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O olhar é um peixe-caniço que
pesca a si mesmo.
A lua que guarda em seu íntimo é
um jogo de escamas amontoadas como filtros com seu plano secreto de
vertigens.
O peixe ali refletido com suas
asas não conhece beleza ou fealdade.
Ao tecer as visões com que
alimenta o próprio mito finca uma pluma no centro de cada forma ungida
com sua saliva.
As sete cores saltam de um abismo
a outro acariciando o vento em sua nuca repleta de miragens.
O olhar é o espectro da dança que
improvisa enquanto masca a essência da metamorfose.
O reino de suas evidências é a
sala de brinquedos da inocência.
As crianças ali reunidas não
distinguem quando são peixes ou aves.
Através delas o homem desvenda a
si mesmo em meio aos vislumbres do sonho e da realidade.
Foi quando as vi dançar na praça
flutuante a velejar por entre as montanhas equatorianas que reaprendi o
que sempre fui. |
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Floriano
Martins (Fortaleza, 1957)
Poeta, ensaísta,
tradutor, editor e artista plástico.
Participou das seguintes mostras
coletivas:
“O surrealismo”
(Escritório de Arte Renato Magalhães
Gouvêa, São Paulo, 1992),
“Lateinamerika und der Surrealismus”
(Museo Bochum, Köln, 1993), “Collage
- A revelação da imagem” (Espaço
expositivo Maria Antônia/USP, São
Paulo, 1996), e “I
Muestra Internacional de Poesía
Visual y Experimental” (Escuela de
Artes Plásticas Armando Reverón,
Caracas, 2009). Em 2005, participou
como “artista convidado” da edição #
17 da Agulha – Revista de Cultura,
com uma mostra de 50 colagens.
Assina diversas capas de livros seus
e de outros autores. Em maio de 2000
realizou o espetáculo Altares do
Caos (leitura dramática
acompanhada de música e dança), no
Museu de Arte Contemporânea do
Panamá. Um ano antes também havia
realizado uma leitura dramática de
William Burroughs: a montagem
(colagem de textos com música
incidental), na Biblioteca Mário de
Andrade, em São Paulo. Em 2006, a
mostra Teatro Impossível,
reuniu leitura de poemas, canções,
colagens e fotografias (Centro
Cultural Banco do Nordeste,
Fortaleza). Espetáculo similar
realizou em 2009, durante o Festival
Internacional da Cultura (Colombia).
Esteve presente em festivais de
poesia em países como Chile,
Colômbia, Costa Rica, República
Dominicana, El Salvador, Equador,
Espanha, México, Nicarágua, Panamá,
Portugal e Venezuela. Coordena a
coleção “Ponte Velha”, de autores
portugueses, da Escrituras Editora.
Em 2009, publicou os seguintes
livros:
A alma desfeita em
corpo
(poemas,
Lisboa), Fuego en
las cartas (antologia poética,
Espanha),
A inocência de Pensar
(ensaios, Brasil) e
Escritura
conquistada.
Conversaciones con
poetas de Latinoamérica.
2 tomos (entrevistas, Venezuela).
CONTATO:
floriano.agulha@gmail.com |