REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número 19-20

   

 

ÁLVARO ALVES DE FARIA

 

Três sentimentos em Idanha

  

Seleção de alguns poemas do livro: «Três sentimentos em Idanha
e outros poemas portugueses»

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Dir. Maria Estela Guedes  
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TRÊS SENTIMENTOS EM IDANHA

  1.
 

Pois que no olho dessa ovelha está minha vida

não sei dizer das minhas palavras a frase certa

mas o verso de minha existência

no olho dessa ovelha que me olha em sua volta

como se a conhecer-me de outra vida

essa que habitei nas Primaveras

por estas casas de pedra e o céu tão branco como a luz

este silêncio que corta a noite

a colina tão ampla de tantas distâncias feita

o amanhecer tão nítido na asa dessa ave

a despertar o dia no esquecimento.

 

Meu pai está ali sentado

ao pé da porta da casa como se a me esperar

com seu paletó escuro e sua gravata antiga

como se a saltar de uma fotografia e comigo se deparasse

num abraço escondido no bolso

seu cajado como a de um pastor a olhar as horas

na relva úmida da manhã.

 

Meu pai está ali sentado a olhar-me

não fala as palavras que me ensinou

nem acena o aceno que me tinha

talvez me guarde entre os dedos num afago das mãos

e do lado esquerdo deixe escorrer silencioso o tempo

como se a me aguardar aqui em Idanha

eu pastor de mim a caminhar comigo em minha volta

a procurar-me ainda

que não me busco só para viver

mas para caminhar pressentimentos.

 

 

A planície se estende quase azul onde o verde termina

passageiro em meus sapatos

aqui

onde nasce o sonho porque a vida se abre

é só saltar pelos telhados escuros destas casas

e se deixar dentro da terra

raiz da vida

onde vivem os passos passados

e os pés de uva.

   
  2.
 

Pois que neste caminho

a andar à tarde

como se a colher das ovelhas os rumos das montanhas

 

 

eis que

neste caminho

a percorrer igrejas e pátios

nas aldeias de meu pai

neste caminho

neste altar

 

 

pois aqui

encontro a Senhora do Almortão

e com ela saio

a caminhar no mais fundo de mim

onde não me encontro mais

a cantar com ela a reza do povo

 

 

a cantar com ela modinhas

que me ensinou a infância

quando o olhar ainda não pressentia

o som das horas no tecido tênue da face

o nascer da vida e o que estava por vir

 

 

a cantar com ela

a Senhora do Almortão Virgem Santa mãe de Deus

nestas pequenas ruas de Idanha

seu vestido talvez amarelo quase verde branco talvez azul

da cor do céu e das nuvens da lã dos carneiros

os olhos brilhantes Senhora

e essa coroa de um ouro que não conheço

essa mão de beleza feita

como se tudo fosse da tarde

esse manto de estrelas distantes

 

a cantar com ela

a Santíssima Virgem

Senhora do Almortão

a caminhar sandálias dos pastores que me guardam.   

 

Com a Senhora ando

a poesia que me espanta e salta da terra

com ela a cantar entre as vilas

chapéus que cobrem os presságios

os olhos ternos destes homens

como os cabelos das mulheres

guarda-chuva da espera

a cantar com ela

entre as crianças e as planícies

 

 

Senhora do Almortão

Para lá vou eu agora

O meu coração cada dia

Minha alma a toda hora.

 

 

com ela saio de mim em tanta distância

no que de ausência trago na boca

por minha terra  no destino de meus sapatos

em minha busca

porque está aqui a minha essência

meu nascimento para a vida a calar nas aves

o que do vôo me interrompe

este poema que me percorre

e comigo se deixa ficar

Senhora

como se fosse sempre assim

o que haverá um dia de ser

entre o esquecimento e a palavra

o gesto e a planície

a colina que se estende à minha frente

vida de meu lugar

onde me renasce o sonho

que talvez

seja ainda possível sonhar.

   
  3.
 

Sempre será preciso partir

como se a cortar o áspero sentido do poema

como se fosse assim um pouco de morrer.

 

Há dois anjos a guardar este altar em que me vejo 

parte de mim não está mais no meu corpo

esta igreja que agora me povoa

o olhar desses anjos parecidos divinos

serão anjos que talvez não saiba lhes dizer a sina

como se a voar como as cegonhas a fazer seus ninhos

que seja o verso mais longo que me tenha

desses que ultrapassem todas as palavras

 

 

que seja essa procissão de meu passado a encomendar as almas

que me possa caminhar entre as ruínas dos castelos

que me veja nas pedras e nas ruas

que me descobrem na face de Portugal.

 

A noite é tão espessa que densa se faz a dança

que denso se faz o deus do encanto

a dúvida e a dádiva

o desejo de me deixar depois em mim deserto

que denso desgosto sinto

a me dormir em mim dono que não me sou

nem me desperto a dor que dói a deslizar

talvez destinos

os domingos adormecidos

meu dote dolorido no dia derradeiro. 

 

Sempre haverá esse momento de partir

a cortar no peito como se fosse uma espada

que se fere à sombra que não se conhece

como se a espreitar a tarde que finda.

 

Sempre será preciso partir:

atrás de mim

vejo as pedras das montanhas

um risco vermelho no céu

como se estivesse sempre a nascer na pele

de uma campina

essa música que me adormece

no avental branco de minha mãe.

 

 

Talvez me ajoelhe nesta igreja e me reze por dentro

o que nunca soube rezar

a palavra que escorre pela madeira dos bancos

no chão de pedra

pequena sala de infortúnios e pedidos de perdão

de tantas juras de amor

confissão de meus pecados

desses que não cometi

e que cometo sempre

nesta igreja

onde agora me observo por dentro de mim

onde a alma não reside mais.

 

Sempre será preciso partir

como se num dia a abrir a janela

e caminhar lento pelas ruas

como se fosse a última vez.

 

O olhar não alcança o dia.

É preciso fechar o tempo como se fecha uma casa.

Depois será preciso calar o que se sente

para que tudo se complete

que seja esse sentimento de ficar aqui

a rodopiar as imagens

memória de tudo onde me guardo

gaveta de mim que não me sei

que nunca me saberei.

 

  AQUELE HOMEM
 

Sou aquele homem que não voltou,

que saiu de casa ao amanhecer

e se perdeu para sempre.

 

Sou aquele homem da fotografia na parede

da casa fechada por dentro.

 

Sou aquele homem que inventou a tarde,

mas não viu anoitecer.

 

Sou aquele homem que se perdeu sem saber.

 

Aquele que não soube nunca,

sou aquele que não soube.

 

Sou aquele homem que desapareceu,

aquele que acreditou,

e ao se ausentar de si mesmo

sentiu o vazio absoluto de todas as coisas.

 

Sou aquele homem que se foi

e quando pensou em voltar

não tinha mais tempo,

era tarde demais.

 

Sou aquele homem que se desfez

depois de enlouquecer

e enlouquecido

tentou refazer o seu destino.

 

Sou aquele homem que engoliu

um rio

e se afogou adormecido.

 

Aquele que falou sozinho

diante do espelho

se vendo do avesso.

 

 

Sou aquele homem que falava com as pedras

palavras desesperadas

que saltavam da boca

como gafanhotos doentes.

 

Aquele homem que conversava com os santos

numa igreja sem portas

e que dizia silêncios

em sílabas de gesso.

 

Sou aquele homem que numa imagem poética

enfiou um punhal no coração

como um poeta romântico do século 18.

 

Sou aquele homem quase lírico

que chamava os pássaros

para uma ceia de sementes.

 

Aquele homem que rezava

com os anjos expulsos do céu,

sem saber que eu estava

expulso de mim.

 

Sou aquele homem que amou 30 mulheres

e matou-se por amor 29 vezes.

 

Sou aquele homem que ao jogar xadrez

fugiu com a Rainha

para um castelo medieval.

 

Aquele que diante de Deus

pediu para ser destruído,

mas como castigo deixou-me viver mais.

 

Sou aquele homem que amou

            mulheres de porcelana,

            com sexo de porcelana,

            boca de porcelana,

            beijo de porcelana,

            língua de porcelana.

 

 

 

Sou aquele homem de porcelana

que se quebra como uma xícara

que cai da mesa.

 

Sou aquele homem que saiu para dar uma volta

e esqueceu de regressar.

   
  OCO
 

Tenho pensado em desatinos,

como por exemplo

matar todos os poemas

de todos os livros do mundo,

palavra por palavra,

sílaba por sílaba,

deixando só uma coisa oca no lugar,

o poema mais perfeito.

   
  ALMA
 

Tudo vale a pena

quando a alma diminui

            seu tamanho natural,

assim reduzida em sua forma.

            Tudo vale a pena

quando a alma escapa

e no seu delírio ama

            a possibilidade de sua vida,

assim pequena,

            tão frágil alma

que não cabe numa xícara

ou num cálice que se quebra,

essa alma sem começo

e sem fim em seu destino.

Tudo vale a pena

quando a alma

no fundo rigor de sua pena

            fica sem Deus. 

   
  SOMBRAS
  1.
 

A ave

que na árvore adormece voará pela manhã enquanto houver manhã para voar,

já eu,

poeta de última hora despojado de mim, voo com três anjos escondidos,

que em pecados se perderam diante da justiça de deus,

e condenados para sempre permanecem nos cantos mais escuro das casas

e do mundo,

como se escondidos da fúria divina pudessem viver.

 

Já eu,

poeta nas horas vagas e ausentes, apagadas nos relógios,

voo com trinta anjos desconhecidos que, perdidos, procuram pelas chuvas

com asas feridas, mas encontram o desespero.

quando então renasce a manhã.

 

A ave

que na árvore adormece

sai em busca das raízes, aquelas engolidas pela terra,

como as mãos que se perdem num aceno,

essa ave então retorna de seu voo como se regressasse à vida,

mas o tempo é incerto.

 

Já eu,

poeta dos instantes aflitos, tento me perdoar dos crimes que cometo

contra mim,

essa ave

que na árvore adormece

e que espera seu voo derradeiro

para assim completar o meu destino.  

   
  2.
 

Encho de pedras os bolsos de meu casaco

para atirar-me num rio de sombras para sempre, onde nas águas vejo meu rosto,

um corte melancólico que me faz lembrar das coisas que desapareceram,

e em mim renascem como facas e lâminas que separam meus dedos em pedaços.

 

Basta apenas pular e me deixar levar como se nada tivesse acontecendo,

assim a calar-me cada vez mais por dentro, até que de mim desaparecesse para sempre,

deixando em meu lugar aquela fotografia que não houve e o poema que não foi escrito.

 

No entanto, as pedras me guardam em silêncio porque agora participam de mim,

no próprio naufrágio que me imponho a costurar minha pele com essa agulha

que mais fere o ferimento aberto para meu universo mais íntimo:

não haverei de me revelar e saltarei nas águas com um livro qualquer,

dos que deixei de escrever quando as imagens ainda eram nítidas,

de um tempo em que eu falava com os anjos e comia com eles pão e avelãs,

antes que voássemos a noite que nos batia na face.

 

Não escrevi poema nenhum

e a poesia neste instante são as pedras no bolso de meu casaco.

Comigo afundarão duas cartas que não deixei

e duas ou três estrelas que fiz de pedaços de espelhos

onde minha sombra se deixa morrer.   

   
  3.
 

As palavras desaparecem, lápides de si mesmas, como se numa planície,

foram-se como vêm às chuvas e os temporais, num instante que não se percebe,

então fica o lábio partido, vidro que se trinca, a pintar silabadas de sangue,

como exclamações desnecessárias, mas definitivas, porque quando termina a vida

os poetas não sabem dizer qualquer palavra de significado, das mais sem importância,

daquelas que surgem na boca com um gafanhoto em cima de uma folha,

os olhos dois pontos verdes escuros e observam o mundo,

pequena sala de pressentimentos e coisas ausentes, as mãos cortadas,

a ostra que se esconde onde não chega o sal das águas

e este percorrer silêncios nas sombras do que não é,

aquele envolver-se na terra como as raízes mais intensas

que se perdem entre as conchas do ferimento.

 

Senhora do mar, nas sombras da Ilha de São Miguel,

deixa-me falar com Deus por esta necessidade de me arrepender,

para que faça da palavra morta o que ainda se pode viver.

Deixa-me, Senhora do mar, aqui diante das águas que me emudecem

reinventar meus gestos perdidos para sempre

no exato instante em que tudo se perdeu.

 

Deixa-me, Senhora do mar, olhar-te nos olhos apagados das imagens,

para que possa em mim acender o dia

nesse calendário que se volta para trás.

   
  AS ÁGUAS DO RIO
 

Ao molhar os pés nestas águas,

percebo este mergulho que me dou,

assim submerso em mim mesmo,

como se a ferir-me da existência

para salvar-me não sei do quê.

 

São as águas deste rio que cortam

            Coimbra ao meio,

como se fosse Coimbra um pedaço

            de pão com azeite

que se põe à mesa ao anoitecer.

 

Neste gesto de molhar os pés

está o significado das vidas que me habitam,

um aceno grave que grava minha face na pele.

 

Parco é o sinal em que me adivinho,

uma linha que me divide

            diante do espelho,

o que é

e o que ainda está por ser.

 

Nestas águas sinto também

            o telhado das casas

            a escorrer chuvas antigas

             manchadas do musgo das paredes.

 

O Mondego vive mais à noite,

quando as águas recebem a luz das janelas

e respiram os peixes tardios.

Lento vai ao seu destino,

            onde molho meus pés,

            como se assim me completasse

            inteiro em mim,

            a morrer por necessário.

   
  MEMÓRIA
 

Sou aquele homem que esqueceu:

 

faz trinta anos que estou parado

num período do tempo

que não sei,

embora antes colecionasse relógios.

 

Colecionador de relógios,

passava os dias observando os pássaros.

 

Sou aquele homem que esqueceu:

 

caminho agora no quarto

cm círculos que não terminam.

 

Esquecido,

corro pelas brumas

em busca de cavalos

que nunca encontrei.

 

Sou aquele homem que se perdeu:

 

Foi talvez numa paisagem noturna

ou numa cidade que nunca conheci.

 

Nesse tempo

eu plantava cerejeiras

e colhia a água dos rios.

 

Sou aquele homem que morreu:

 

apaguei as janelas da minha casa

e me tranquei por dentro

como se assim pudesse

livrar-me de mim.

 

Sou aquele homem

que pulou do décimo andar:

 

nesse tempo eu olhava as aves

que faziam ninhos nas igrejas

e delas recebi as asas

que precisava para voar. 

   
  SACERDOTE
 

Quando eu pensei em ser padre,

Deus não precisava ser temido por ninguém.

 

Depois desisti,

sem saber exatamente porquê.

 

A freira que ia casar-se comigo se matou

numa sexta-feira da Semana Santa.

 

Joguei então minha batina no fogo

que também me consumiu.

 

Então virei santo,

mas ainda não fiz nenhum milagre,

tenho muito a aprender.

   
  DA PEDRA, DA PALAVRA
 

Porque dos sentidos de uma solidão de pedra pode-se tirar uma palavra,

daquelas esquecidas nos livros que falam com a página a linguagem dos mágicos,

como se assim se revelassem ao mundo de suas sombras,

mas não há significado algum nessa tentativa de dizer-se,

já que a morte se espeta nos objetos e cerca as portas e as janelas,

paredes que dividem o nada, espectro do espectro, espelho do espelho,

onde as faces se misturam e se deixam desenhar com a nitidez das águas.

 

O poema há de ser longo, mas sem palavras,

como se não houvesse em sua própria circunstância,

como se assim se pudesse melhor compreender silêncios e cortes.

 

Está na pedra, na alma da pedra, a alma da pedra.

Está nela, dura como ela própria, pedra de outro tempo,

da palavra áspera na rudeza da boca,

um ferimento que se abre sempre,

quando a noite inicia seu percurso de sombras inesperadas.

 

Então assim se compreende essa alma que cada dia some mais,

até desaparecer para sempre dentro do corpo

e de dentro do corpo saltar para o universo de todas as coisas,

a palavra que cala, a voz do silêncio que fala.    

   
  A MULHER DA RUA DE SÃO NICOLAU
 

Essa mulher que vende castanha

na rua de São Nicolau, em Lisboa,

não sabe que daqui

vejo despir-se sua alma.

 

Essa mulher que vende castanhas

            na rua de São Nicolau

é também costureira,

dá-me essa certeza sua mão esquerda

que mexe nas castanhas

como se tecesse uma toalha.

 

Dá-me essa certeza

o detalhe do seu dedo do meio,

que ao cortar a casca,

risca com a unha

esse pele que se abre

e mostra o fruto branco

ao calor do carvão que queima.

 

Também nessa mulher que despe sua alma

a vender castanhas na rua de São Nicolau,

vejo um navegante

que sai pelo mar adentro

a calar as estrelas que vivem no fundo das águas.

 

Vejo nessa mulher

que vende castanhas nesta rua de Lisboa,

vejo nela

uma mulher que se desconhece

e se fala palavras que não ouve,

assim a vender castanhas

para o frio,

como se estivesse ela

ao pé de uma tabacaria

a conversar com Álvaro de Campos.

 

Nessa mulher que vende castanhas,

vejo um rosto que não esquecerei

e dela guardarei as palavras que não me diz,

como se me conhecesse há muito tempo,

o que a torna íntima

a tratar-me com o zelo de seu silêncio.

 

Dessa mulher guardarei

o lenço que traz na cabeça,

seus olhos escuros

            como sombras

que escondidas se deixam

na rua de São Nicolau,

            em Lisboa,

perto do rio Tejo

            onde me deixo ficar

            para sempre.

   
  ESPELHO MEU
 

Diga-me espelho meu:

há no espaço da minha cara

alguém que chora como eu ?

 

Diga-me espelho meu:

há no universo de minha alma

algum pecado que não seja meu ?

 

Diga-me espelho meu:

há na minha rua

alguém que comigo se perdeu ?

 

Diga-me espelho meu:

está entre os sonhos da Poesia

o meu sonho que morreu?      

   
  FINAL
 

Ponho fim à vida,

em legítima defesa.

 

 

 

 

Álvaro Alves de Faria, poeta, escritor e jornalista brasileiro. Filho de pais portugueses. Seu pai, Álvaro, de Angola; sua mãe, Lucília, de Anadia. Vive em São Paulo, onde nasceu. Autor de mais de 50 livros, entre romances, novelas, livros de entrevistas literárias, ensaios, crônicas, além de peças de teatro. Mas é fundamentalmente poeta. Uma das vozes mais conceituadas da Geração 60 da Poesia Brasileira. No Jornalismo, desde jovem, sempre foi combativo, o que lhe causou sérios problemas na carreira. Editor de um suplemento cultural na ditadura brasileira, era obrigado a ter ao seu lado, no encerramento, um censor da Polícia Federal. Fora os assuntos políticos, sempre se dedicou, também, ao jornalismo cultural, com intenso e reconhecido trabalho em defesa do livro. Considera-se um poeta português. Por declamar poemas no centro da cidade de São Paulo, com microfone e alto-falantes, foi preso cinco vezes como subversivo. Escreve e interpreta sátiras políticas e de comportamento na TV da Rede Jovem Pan-SAT, (Rádio Panamericana) em São Paulo, na qual é também editorialista do Departamento de Jornalismo. Escreve e desenha uma história em quadrinhos que tem como personagem um passarinho, Pintim, no Portal da emissora. Assina o “Blog do Poeta”, no mesmo site, que já recebeu mais de 1 milhão de acessos. Vem publicando livros em Portugal desde 1999. Diz, veio para Portugal em busca da poesia que lhe falta no Brasil. Seus livros de poesia publicados em Portugal são: "20 poemas quase líricos e algumas canções para Coimbra" (A Mar Arte, 1999), "Poemas Portugueses" (Alma Azul, 2002), "Sete Anos de Pastor" (Palimage,2005), “A Memória do Pai” (Palimage, 2006), “Inês” (Palimage, 2007), “Livro de Sophia” (Palimage, 2008), e pela Editora Temas Originais “Este gosto de Sal – Mar Português” (2010) e a novela “Cartas de Abril para Júlia” (2010). Este novo livro “Três sentimentos em Idanha e outros Poemas Portugueses” representa mais uma afirmação da poesia desse poeta brasileiro que, essencialmente, se liga à vida e à condição existencial do ser humano.

 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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