|
|
|
REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
Nova Série | 2011 | Número 10
|
|
Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.
A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde,
cor mais bela, porque é a cor da esp ‘rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança...
Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!
Amílcar Cabral, «Regresso». Antologia
Poética da Guiné-Bissau |
|
|
|
|
DIREÇÃO |
|
Maria Estela Guedes |
|
Índice de Autores |
|
Série Anterior |
|
Nova
Série | Página Principal |
|
SÍTIOS ALIADOS |
|
TriploII - Blog do TriploV |
|
TriploV |
|
Agulha Hispânica |
|
Bule,
O |
|
Contrário do Tempo, O |
|
Domador de Sonhos |
|
Filo-Cafés |
|
Jornal de Poesia |
|
|
|
|
Foto: Ed. Guimarães |
|
MARIA ESTELA GUEDES
Associação Portuguesa de Escritores (APE) .
Instituto S. Tomás de Aquino (ISTA).
A propósito de Chão de Papel
MEMÓRIAS DE UMA ADOLESCENTE DOS ÚLTIMOS ANOS DE
COLONIALISMO NA GUINÉ-BISSAU |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
1. Escrever memórias |
|
|
|
Chamava-se Guiné Portuguesa a colónia em que vivi a
minha adolescência. Nesse tempo, para iludir problemas com directrizes
internacionais anti-colonialistas, o governo de António de Oliveira
Salazar, ministro responsável por uma ditadura de quarenta anos, tinha
substituído por «províncias» a designação «colónias». A então província
da Guiné Portuguesa localiza-se na África ocidental, frente ao
arquipélago de Cabo Verde. A norte faz fronteira com o Senegal e a sul
com a Guiné-Conakry.
Diferentemente do Brasil e de Angola, não havia nem
há diamantes nem ouro na Guiné. O país é pobre, pelo menos enquanto não
começar a beneficiar da exploração de petróleo. A sua riqueza maior é a
população, amistosa e pacífica, distribuída por cerca de trinta etnias,
num território de menos de 37.000 quilómetros quadrados.
O maior diamante é ainda Amílcar Cabral (1924-1973),
fundador do PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde. Como o nome indica, na origem o partido tinha em mente
formar um único país com as duas colónias.
Em tempos remotos, Guiné e Cabo Verde foram uma só área administrativa.
Eis um provável motivo para o assassínio de Amílcar Cabral, por aqueles,
entre os seus companheiros, de origem mais radicalmente africana, que
não desejavam ficar sob a tutela dos cabo-verdianos. Depois da morte do
líder, a independência chegou, mas constituiram-se dois distintos
países. Homem sensível, poeta, intelectualmente superior, como nos deixam
perceber os seus escritos, Amílcar Cabral continua a ser o mentor
político dos bissau-guineenses mais fundamente preocupados com o destino
do país. É o caso de uma figura que mencionarei várias vezes na minha
intervenção, o Didinho. O Didinho, aliás Fernando Casimiro, poeta
também, lidera o projeto Contributo, que tem voz na Internet, em
www.didinho.org . «O meu partido é a Guiné-Bissau», diz ele. No site do
Didinho aprendemos, sobre a Guiné-Bissau, desde a política à poesia. E
ele mesmo se encarrega de assinar textos que revelam ideias políticas
democráticas, assentes em bases éticas muito fortes, a contrariarem o
estado de degradação atual do país. Vamos apoiá-lo, a ver se alcança
meios que lhe permitam contribuir para tornar a Guiné-Bissau um país
desenvolvido e democrático. Ora, o que sobre Amílcar Cabral vemos no site do Didinho é que existem
suspeitas fortes de que a sua morte, em 1973, em Conakry, se deveu à
acção de Nino Vieira.
Sobre a morte de Nino Vieira leram um poema em «Chão de Papel». Na
altura em que o escrevi, em cima dos acontecimentos que estavam a ser
noticiados na televisão, não se sabia ainda o que se pode saber agora:
que essa morte foi horrenda, Nino foi abatido com uma catanada na cabeça
e esquartejado a seguir. A Guiné-Bissau, hoje, está infelizmente um
caos, dominada pelos militares, e estes pelos narcotraficantes
sul-americanos. É neste quadro que se insere a morte do homem que foi
três vezes presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo
Vieira, mais conhecido por Nino Vieira, cujo nome de guerra é Kabi
Nafantchamna (Bissau, 27 de abril de 1939 — Bissau, 2 de março de 2009).
O estado de ruína moral e económica em que se encontra a Guiné-Bissau
leva a que os escritores formem um só corpo na resistência ao inimigo, e
demonstrem consciência de que são eles a principal base a fornecer uma
ética, uma cultura, uma dimensão de nobreza à nação que ainda se está a
formar. Atentos, reagem com uma literatura crítica e de denúncia,
simultaneamente criadora da base moral e cultural em que deve assentar a
nação. Não há muitos escritores na Guiné-Bissau, e os que há são
sobretudo poetas, como Odete Costa Semedo, Amílcar Cabral, Tony Tcheka,
Domingas Samy, Helder Proença, Félix Sigá, Francisco Conduto, e alguns mais
cujo nome hei de mencionar. Na narrativa e dramaturgia um nome impõe-se,
de notável escritor, Abdulai Sila, com obras de grande poder
simbolizante e dramático, como o romance Mistida e a peça de teatro As
orações de Mansata.
Os escritores vigiam de perto os acontecimentos, prontos a partir para a
luta, mesmo vivendo na diáspora. Essa vigilância é notória em “Sintinela
ka ta durmi”, de Didinho, em que o sujeito se assume como sentinela que
não dorme toda a noite, para proteger a sua mamé, a sua terra-mãe. A
ação que tem desenvolvido já lhe valeu ameaças de morte, e é bem
provável que Fernando Casimiro só se mantenha vivo por morar em
Portugal. Vamos ouvir um fragmento do poema na língua guineense, o
crioulo:
N´misti durmi nha Guiné nha terra nha mamê
nha dunu nha kassabi nha sabura pidin pan finka udju nel i kil gora N´na sintinela ka ta durmi... Didinho,
Sintinela ka ta durmi
Como Fernando Caisimiro, outros escritores vivem em perigo constante,
tendo nós por isso de atentar na sua coragem e na dimensão de heroísmo
que move a literatura bissau-guineense. Perante estas dominantes
nacionais, as questões estritamente literárias perdem importância,
tornando-se luxos de sociedades ricas. Filomena Embaló faz no entanto
notar que, em fase recente, a poesia passou a apresentar um cariz mais
intimista. Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, na Guiné, de
pais caboverdianos. A sua
poesia refere-se sobretudo a Cabo Verde, como em «Regresso», que pus em
epígrafe. Já sabemos
que o ideário de Amílcar Cabral impunha um só país a formar, com a união
de Guiné e Cabo Verde.
Amílcar Cabral é um dos temas mais recorrentes da poesia da
Guiné-Bissau, dominada como é pela questão nacional. Por isso, aqui e
ali deparamos com poemas que lhe são dedicados. Seja exemplo «Camarada
Amílcar», de Agnello Regala. O poema vem marcado pelos estereótipos da
cultura comunista, visto que os movimentos de libertação africana
seguiam essa ideologia e eram apoiados por Cuba e pela antiga União
Soviética:
No chão vermelho Do teu sangue, Camarada, Caem como gotas de orvalho As lágrimas sinceras da dedicação. As flores da nossa luta Que tu com carinho plantaste Estão a desabrochar Em gargalhadas infantis. E descansa que não secarão. Serão sempre regadas Com o nosso suor e sangue, Serão sempre alimentadas Pela força da nossa vontade. E serão, camarada Amílcar, Serão livres... livres... Livres como as gargalhadas que soltam Livres como o sol do nosso hino, Livres como o vento que desfralda A nossa bandeira, Livres, como a liberdade com que sonhaste. E assim camarada, E assim Uns chegam ao fim, Mas outros ficam pelo caminho Não por desfalecimento, Mas pelo seu valor e coragem. Agnello Regalla,
«Camarada Amílcar», Antologia Poética da Guiné-Bissau
Antes de passar às memórias pessoais, com Chão de Papel, há que
mencionar José Carlos Schwarz (1949-1977), um seguidor de Amílcar
Cabral. Combateu no mato pela independência, e não só na poesia. Figura
mítica na cultura guineense, José Carlos é conhecido sobretudo na área
da música. Podem ouvi-lo no YouTube e no MySpace. Didinho abriu no seu
site um dossier intitulado “Memorável José Carlos Schwarz”, com música,
poemas e informação suficiente para quem quiser conhecê-lo melhor. |
|
|
|
2. Memória do esquecido e do ignorado |
|
|
|
Passemos agora às minhas memórias intituladas Chão de Papel. Memória não
é apenas a faculdade mental de lembrar e a correlata recordação, é também o que
escrevemos. Muitas revistas académicas, ao longo da História, têm tido o
nome de «Memórias». E quando registamos por escrito as nossas
lembranças, elas não aparecem em estado puro, sim integradas em
conhecimento mais vasto. O que tenho dito até agora mostra justamente
que as memórias não são puras, uma vez que falei de pessoas e
acontecimentos estranhos a mim na altura em que vivi na Guiné. Nesse
tempo, em comum com Amílcar Cabral, por exemplo, terei apenas
frequentado lugares que ele conheceu de perto, como a Granja, uma
propriedade estatal, destinada à experimentação agrícola. Íamos para lá
fazer piqueniques. Amílcar Cabral conheceu bem a Granja, na sua qualidade
de engenheiro agrónomo, pois em certa época dirigiu os serviços
agrícolas do Governo da Província.
Os alicerces da memória não são constituídos só por pessoas e
acontecimentos, os lugares e os tempos são essenciais também para
retermos dados no arquivo mental. Na Guiné-Bissau, o tempo, tempo
meteorológico, assume importância gritante, porque há só duas estações,
a das chuvas e a seca, tão radicalmente opostas como a fome e a
abundância de comida, e porque o tempo das chuvas é anunciado pelos
tornados, tempestades violentas que chegam a arrancar do chão árvores
gigantes e seculares.
A fundir os dois conceitos, meteorológico e cronológico, encontramos o
modo de indicar a idade. Ele aparece no Chão de Papel, quando falo do
«homem grande, homem de muitas chuvas». Quando escrevi o livro, tinha eu
62 chuvas, agora já fiz 63…
Na maior parte dos escritores da Guiné-Bissau encontramos a memória do
tempo que faz, em paralelo com as cronologias. Mas dizia eu que as memórias são impuras, e sobretudo as do escritor. No
meu caso, basta atentar em que Chão de Papel é um livro culto, bem
informado, e até informado de um ponto de vista botânico e faunístico,
para concluirmos que ele não poderia ter sido escrito por uma menina de
doze nem de dezassete anos. Foi escrito por mim, no ano passado.
Não se trata assim de reconstituir acontecimentos históricos do ponto de
vista de uma adolescente, sim de construir um memorial do ponto de vista
de uma pessoa que já leu muitos livros, trabalhou no Museu Nacional de
História Natural da Universidade de Lisboa durante 36 anos, que foi
bibliotecária nesse museu, o que lhe deu grande cópia de informações
científicas. A menina de doze ou dezassete anos não saberia o que é a
Ceiba pentandra e ainda menos o Varanus exanthematicus. Ela diria apenas
que a árvore se chama “poilão” e que ao lagarto grande se dá na Guiné o
nome de “linguana”. Outro lado da impureza é a literatura que se cria. Além do conhecimento
das memórias escritas por outrem, é preciso atentar ainda no livro que
escrevemos, e que no caso é poesia. Nós não vivemos poesia. Não podemos
dizer que são versos as nossas caminhadas para a Universidade. O género
literário, por muito despojado e anti-lírico, é o veículo cultural dos
acontecimentos, incompatível com o desenvolvimento intelectual de uma
adolescente.
De variadas maneiras o relato do passado se enriquece com o
conhecimento. Entre elas quero salientar a memória literária. Essa
literatura que se sobrepõe ao acontecimento para lhe atribuir uma data
histórica, seja a do massacre do cais do Pidjguiti; que se sobrepõe à
pessoa não identificada para lhe dar um nome, seja o de José Carlos
Schwarz ou de Artur Augusto da Silva; que se sobrepõe à evocação dos
animais e das plantas para lhes atribuir a designação científica. Eu li Fausto Duarte, autor da novela
Auá, que nos dá a conhecer os
fulas, em Bafatá, com os seus costumes islamizados; li, de Fernanda de
Castro, um poema exaltante, África, e as novelas da Mariazinha, para a
infância; já depois de publicado Chão de Papel, li, desta escritora do
tempo colonial, O veneno do sol, novela para adultos. Este livro tem por
cenário Bolama, uma ilha do arquipélago dos Bijagós, que primitivamente
foi a capital da Guiné Portuguesa. Também eu, em Chão de Papel, lhe
dedico um poema. Neste momento, O veneno do sol, embora lido depois de
escrito o meu livro, já faz parte das memórias contidas nele, porque
assim o estou a registar agora, nesta sessão metaliterária.
Fernanda de Castro e eu temos Bolama e outras coisas em comum. Eu não a
conheci pessoalmente, mas conheci um dos filhos, António Quadros,
importante escritor, ligado à parte misteriosa da História de Portugal e
da nossa literatura, e conheço a filha deste, escritora também, Rita
Ferro. Estas interações constituem o labirinto das nossas memórias.
Fernanda de Castro viveu em Bolama quando Bolama era a capital da Guiné,
portanto há mais de setenta anos. Em 1941, Bissau passou a capital.
À parte antiga de Bissau, “Bissau bedju”, em crioulo, dá-se o nome de
“praça”, em lembrança do primitivo nome do local: “Praça-forte de S.
José de Bissau”. Da instalação militar, resta ainda o Quartel da Amura.
A menina que nos poemas diz que foi à Amura e ao cais pescar bagres com
o pai não sabia o antigo nome de Bissau. E quem refere que aquele homem
ainda bonito, que lia à mesa, mas volta e meia era seu pai, não é a
menina. Aqui já teríamos de entrar em consideração com outro tipo de
impureza, a interpretação. Não somente a recordação foi vertida para
poesia, como o poema gerou um duplo do que evoca - a descodificação do
comportamento do pai.
Bolama era atrativa pela praia, e a viagem tornou-se inesquecível por
duas razões: o barco foi seguido durante muito tempo por um bando de
morcegos, e a praia era uma infindável extensão de areia com água rasa,
a lembrar as bolanhas. As bolanhas ou lalas são os terrenos baixos,
alagados, de grande parte da costa da Guiné. É nelas que se cultiva o
arroz, base da alimentação do povo. Em tempo de guerra, ou porque as
bolanhas são bombardeadas, ou porque os camponeses fogem para a cidade,
o arroz falta e o drama da fome domina todos os outros. É esse desespero
que canta Tony Tcheka:
A bolanha adiou o parto divorciou-se da enxada
na presença do Homem que testemunhou o acto O verde que habitava os campos, saiu correndo
Hoje... mora a léguas da vontade sonegada
A barriga da criança minguada para se vingar da fome aliou-se à cabeça-grande inchou, inchou, parece um balão flutuando no corpo menino
Tony Tcheka, fragmento de «Melodia do desespero», Antologia poética da
Guiné-Bissau
Outros autores guineenses que só conheci agora, depois de escrito
Chão
de Papel, contribuiram para o livro apesar de tudo. Eles fazem parte da
minha memória. Porque a memória não se forma só com a experiência vivida
no passado, ela também comporta sementes de plantas que só darão flor no
futuro. É o caso de Artur Augusto da Silva. Li-o pela primeira vez este
ano, porque precisei de livros de autores guineenses e lancei um apelo
aos meus ex-colegas. Carlos Schwarz, o Pepito, a quem agradeço, vive na
Guiné-Bissau. Mandou-me livros de Abdulai Sila e Teresa Montenegro. Mais
tarde recebi dele livros de Artur Augusto da Silva, e então verifiquei,
com surpresa, que eram pai e filho. Artur Augusto da Silva tem vasta
bibliografia jurídica, além de poesia e narrativas.
Foi uma surpresa descobrir este escritor, porque estive em casa dele
várias vezes. A esposa, Clara Schwarz da Silva, é uma grande figura de
cidadã. Co-fundou o primeiro liceu que existiu na Guiné Portuguesa,
aquele que eu estreei, nos anos cinquenta. Durante sete anos tive-a como
professora de Francês. Ainda é viva, com mais de “noventa chuvas”... O
marido, advogado de pessoas perseguidas pela PIDE, a polícia política da
ditadura, também certa vez foi preso no aeroporto de Lisboa, quando
queria regressar à Guiné. Posto isto, como podia Artur Augusto da Silva
ser pessoa estranha a mim e ao Chão de Papel?
Não é estranho, e ambos tratámos os mesmos temas, como se vê no poema «Bombolom».
Os antropólogos dão a esse tambor, fabricado com um tronco de árvore, o
nome de talking drum. O seu tan-tan é codificado em mensagem transmitida
de aldeia para aldeia. À noite, na savana, o bombolom chega a ouvir-se a
50 Kms de distância.
Mamadú tocador de bombolom, faz ressoar o som do teu tambor
para alegrares o meu coração.
o seu ritmo desvenda-me as miragens do deserto, fala-me da floresta e dos prados verdejantes, das aves e das flores.
Diz-me das epopeias heróicas dos teus antepassados, dos teus cantos de amor
e da saudade das terras distantes.
Mamadú tocador de bombolom,
tu que saras as feridas da alma, quando eu morrer, faz com a minha pele um tambor,
e alegra as festas da tua tabanca percutindo nela para revelares os segredos do meu coração.
Artur Augusto da Silva, E o poeta pegou num pedaço de papel e escreveu
Se bem que eu já conheça o escritor Fausto Duarte há muitos anos, não
foi em Bissau que o li pela primeira vez. Nem o conheci então, já tinha
morrido. Porém, tal como acontece com Artur Augusto da Silva, conheci a
família. A esposa, D. Ica, foi minha professora de lavores, e a filha, a
Mimela, minha colega de liceu. Fizemos comunhão juntas, tenho
fotografias em que aparecemos as duas uma ao pé da outra, com o
vestidinho e o véu brancos de noivas de Deus... Estas memórias
circulavam na minha mente e no meu coração quando escrevi Chão de Papel.
O texto publicado é sempre um fragmento de algo muito mais vasto, é
qualquer coisa como uma folha subtraída ao livro completo do nosso ser.
Última memória posterior à redação do meu caderno de poemas, que é parte
importante dele apesar disso, vem no poema «Bolama», vou citar:
Os colegas de liceu que desapareciam E então sussurrava-se A boca encostada à orelha Tinham fugido para o mato Tinham ido para a luta A luta no lado dos turras
Já sabemos que José Carlos Schwarz era um seguidor de Amílcar Cabral,
responsável pela criação de um novo tipo de música na Guiné,
interpretada pela orquestra «Cobiana Djazz». Tão forte era a presença do
líder do PAIGC na sua vida artística que, escreve Didinho:
«José Carlos considerava que, sem citar o Amilcar Cabral, o líder estava
implicitamente presente em qualquer das suas composições. O que equivale
a dizer que conhecia perfeitamente a obra do ilustre dirigente africano.
José Carlos Schwarz é considerado um dos precursores mais salientes da
música guineense contemporânea.» Ora eu não me recordo de ter conhecido o José Carlos Schwarz
(1949-1977), herói mítico da luta pela independência e poeta como
Amílcar Cabral. Porém, o meu amigo António Júlio Estácio, também
escritor, e meu colega de sala de aula, acha isso estranho: o José
Carlos Schwarz foi nosso colega no Liceu Honório Barreto, todos o
conheciam, até porque ele costumava ir a cavalo para as aulas. Eis um
facto mais extraordinário ainda que o meu esquecimento ou ignorância! A
região de Bissau, baixa, cercada por bolanhas, está sujeita à picada da
mosca tzé-tzé, que não só causa a doença do sono a humanos, como mata os
cavalos. Por isso, na História mais remota da Guiné, só recordo um ou
outro episódio de guerreiros fulas terem vindo de Bafatá montados a
cavalo, para participarem nas guerras de Pacificação, lideradas por
Teixeira Pinto, o militar que tinha estátua no jardim homónimo, como
conto no poema “Cesarianas e casuarinas”.
Em suma, os cavalos não existem em Bissau. É algo tão surpreendente como
as ruínas de pedra da Fonte de Vaz Teixeira, no meu primeiro poema,
porque também não há pedra na Guiné-Bissau. Esse material de construção
era importado, e naturalmente só por gente muito rica.
Continuo a não me recordar de José Carlos Schwarz, pouco mais novo do
que eu, e cuja vida terminou aos 28 anos, num desastre de avião, em
Cuba. Não obstante, ele faz parte das minhas memórias. Só depois de
António Júlio Estácio ter lido o Chão de Papel, soube que era José
Carlos Schwarz o colega fugido para o mato, para se juntar aos “turras”,
as tropas de libertação do PAIGC.
José Carlos Schwarz, tal como Amílcar Cabral, teve o entendimento de que
a revolução era inseparável da cultura. A cultura precisava de conferir
uma estrutura de valores à nova nação. Segundo Didinho, "Zé Carlos
estruturou e revolucionou a cultura guineense. Foi ele quem introduziu o
intervencionismo, através das suas músicas, sensibilizando e alertando
guineenses e cabo-verdianos, sim, cabo-verdianos também, porque Zé
Carlos era fiel ao princípio da unidade da Guiné e de Cabo-Verde,
idealizado por Amilcar Cabral e, quando morreu, era esse princípio que
defendia, tal como está registado nas suas músicas, pelas passagens
referentes à Guiné e Cabo-Verde."
Encerro esta parte do meu discurso com um poema de José Carlos, «Canta
camarada», integrado na luta pela qual combateu. Mais uma vez, é de
notar que esta poética se vincula a um discurso com marcas comunistas
fortes, idênticas às dos escritores portugueses que fizeram a campanha
anti-ditadura, os neo-realistas, em geral simpatizantes ou filiados no
Partido Comunista, presidido por Álvaro Cunhal. É forte igualmente o elo
com os cantores de intervenção, em especial Zeca Afonso, que também
escreveu uma canção intitulada «Canta camarada». Podem ouvi-la e a
outras no YouTube. José Afonso é o nosso cantor revolucionário mais
carismático, foi uma das suas canções, «Grândola, vila morena», a
escolhida na Rádio, onde aliás era proibida, para acompanhar e instruir,
como código, a marcha das tropas na noite de 24 para o 25 de Abril de
1974, data da «Revolução dos cravos». José Carlos Schwarz dialoga com
Zeca Afonso, ciente de que a música, enquanto fenómeno de cultura, já
por si é revolução, ao estimular:
Canta camarada Deixa que o teu sonho verdade Flua límpido nos anseios da tua voz quente Pois este é o teu dever, o teu direito. Canta camarada Que a recordação da tua dor Seja como a terra revolvida Em cada época, para a sementeira.
Canta camarada Apenas alguns nomes, para que seja exaltado o anónimo Apenas os mortos, porque os vivos Ainda podem desmerecer da nossa gratidão.
Canta camarada Pois é a única benesse Que te reservaste na oferta da tua juventude Em Holocausto no altar da revolução.
José Carlos Schwarz, «Canta camarada», Antologia poética da Guiné-Bissau
|
|
|
|
3. Memórias de guerra |
|
|
|
A guerra colonial durou cerca de 14 anos, durante os quais Portugal
tentou evitar a independência de Cabo Verde, Guiné, Angola, S. Tomé e
Príncipe e Moçambique. Não tenho memórias terríveis da guerra, porque
ela nos era ocultada. Da guerra só me apercebi do que conto em Chão de
Papel: de um momento para o outro a população mudou radicalmente, já não
era seguro andar sozinha no mato, não por causa da guerra nem dos
terroristas, sim por causa dos homens, havia soldados em toda a parte.
Falo em andar sozinha no mato, por exemplo ir de bicicleta até à Fonte
de Vaz Teixeira, porque durante alguns anos morei com os meus pais numa
ponta, em Santa Luzia, fora de Bissau. As pontas são as fazendas,
parecidas talvez com as da Bahia, porque em primeiro lugar se cultivava
nelas a cana sacarina. Então em rigor vivíamos no mato, os adultos
reclamavam que isso era perigoso, mas, vistas as coisas à distância de
mais de quarenta anos, nunca houve grande perigo para os civis: os
portugueses brancos é que estavam cheios de medo dos portugueses negros.
Ficámos aterrados por causa das represálias que poderiam exercer os
negros depois do massacre do Pidjguiti, em 1959. E realmente a guerra
começou depois disso, apesar de, nas instâncias políticas
internacionais, Amílcar Cabral sempre ter defendido uma independência
pacífica. Era um idealista, não viu que de um lado Portugal não abriria
mão das colónias, e de outro que tinha inimigos no seu próprio partido,
que o iriam tirar à força do caminho.
Não é possível pegar na literatura da Guiné-Bissau sem falar do seu tema
mais pungente relativo ao período colonial: esse massacre dos
trabalhadores do cais do Pidjguiti, que faziam greve, e sobre os quais a
Polícia abriu fogo, de que falo em Chão de Papel. Vários poetas o tomam
por tema, quer no período colonial ainda, quer já depois da
independência. Assim acontece com Vasco Cabral, em poema datado de 1972:
PINDJIGUITI 3 de Agosto 1959 Bissau desperta inquieta
do sono da véspera.
Sopra o vento de morte no cais de Pindjiguiti.
E de repente o clarão dos relâmpagos o ribombar dos trovões.
O meu povo morre massacrado no cais de Pindjiguiti!
Um clamor de vozes ameaças e pragas fulmina o espaço num coro de impotência.
O meu povo morre massacrado no cais de Pindjiguiti!
Janeiro de 1972 Vasco Cabral, Antologia Poética da Guiné-Bissau
Na atualidade, o tema da guerra persiste, mas já não é a colonial. A
Guiné-Bissau tem sofrido muito com os seus péssimos governantes. Para
vencer Ansumane Mané, autor de uma intentona contra ele, em 1998-1999, Nino
Vieira pediu auxílio ao Senegal e à Guiné-Conakri, cujos governos
enviaram tropas para a Guiné-Bissau. Isso gerou guerra civil,
desestabilizou completamente o país, mas uniu a população, acima das
suas diferenças étnicas. Muitos poemas denunciam a revolta pela
ingerência estrangeira, o vexame sofrido, e reagem através da palavra,
mandando embora o invasor. Entre outros, menciono Huco Monteiro e Odete
Costa Semedo.
Vou tentar ler o começo de «Sinais de paz», de Huco Monteiro. Sei que
fala dos soldados senegaleses, os descreve, os trata como «retourner»,
termo francês que lhes estava mais na boca. Sei, vou ler, mas não
compreendo este registo da língua guineense, que se divide em duas: o
crioulo leve (kriol lebi) e o crioulo fundo (kriol fundu). O poema de
Didinho, «Sintinela ka ta durmi», é inteligível para mim pelo menos na
maior parte. O kriol fundu de Huco, além do léxico, integra referências
históricas e culturais para mim desconhecidas, que o tornam ainda mais impenetrável.
Porém, conheço o poema do ponto de vista semântico porque Moema Parente
Augel o comenta no artigo «Os segredos da barraca», e fornece tradução.
Podem encontrar este e muitos outros poemas no Triplov, bem como
encontram na Internet o artigo de Moema Parente Augel. A mais importante
obra até agora publicada sobre a literatura da Guiné-Bissau, O desafio
do escombro, pertence a esta autora brasileira e foi publicada no
Brasil.
Alinu-li na mentu ntidu ku balas surua Bandé trás, Kiliquir dianti Nô firma suma nô matchundadi Na defesa di sigridu di baraka
Ali élis li é na njata ka na retourner ka kunsi nin Kankuran nin Ussai Plek Kada kim kada Ndjol kada Ndjai arnegu di élis Ma é ka tissi nin fuka nin bissap Arma na kosta pa montia Republika rebelde Huco Monteiro, fragmento de «Sinais de paz»
Tal como Huco Monteiro, também Odete Costa Semedo trata o tema da
invasão, no livro No fundo do canto. A obra situa-nos durante a guerra
civil motivada pelo pedido de ajuda de Nino Vieira aos governos do
Senegal e da Guiné-Conakry, em 1998. Como escreve no posfácio Moema
Parente Augel, o fundo do canto remete para esses "onze meses de
brutalidade e exceção, com a presença de forças militares estrangeiras
no país, concentradas na capital, cuja população se deslocou em massa
para o interior, tentando escapar do palco dos acontecimentos." Ricardo
Riso, em artigo sobre Odete Costa Semedo publicado na Revista TriploV,
também revela que a autora, chocada com a guerra, “utilizou a
experiência vivenciada como matéria poética para o canto-poema”.
Vamos conhecer um fragmento da obra, da parte «Consílio dos Irans». À
maneira do concílio dos deuses no Olimpo, de «Os Lusíadas», a autora
reúne em assembleia as divindades africanas. Elas são solicitadas a
julgarem o país e salvarem-no da catástrofe.
Direi a entrada, «Tanta súplica evocou os irans». O registo de língua
não é kriol lebi nem kriol fundu, sim português. Porém, como de vez em
quando aparece uma expressão em crioulo, e como se trata de invocar os
irãs de todas as localidades da Guiné-Bissau, a sucessão dos nomes
étnicos cria uma melopeia que parece língua estranha.
Tanta súplica e chamamento... tamanha invocação tantas fantasias desfeitas
pela dor irans e defuntos se reuniram não resistindo ao veneno
de tantos corpos perdidos
Há culpados... Que não fiquem mudos
nem impunes pois o consílio vai reunir-se os irans vão falar
é hora de ouvir a nossa djorson e os nossos defuntos
Irans de Bissau
de Klikir a Bissau bedju de N’ala e de Rênu de Ntula e de Kuntum
de Ôkuri e de Bandim de Msurum Varela e do Alto krim de Klelé e de Brá
As sete djorson de Bissau estarão presentes as almas das katanderas
estarão presentes Testemunharão o acto os irans de João Landim
de Bula e de Farim Os de Geba Cacheu Wendu Leidi e Bruntuma
não faltarão
Os irmãos de Pecixe e de Jeta juntarão os seus caminhos
com os de Caió e Calequisse Os de Canchungo e Batucar tomarão a bênção em Bassarel
Cô será o ponto de encontro dos que sairão de Bula e Binar
Hóspedes de Bolor e de Bufa serão recebidos mas não terão palavra
nem os de Banta de Bessassema Cacine e de Caur e nem as velhas almas de Kansala
É assim a lei no consílio dos irans Será aceite por todos?
Odete Costa Semedo, fragmento de No fundo do canto, 2003.
Para terminar, direi que o colonialismo não dominou em bloco as nações.
Porque a liberdade de pensar existe, mesmo nas maiores ditaduras, existe
sempre oposição aos sistemas. A liberdade das colónias, como a do
Brasil, deveu-se a essa oposição interna, de cariz a um tempo maçónico e
de esquerda. É bom por isso não esquecer que, nos anos setenta, não
tivemos para nos alegrar só a independência das colónias africanas. Em
1974, também Portugal se viu livre do regime colonialista. Os poetas da
Guiné-Bissau rejubilaram com isso. Lembremos que a sua nacionalidade,
antes do 25 de Abril de 1974, era portuguesa. Esse júbilo manifesta-se
no poema «Madrugada de cravos», de Francisco Conduto de Pina, que
menciona um símbolo da revolução: o da criança a enfiar um cravo no cano
da espingarda de um soldado.
madrugada de cravos soldados — povo, dedos em v se estendem destruindo a longa noite de sombra.
O dia azul tecido de cravos vermelhos crepita na terra
ardem nas veias cravos deste povo geme o fado — a voz do povo das espingardas nascem cravos
cravos vermelhos... Francisco Conduto,
Antologia poética da Guiné-Bissau
|
|
|
|
BIBLIOGRAFIA |
|
|
|
Abdulai Sila, Mistida. Bissau, Ku Si Mon
Editora, 1997.
Abdulai Sila, As orações de Mansata.
Bissau, Ku
Si Mon Editora, 2007.
Adelto Gonçalves, «Poesia que brota de Bissau».
Publicado em vários locais da Internet e imprensa escrita. No Brasil, no
Jornal Opção, Goiânia, 22-28 de Agosto de 2010. Em Portugal, no
jornal Entre as Artes e as Letras, Porto, 8 de Setembro de 2010.
Amílcar Cabral, Documentário (textos políticos e
culturais). Lisboa, Biblioteca Editores Independentes, 2008.
Apresentação de António E. Duarte Silva.
Ana Haddad, «Chão de Papel: Estrelas de uma
memória ressignificada». Em:
http://www.triplov.com/novaserie.revista/numero_07/ana_haddad/index.html
Antologia poética da
Guiné-Bissau.
Coordenação do Centro Cultural Português em Bissau e da União Nacional
dos Artistas e Escritores da Guiné-Bissau. Prefácio de Manuel Ferreira.
Lisboa, Editorial Inquérito, 1990.
Artur Augusto da Silva, E o poeta pegou
num pedaço de papel e escreveu. Poemas. Bissau, Instituto Camões,
1997.
Didinho, «José Carlos Schwarz: a cultura como
instrumento libertador». Em:
http://www.didinho.org/JOSE%20CARLOS%20SCHWARZ%20A%20CULTURA%20COMO%20INSTRUMENTO%20LIBERTADORl.htm
Didinho, «Sintinela ka ta durmi».
Em:
http://www.didinho.org/apoesiadefernandocasimiro.htm
Fernando Frade, Amélia Bacelar & Bernardo Gonçalves -
«Relatório da missão zoológica e contribuições para o conhecimento da
fauna da Guiné Portuguesa». Separata dos Anais da Junta de Investigações
Coloniais, Lisboa, Vol. I. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné
(1-5): 259-416, 1946.
Filomena Embalo, «Breve resenha sobre a literatura da
Guiné-Bissau». Em:
http://www.triplov.com/guinea_bissau/filomena_embalo/literatura/index.htm
Hildo Honório do Couto, «A poesia crioula
bissau-guineense». Universidade de Brasília, Papia: 18, 2008, p. 83-100.
Em:
http://abecs.dominiotemporario.com/ojs/index.php/papia/article/viewFile/64/55
Huco Monteiro, «Sinais de paz». Em linha no triplov,
em:
http://www.triplov.com/guinea_bissau/huco/poemas/sinais-de-paz.htm
José Afonso. «Canta camarada». No YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=2TlikmHCEWM
José
Carlos Schwarz: Hommage à José Carlos Schwarz.
Em :
http://www.myspace.com/joscarlosschwarz
Maria Estela Guedes, Chão de Papel. Lisboa,
Apenas Livros, 2009. Está em linha uma versão com glossário, em:
http://www.triplov.com/estela_guedes/chao-de-papel/index.html
Maria Estela Guedes, «Poder e impotência em Abdulai
Sila», 2010. Em:
http://www.triplov.com/estela_guedes/2010/abdulai_sila/oracoes_de_mansata/index.htm
Maria Estela Guedes, «'N ba papia crioulo?», 2010. Em:
http://www.triplov.com/novaserie.revista/numero5/maria_estela_guedes/index.html
Maria Estela Guedes, «Guiné-Bissau (1) - Exotismo e
endotismo na literatura pós-independência». Revista Triplov, nº 6, em:
http://novaserie.revista.triplov.com/numero_06/maria_estela_guedes/index.html
Maria Estela Guedes, «Guiné-Bissau (fim) - Exotismo e
endotismo na literatura pós-independência». Revista Triplov, nº 7, em:
http://novaserie.revista.triplov.com/numero_07/maria_estela_guedes/index.html
Moema Parente Augel, O desafio do escombro - Nação,
identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de
Janeiro, Garamond Universitária, 2007.
Moema Parente Augel, «Os segredos da ‘barraca’. A
representação da nação na literatura de guerra da Guiné-Bissau». Revista
Crioula, nº 4, Novembro de 2008.
Odete Costa Semedo, No fundo do canto, Viana do
Castelo, Câmara Municipal, 2003.
Ricardo Riso, «Odete Costa Semedo
– No fundo do canto». Em linha na
Revista Triplov de Artes, Religiões e Ciências, NS, nº 7, 2020:
http://novaserie.revista.triplov.com/numero_07/ricardo_riso/index.html
Russel G. Hamilton, «A literatura dos PALOP e a Teoria
Pós-Colonial». IV Encontro de Estudos Comparados de Literaturas de
Língua Portuguesa. USP, 1999. Em linha, em:
http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/pdf/via03/via03_02.pdf
Teresa Montenegro, As enxadas do rei.
Bissau, Ku Si Mon Editora, 2009, 2ª ed..
SITES COM
POESIA DA GUINÉ-BISSAU
Didinho:
http://www.didinho.org/poesia.htm
Senegâmbia:
http://senegambia.blogspot.com/
TriploV:
http://www.triplov.com/guinea_bissau/poetas/index.htm |
|
|
|
Maria Estela Guedes (1947,
Portugal). Diretora do TriploV
ALGUNS LIVROS. “Herberto Helder, Poeta
Obscuro”, Lisboa, 1979; “Mário de Sá Carneiro”, Lisboa, 1985; “Ernesto
de Sousa – Itinerário dos Itinerários”, Lisboa, 1987; “À Sombra de
Orpheu”, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”, Lisboa, 1993; “Tríptico a
solo”, São Paulo, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”, Lisboa, 2008;
“Chão de papel”, Lisboa. 2009; “Geisers”, Bembibre, 2009; “Quem, às
portas de Tebas? – Três artistas modernos em Portugal”, São Paulo, 2010;
"Tango Sebastião", Lisboa, Apenas Livros Editora, 2010; "A obra ao rubro
de Herberto Helder", São Paulo, Escrituras Editora, 2010.
ALGUNS COLECTIVOS. "Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de
Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom
homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O
reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual.
Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”.
Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. TEATRO. Multimedia “O
Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, com direcção de
Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José
Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no
Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez,
cenografia de Fernando Alvarez e interpretação de Maria Vieira. |
|
|
|
© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
Rua Direita, 131
5100-344 Britiande
PORTUGAL |
|
|
|
|
|
|
|
|
|