REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número 18

 

O olhar é um peixe-caniço que pesca a si mesmo.

A lua que guarda em seu íntimo é um jogo de escamas amontoadas como filtros com seu plano secreto de vertigens.

O peixe ali refletido com suas asas não conhece beleza ou fealdade.

Ao tecer as visões com que alimenta o próprio mito finca uma pluma no centro de cada forma ungida com sua saliva.

As sete cores saltam de um abismo a outro acariciando o vento em sua nuca repleta de miragens.

O olhar é o espectro da dança que improvisa enquanto masca a essência da metamorfose.

O reino de suas evidências é a sala de brinquedos da inocência.

As crianças ali reunidas não distinguem quando são peixes ou aves.

Através delas o homem desvenda a si mesmo em meio aos vislumbres do sonho e da realidade.

Foi quando as vi dançar na praça flutuante a velejar por entre as montanhas equatorianas que reaprendi o que sempre fui.

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Dir. Maria Estela Guedes  
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FLORIANO MARTINS

 

Sete bailarinas

                                                                  
   
 
 
 
 

 

 

Floriano Martins (Fortaleza, 1957)
Poeta, ensaísta, tradutor, editor e artista plástico. Participou das seguintes mostras coletivas:
“O surrealismo” (Escritório de Arte Renato Magalhães Gouvêa, São Paulo, 1992), “Lateinamerika und der Surrealismus” (Museo Bochum, Köln, 1993), “Collage - A revelação da imagem” (Espaço expositivo Maria Antônia/USP, São Paulo, 1996), e “I Muestra Internacional de Poesía Visual y Experimental” (Escuela de Artes Plásticas Armando Reverón, Caracas, 2009). Em 2005, participou como “artista convidado” da edição # 17 da Agulha – Revista de Cultura, com uma mostra de 50 colagens. Assina diversas capas de livros seus e de outros autores. Em maio de 2000 realizou o espetáculo Altares do Caos (leitura dramática acompanhada de música e dança), no Museu de Arte Contemporânea do Panamá. Um ano antes também havia realizado uma leitura dramática de William Burroughs: a montagem (colagem de textos com música incidental), na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Em 2006, a mostra Teatro Impossível, reuniu leitura de poemas, canções, colagens e fotografias (Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza). Espetáculo similar realizou em 2009, durante o Festival Internacional da Cultura (Colombia). Esteve presente em festivais de poesia em países como Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Equador, Espanha, México, Nicarágua, Panamá, Portugal e Venezuela. Coordena a coleção “Ponte Velha”, de autores portugueses, da Escrituras Editora. Em 2009, publicou os seguintes livros: A alma desfeita em corpo (poemas, Lisboa), Fuego en las cartas (antologia poética, Espanha), A inocência de Pensar (ensaios, Brasil) e Escritura conquistada. Conversaciones con poetas de Latinoamérica. 2 tomos (entrevistas, Venezuela).
CONTATO: floriano.agulha@gmail.com

 

 

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