homens” (Mc 1, 17). Os discípulos terão que se entregar totalmente a Jesus logo de início, onde, segundo Marcos, nem ao menos se conheciam. Por isso esta perícope suscita ainda algumas discussões que ainda não tiveram termo.

Outra interpretação para “Lançavam a rede ao mar...” é que as redes representariam os obstáculos à Missão que os primeiros chamados jogam fora para seguir o Mestre. Quando Marcos descreve em no versículo 17 a frase de Jesus: “Vinde após mim, ...” está mostrando que é um chamado irresistível, pois ali está a Verdade e a autoridade Divinas.

  5 – SINOPSE:
 

            Mc 1,16-20[27] - “VOCAÇÃO DOS QUATRO PRIMEIROS DISCÍPULOS”. 

16Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Disse-lhes Jesus: “Vinde em meu seguimento e eu farei de vós pescadores de homens”. 18E imediatamente, deixando as redes, eles o seguiram.

19Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, eles também no barco, consertando as redes. 20E logo os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, partiram em seu seguimento.” 

 

BREVE QUADRO COMPARATIVO[28],[29]:

 

Destacamos (em negrito) palavras ou trechos que diferenciam um autor do outro na perícope: 

 

Mt, 4, 18-22 - “Chamado dos quarto primeiros discípulos”

18Estando ele a caminhar junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 19Disse-lhes: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. 20Eles, deixando imediatamente as redes, o seguiram.

21Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou. 22Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram. 

 

Lc 5,1-11 - “Vocação dos quarto primeiros discípulos”

1Certa em que a multidão se comprimia ao redor dele para ouvir a palavra de Deus, à margem do lago de Genesaré, 2viu dois pequenos barcos parados à margem do lago; os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3Subindo num dos barcos, o de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra; depois, sentando-se ensinava do barco às multidões.

4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca”. 5Simão respondeu: "Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes”. 6Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam. 7Fizeram então sinais aos sócios do outro barco para virem em seu auxílio. Eles vieram e encheram os dois barcos, a ponto de quase afundarem.

8À vista disso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou pecador!” 9O espanto, com efeito, se apoderara dele e de todos os que estavam em sua companhia, por causa da pesca que haviam acabado de fazer, 10e também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens”. 11Então, reconduzindo os barcos a terra e deixando tudo, eles o seguiram. 

 

Jo, 21, 1-6.15-17 - “Aparição à margem do lago de Tiberíades”

1Depois disso, Jesus manifestou-se novamente aos discípulos, às margens do mar de Tiberíades. Manifestou-se assim: 2Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Cana da Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois outros de seus discípulos. 3Simão Pedro lhes disse: “Vou pescar”. Eles lhe disseram: “Vamos nós também contigo”. Saíram e subiram ao barco e, naquela noite, nada apanharam.

4amanhecera. Jesus estava de pé, na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus lhes disse: "Jovens, acaso tendes algum peixe?”  Responderam-lhe: “Não!” 6Disse-lhes: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Lançaram, então, e já não tinham força para puxa-la, por causa da quantidade de peixes.

15Depois de comerem, Jesus disse a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?Ele lhe respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta meus cordeiros”. 16Segunda vez disse-lhe: “Simão, filho de João, tu me amas?” - “Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez lhe disse: “Simão, filho de João, tu me amas?” Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu me amas?” e lhe disse: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta minhas ovelhas”. 

 

(Segundo[30],[31]): Jo 1, 35-51 - “Os primeiros discípulos”

No dia seguinte, João se achava lá de novo, com dois de seus discípulos. Ao ver Jesus que passava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”.Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Jesus voltou-se e, vendo que eles o seguiam, disse-lhes: “Que procurais?” Disseram-lhe: “Rabi, onde moras?” Disse-lhes: “Vinde e vede”. Então eles foram e viram onde morava, e permaneceram com ele aquele dia. Era a hora décima, aproximadamente.

André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. Encontra primeiramente seu próprio irmão Simão e lhe diz: “Encontramos o Messias”. Ele o conduziu a Jesus. Fitando-o, disse-lhe Jesus: “Tu és Simão, filho de João; chamar-te-ás Cefas”.

No dia seguinte, Jesus resolveu partir para a Galiléia e encontrou Felipe. Jesus lhe disse: “Segue-me”. Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro.

Filipe encontra Natanel e lhe diz: “Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”. Perguntou-lhe Natanel: “De Nazaré pode sair algo de bom?” Filipe lhe disse: “Vem e vê”. Jesus viu Natanel vindo até ele e disse a seu respeito: “Eis verdadeiramente um israelita em quem não há fraude”. Natanel lhe disse: “De onde me conheces?” Respondeu-lhe Jesus: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira”. Então Natanel exclamou: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Jesus lhe respondeu: “Crês, só porque te disse: ‘Eu te vi sob a figueira’? Verás coisas maiores do que essas”. E lhe disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” 

            Marcos fala para os discípulos, é o anunciador, está mais próximo dos fatos e procura mostrar de forma mais direta, talvez mesmo mais pobre que outros evangelistas, os atos da Missão de Jesus. É um estilo próximo de fontes arcaicas, provavelmente na própria Galiléia. Alicerça a genealogia, literariamente comum em sua época, na própria Boa Nova, ou seja, no próprio Evangelho que Jesus nos legou. Inicia com João Batista, já caracterizando e anunciando, proclamando a chegada da Nova Lei em substituição à antiga. Para Marcos a Palavra é a transformação à luz da Criação[32]. Ocorre uma convocação clara, sintética e imperativa aos primeiros discípulos seguem Jesus. Mostra a urgência da Missão. Ele tem o poder de Deus e o exerce de forma contundente já em Cafarnaum com o endemoniado. Nesta perícope o relato de Marcos encontra um paralelismo literal em Mt 4, 18-20, como podemos ver no quadro acima. O Evangelho de Mateus está datado de um pouco mais distante dos fatos que o de Marcos, mas procura ligar Jesus a uma genealogia humana, como judeu, da descendência de Abraão[33] e baseada na Lei, pois escreveu para a comunidade judaica a quem tinha que ambientar a Boa Nova. Jesus é comparado ao novo Moisés, com uma nova Lei, pois representa um novo Legislador[34].

            Lucas[35] leva a genealogia até Adão, vindo este diretamente do Criador, e de onde todos os homens são descendentes, indo mais longe que Mateus neste sentido. Quando este liga Jesus até Abraão justifica Jesus a comunidade judaica. A mesma perícope em Lc 5,1-11 influencia a redação descrita acima de Jo 21, 1-6.15-17. Para Lucas importa identificar Jesus, que o Messias ressuscitou, que a vida eterna é uma realidade como diz a Boa Nova trazida por Ele. Não são palavras que ficaram na história, no passado. Por isso para este Evangelista o que aconteceu no início da vida de Jesus não é tão importante quanto o fato de ter Ressuscitado. Como companheiro de Paulo, elaborou em data mais tardia que Marcos e Mateus seu evangelho, a quem destinou a um certo Teófilo, que etimologicamente quer dizer “amigo de Deus”, o que muitos exegetas interpretam como sendo todo e qualquer cristão. Lucas detalha mais a passagem desta perícope.

            Quanto ao chamamento em si, em Marcos, Simão e seu irmão André são os primeiros dois discípulos chamados. Em Mt, os dois primeiros são Pedro e André. Já em Lc 5, 1-11 ocorre significativa diferença. Neste autor existe uma interação entre Jesus e Pedro antes que este reconheça a grandeza de Jesus e o quanto o próprio Pedro é um mero pecador. Lucas narra apenas o contato e o chamado de Pedro, sem André[36]. Ocorre uma grande ruptura paradigmática em relação a esta perícope é em Jo 1, 35-51, apresentada para comparação no segundo quadro[37]. De início o lugar geográfico não é mais o mar da Galiléia e sim o rio Jordão, onde provavelmente são discípulos de João Batista que se tornam os primeiros discípulos de Jesus. Em seguida, dois discípulos de João Batista seguem Jesus para saber onde Ele mora, onde um não é mencionado e o outro é André (Jo 1, 40). Aqui Pedro é chamado por informação de André, que seguiu Jesus no dia anterior (Jo 1, 41-42).

            Talvez tal ruptura esteja em dois fatos importantes: João, o discípulo amado, era muito jovem ao ser chamado por Jesus para a Missão, e seu Evangelho foi composto por seus discípulos muito tempo depois dos fatos terem ocorrido (o mais tardio dos Evangelhos). Outro fato é o estilo do autor, que procura levar a mensagem no sentido de identificar Jesus como o Lógos (loqgos), mostrando que nenhum outro personagem possui importância depois do advento de Jesus, em uma estrutura grega no estilo de escrever.  

  6 – EXEGESE da PERÍCOPE:
 

6.1 – Caminhando junto ao mar: Mc 1, 16 

            O chamado ao discipulado começa interrompendo uma atividade comum junto ao mar – a pesca. O mar é uma localização simbólica nova e importante em Marcos e aqui é introduzido como sendo o domínio da comunidade do discipulado inicial[38]. A Galiléia é por sinal a terra de Jesus, e com isso o Messias antepõe sua Missão à Jerusalém, local do Templo e dos escribas. Já sabemos que os novos tempos são chegados. Em Jo 1, 35-51 temos um novo local geográfico, que é o rio Jordão, o que também caracteriza a transição entre a antiga Lei e o anúncio da Boa Nova, tanto que Marcos tem como símbolo o Leão, pois apresenta de imediato a figura de João Batista como a voz que clama no deserto. O termo euangélion significa o “ato de proclamar”.[39] Também junto ao mar, ao lago ou a um rio está sempre alguma comunidade simples que subsiste da exploração local. 

 

6.2 – Viu Simão e André: Mc 1, 16 

            Aqui Marcos deixa bem claro quem foram os primeiros discípulos, começando por Pedro, talvez indicando desde o início a sua primazia[40] no discipulado. Talvez porque o Evangelista Marcos tenha sido o intérprete de Pedro, aquele que escreveu a pregação deste[41]. Mateus corrobora este fato literalmente. São irmãos, e na antiguidade, mais que hoje, a organização social familiar rural estava diretamente ligada ao local de trabalho.

 

6.3 – Lançavam a rede ao mar: Mc 1, 16 

            Aqui está uma passagem controversa, pois lançar redes ao mar remete a uma localização geográfica e social importante para se compreender com mais profundidade as palavras de Marcos. Lançar em grego é ballv, o que pode significar lançar, atirar alguma coisa (objeto), ou segundo alguns exegetas, poderia ser “lançar-se”, “lançar” a si mesmo em uma nova vida (a Missão de Jesus)[42].

Rede também possui várias significações. Segundo Mazzarolo[43], alguns textos incluem o termo tá diktua (redes) no contexto. O peixe, ichtus (icquj), como símbolo que era das primeiras comunidades cristãs, talvez não o fosse apenas porque remetesse aos primeiros discípulos como pescadores, mas por representar aqueles que são chamados pelo Jesus, o Mestre, para salvar a toda a humanidade, teologicamente falando, e não apenas a um povo escolhido por um determinado Deus[44]. A rede de pesca aqui tem o sentido oposto ao do Antigo Testamento (Ez 12,13)[45], onde representava um castigo. Aqui Marcos destaca a Missão dos Doze que se seguirão.

 

6.4 – Pescadores: Mc 1, 16 

            Outra questão é o termo “pescadores”. Baseado no que foi enunciado no item acima toma-los por pescadores simples e ignorantes é uma informação supérflua. Inclusive porque possuir barco, redes, empregados e ter um ofício, não era para os ignorantes e à margem da sociedade da época (os muito simples)[46]. Possuir barcos e redes mostra que a família dos primeiros discípulos possuía bens, e que Jesus depois irá conclama-los a tudo abandonar para seguir na Missão. A classe artesã dos pescadores se distinguia dos trabalhadores diaristas, pois era independente[47].

 

6.5 – Vinde: Mc 1,17 

            Jesus mostra a urgência, a necessidade do Reino de Deus ser estabelecido. O tom imperativo com que Marcos nos apresenta esta passagem gera dúvidas, pois se pode questionar se Jesus já não conhecia os primeiros discípulos de alguma maneira antes. Afinal, o Messias nasceu ali[48]. Eles não oferecem qualquer resistência ao chamado[49]. Esta é uma característica marcana, pois em sua pedagogia aos discípulos Marcos deixa clara qual é a força, o poder do chamamento de Jesus. Este chamamento é inquestionável, o que será aprofundado pelos demais Evangelistas na ênfase que cada um dará aos seus escritos.

            “Vinde após mim”. O Rabi chama a participar de sua sorte[50]. O desapego aos bens materiais, como primeiro passo para desmontar a ordem social dominante. Ao confronto geográfico soma-se o do poder material[51]. “Vinde”, “segue-me”: expressões que marcam a Verdadeira senda, o Caminho a ser seguido pelos primeiros discípulos, para que no futuro o seja por toda a humanidade[52].

            Jesus possui a autoridade, e este relato inspira-se literariamente em 1Rs 19, 19-21: o chamado de Eliseu por Elias. Jesus é apresentado como novo Elias (cf. Lc 7, 15 citando 1 Rs 17, 23)[53].

 

6.6 – Pescadores de homens: Mc 1, 17 

            Esta é uma frase que suscita dúvidas[54] no momento em que é citada em Marcos, pois até ali nada estava esclarecido do que é ser “Pescador de homens”. Depois veremos que é um termo já usado na região. Por exemplo, “pescar peixe com anzol” é um termo utilizado para julgar o rico (Am 4,2) e o poderoso (Ez 29, 4)[55].      Jesus convida o povo comum a se unir a ele na luta espiritual que visa a modificar a ordem de poder e de privilégio existente.

 

6.7 – O seguiram: Mc 1, 18 

            O autor torna o relato simples, pois a sua teologia fontal[56] é de resultados. O ponto de partida era o chamado de Jesus[57]. Isso é o importante, nada mais. Marcos enfatiza a força e a autoridade do Messias. Seguir é tornar-se discípulo[58],[59],[60].

 

6.8 – Tiago e João: Mc 1, 19 

            Mais uma dupla de irmãos, e que possuem a mesma condição material dos primeiros[61]. Marcos mostra antecipadamente o que depois nos Atos acontecerá: os discípulos viajando de dois em dois para propagar o Evangelho.

 

6.9 – Imediatamente o seguiram: Mc 1, 20 

            Tiago e João também são chamados de imediato (eythys = imediatamente)[62], como no caso de Simão e André. Marcos não se preocupa com qualquer diálogo entre Jesus e os primeiros discípulos. Mantém a posição de autoridade do Messias. Enfatiza a necessidade da Missão, ou seja, sua urgência[63]. Na obra marcana não há conotação de apego familiar nos chamamentos dos primeiros quatro discípulos. Eles não hesitam em tudo abandonar.

            Mais uma vez pode-se supor que Jesus conhecendo a região também conhecesse a quem chamava[64]. Jesus tem que começar a sua Missão, e o fim desta perícope (em Mc 1, 20) irá Jesus ao início da sua atividade missionária.

 

7 – HERMENÊUTICA:

 

             A primeira geração cristã (séc. I de nossa era) realizou verdadeira Teologia[65]. Tratou de refletir a sua fé, interpretando o sentido e evento fundante da vida-morte-ressurreição de Jesus, bem como a constituição e implementação da Igreja. Surgiu a importância da Igreja particular, como vemos nos Atos o termo ekklesía, que parece ser usado no sentido particular ou local[66]. Convém também recordar que a maioria dos textos do Novo Testamento se dirige a Igrejas locais (vemos isso nas cartas de S. Paulo). Mas a Igreja particular realiza toda a riqueza da Igreja universal (como dito acima), sendo católica no sentido estrito do termo. Mas tem como característica que se deve deixar abrir em comunhão com as outras Igrejas que surgiram conjuntamente ou após o início do apostolado, buscando a unidade em Cristo. Vemos nos Atos que a localização das Igrejas se torna particular, ou seja, deve-se levar em conta seus traços culturais, ambientais, históricos, e por isso essas primeiras comunidades não são iguais. Apresentam caráter urbano na época apostólica e com ampla autonomia.

            "Vinde em meu seguimento e eu farei de vós pescadores de homens." (Mc 1, 17). Desta forma Jesus se dirige aos dois primeiros discípulos, que estavam com as redes. Nestas palavras, encontramos o significado da vocação, que para mim é uma das palavras chave desta perícope. Esta página do Evangelho é uma das muitas da Sagrada Escritura onde se descreve o mistério da vocação, no caso o mistério da vocação para ser apóstolo de Jesus. Em São João, que tem também um significado para a vocação cristã enquanto tal reveste um valor emblemático no caso da vocação sacerdotal. É uma cena que se renova periodicamente na história com cada um de nós. Temos que buscar o desenvolvimento gradual de nosso ser, tornando concreto o ensinamento de Jesus, para poder segui-Lo e ainda permanecer com Ele.

            “Caminhando junto ao mar...” (Mc 1, 16), ou “Estando ele a caminhar junto ao mar da Galiléia...” (Mt 4, 18), são expressões que também nos remetem a estar junto da Missão, estar na Igreja junto à Jesus para iniciar a nossa missão pastoral individual para servir ao próximo. O significado da palavra "Imediatamente" me parece importante (Mc 1, 18). Sempre em referência a uma mudança de ofício, sabe-se que não se eliminam todos os riscos, mesmo depois de tomar todas as precauções. Há aqui a parte de desconhecido que se aceita mesmo sem a reflexão. Pode-se dizer que havia ainda o atrativo da novidade, a esperança de uma melhoria, de algo de novo. Porém, em contraposição ao um mero atrativo pessoal de Jesus (que certamente devia haver), penso ser relevante o que foi anteriormente discutido quanto ao fato de que o Messias não escolheu seus discípulos sem um prévio conhecimento das pessoas a quem chamava e da própria região pela qual resolveu iniciar sua Missão. O Prólogo, normalmente, é escrito depois de se concluir um livro, para dizer o que ele contém. Assim acontece com Lucas, que de dirige a Timóteo (nome real, ou apenas um "amigo de Deus?").

Na sinagoga, Jesus faz a passagem entre o Antigo e o Novo testamento, entre a missão de Isaías (também ligado ao signo do Amor em seus escritos) e a Sua, ao assumir-se como aquele que vai cumprir logo o anúncio do profeta. E o ato torna-se a proclamação pública da sua carta programática, depois cumprida por Jesus na sua relação com os pobres, os doentes, os oprimidos, as mulheres, os leprosos... todos os marginalizados pelas leis e tradições civis ou religiosas. Por isso em Marcos vemos a pedagogia da inclusão. Inicialmente, surpresos pelo modo convicto e sereno com que Jesus se apresenta identificado com a Sua vocação e Missão, os seus conterrâneos o acolhem bem. Depois, os fatos tomarão outro rumo, como previsto na sua Missão.

            Importante salientar que quando Jesus chama os primeiros discípulos o primeiro passo é desmontar a ordem social dominante e modificar o mundo do discípulo: no reino, no pessoal, no político e econômico. Um quebra sucessiva de paradigmas que mesmo hoje a maior parte de nós não está preparada para compreender e reproduzir. Segundo Myers[67] (p. 172), alguns comentadores pensam em Jesus neste momento de forma escatológica, querendo passar aos primeiros escolhidos o fim iminente do mundo. Discordo dessa forma de pensar, pois o chamamento será perene em nossa história humana e irá se repetir com todos os demais seguidores, sendo será uma marca indelével na Missão de Jesus.

            Concluindo, temos também que ser “pescadores de homens” e lançarmo-nos ao mar em busca de nós mesmos e do próximo na palavra do Senhor. Não há trabalho mais belo. Alguém poderá questionar: “Mas hoje não é diferente da época de Jesus?”. Para isso passo então a citar a descrição da capa do livro de Mazzarolo, “O Evangelho de São Mateus” [ref. 13], que nos mostra o HOJE no ONTEM, como reflexo desta perícope: 

“Uma jangada no meio do mar, sinal da missão que muda para todo cristão. Aos que pescavam no mar, com a experiência das águas turbulentas e agitadas, é dada uma nova missão: pescar nas águas turbulentas e agitadas do mundo, na época de Jesus, dentro do Império Romano (Mt 4, 18-22). Hoje, dentro de um mundo agitado pelo imperialismo norte-americano como símbolo da besta, da prepotência e dos desmandos sócio-políticos, em nome de falsas democracias, de falsas seguranças e da anulação declarada dos direitos humanos e da verdade. É preciso pescar pessoas justas, honestas e sensatas nestas águas turvas, a fim de poder equilibrar o barco da vida, da justiça e do bem entre as nações e os povos.”

   8 – BIBLIOGRAFIA:
 

[1] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004. 

[2] Bíblia Tradução Ecumênica; Edições Loyola; SP; 1994. 

[3] Bíblia Sagrada; Ed. Vozes; 49ª edição; RJ; 2004. 

[4] Libanio, J. B., Murad, A.; Introdução à Teologia – Perfil, Enfoques, Tarefas; 5ª ed.; Edições Loyola; SP; 2005. 

[5] Pereira, I., S. J.; Dicionário Grego-Português e Português-Grego; 6ª ed.; Livraria Apostolado da Imprensa; Porto; 1984. 

[6] Schmid, J.; El Evangelio Según San Marcos; 1ª ed.; Editorial Herder; Barcelona; 1967. 

[7] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992. 

[8] Martini, C. M.; O Itinerário Espiritual dos Doze no Evangelho de Marcos; 2ª ed.;  Edições Loyola; SP; 1988. 

[9] Piazza, W. O., S. J.; Os Evangelhos – Documentos da Fé Cristã; 1ª ed.; Edições Loyola; SP; 1991. 

[10] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004. 

[11] ________. A Bíblia em suas Mãos; 6ª ed; Mazzarolo Editor; RJ; 2002. 

[12] ________. Lucas, a Antropologia da Salvação; 2ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004. 

[13] ________. Evangelho de São Mateus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2005. 

[14] Frosini, G.; A Teologia Hoje; 1ª ed.; Editorial Perpétuo Socorro; Vila Nova de Gaia; 2001. 

[15] Datler, F., svd; Sinopse dos Quatro Evangelhos; 3ª ed.; Ed. Paulinas; 1986.

  Notas
 

[1] Susana Aparecida Zanella é Teóloga, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É Irmã Paulina. 

[2] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[3] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 55; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[4] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 55; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[5] Cf. Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[6] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 56; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[7] Cf. Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[8] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 58; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[9] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[10] Cf. Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[11] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 65-66; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[12] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 68; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[13] Ver nota de rodapé à p. 68 de Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[14] Bíblia de Jerusalém; nota i; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[15] Cf. Piazza, W. O., S. J.; Os Evangelhos – Documentos da Fé Cristã; 1ª ed.; Edições Loyola; SP; 1991.

[16] Mazzarolo, I.; A Bíblia em suas Mãos; p. 127; 6ª ed; Mazzarolo Editor; RJ; 2002. 

[17] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; p. 173; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[18] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[19] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[20] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[21] Pereira, I., S. J.; Dicionário Grego-Português e Português-Grego; 6ª ed.; Livraria Apostolado da Imprensa; Porto; 1984.

[22] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[23] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[24] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[25] Cf. Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[26] Cf. Martini, C. M.; O Itinerário Espiritual dos Doze no Evangelho de Marcos; 2ª ed.;  Edições Loyola; SP; 1988.

[27] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[28] Datler, F., svd; Sinopse dos Quatro Evangelhos; 3ª ed.; Ed. Paulinas; 1986.

[29] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[30] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[31] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 61; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[32] Cf. Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[33] Mazzarolo, I.; A Bíblia em suas Mãos; p. 128; 6ª ed; Mazzarolo Editor; RJ; 2002.

[34] Cf. Mazzarolo, I.; Evangelho de São Mateus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2005.

[35] Lucas, a Antropologia da Salvação; p. 13; 2ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[36] Schmid, J.; El Evangelio Según San Marcos; p. 61; 1ª ed.; Editorial Herder; Barcelona; 1967.

[37] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 61; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[38] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; p. 172; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[39] Mazzarolo, I.; A Bíblia em suas Mãos; p. 125; 6ª ed; Mazzarolo Editor; RJ; 2002.

[40] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 60; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[41] Mazzarolo, I.; A Bíblia em suas Mãos; p. 128; 6ª ed; Mazzarolo Editor; RJ; 2002.

[42] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 61; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[43] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[44] Cf. Frosini, G.; A Teologia Hoje; 1ª ed.; Editorial Perpétuo Socorro; Vila Nova de Gaia; 2001.

[45] Bíblia Tradução Ecumênica; nota c; Edições Loyola; SP; 1994.

[46] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 61; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[47] Cf. Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[48] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 62; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[49] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 62; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[50] Bíblia de Jerusalém; nota c; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[51] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; p. 173; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[52] Cf. Martini, C. M.; O Itinerário Espiritual dos Doze no Evangelho de Marcos; 2ª ed.;  Edições Loyola; SP; 1988.

[53] Bíblia de Jerusalém; nota b; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[54] Cf. Martini, C. M.; O Itinerário Espiritual dos Doze no Evangelho de Marcos; 2ª ed.;  Edições Loyola; SP; 1988.

[55] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; p. 172; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

[56] Sugiro ver também no Capítulo 3 “Breve História da Teologia”, a parte I. A “Teologia originante” das primeiras comunidades cristãs”, de Libanio, J. B., Murad, A.; Introdução à Teologia – Perfil, Enfoques, Tarefas; 5ª ed.; Edições Loyola; SP; 2005.

[57] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 63; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[58] Bíblia de Jerusalém; Ed. Paulus; 3ª impressão; SP; 2004.

[59] Bíblia Tradução Ecumênica; nota d; Edições Loyola; SP; 1994.

[60] Bíblia Sagrada; Ed. Vozes; 49ª edição; RJ; 2004.

[61] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 63; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[62] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 64; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[63] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 65; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[64] Mazzarolo, I.; Evangelho de Marcos – Estar ou não com Jesus; p. 62; 1ª ed.; Mazzarolo Editor; RJ; 2004.

[65] Libanio, J. B., Murad, A.; Introdução à Teologia – Perfil, Enfoques, Tarefas; p. 112; 5ª ed.; Edições Loyola; SP; 2005.

[66] Cf. Frosini, G.; A Teologia Hoje; 1ª ed.; Editorial Perpétuo Socorro; Vila Nova de Gaia; 2001.

[67] Myers, C.; O Evangelho de São Marcos- Grande Comentário Bíblico; 1ª ed.; Ed. Paulinas; SP; 1992.

 

 

 

 

Susana Aparecida Zanella é Teóloga, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É Irmã Paulina.

   
 

ADÍLIO JORGE MARQUES (BRASIL)
Doutor em História das Ciências e Epistemologia
 

 

 

© Maria Estela Guedes
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