REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número 12

 

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO

 

A garlopa de Cesário em Janeiro 

 

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Maria Estela Guedes  
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Também eu gostava de ficar na oficina

A escolher as ferramentas da herança

Uma plaina é uma garlopa pequenina

Uma enxó é quando o desbaste avança

 

Na asa ou punho a minha mão fechada

Conduz a ferramenta o som duma canção

Também distingo uma garlopa calçada

No seu rasto guarnecido a chapa de latão

 

Também vejo o pó da poesia na madeira

O guilherme com a sua pouca espessura

Pode ajudar-me a aplainar esta canseira

No rasto convexo as mechas e a abertura

 

As aparas caem no chão da nossa vida

A garlopa alisa estas tábuas de Janeiro 

No poema ouço uma voz meio sumida

Do meu avô que foi poeta e carpinteiro

   
 

 

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO (Santa Catarina, Caldas da Rainha,1951).
Prêmio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores. Colaborou no Dicionário Cronológico de Autores Portugueses do Instituto Português do Livro. Poeta. Possui uma antologia da sua poesia publicada no Brasil. Jornalista, colaborou entre outros em "A Bola", "Jornal do Sporting", "Remate", "Atlantico Expresso"... Autor de "Universário", "Jogos Olímpicos", "Iniciais", "Os guarda-redes morrem ao domingo", etc., bem como de antologias como "O trabalho", "O desporto na poesia portuguesa e "As palavras em jogo", entre outras. É secretário da Associação Portuguesa de Críticos Literários.
Vive em Lisboa.
Contacto: jcfrancisco@mail.pt
 

 

 

© Maria Estela Guedes
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