REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número 10

 

Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim...

Dizem que o campo se cobriu de verde,
cor mais bela, porque é a cor da esp ‘rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!

Amílcar Cabral, «Regresso». Antologia Poética da Guiné-Bissau

   

 

 
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Maria Estela Guedes  
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Foto: Ed. Guimarães

MARIA ESTELA GUEDES
Associação Portuguesa de Escritores (APE) .
Instituto S. Tomás de Aquino (ISTA).

A propósito de Chão de Papel

MEMÓRIAS DE UMA ADOLESCENTE DOS ÚLTIMOS ANOS DE COLONIALISMO NA GUINÉ-BISSAU

Comunicação à mesa redonda “Maria Estela Guedes e a Literatura Portuguesa Contemporânea”. Universidade Nove de Julho (org.). Memorial da América Latina. São Paulo. 25 de Outubro de 2010.

   
   
   
   
   
   
   
   
    1. Escrever memórias
 

 

Chamava-se Guiné Portuguesa a colónia em que vivi a minha adolescência. Nesse tempo, para iludir problemas com directrizes internacionais anti-colonialistas, o governo de António de Oliveira Salazar, ministro responsável por uma ditadura de quarenta anos, tinha substituído por «províncias» a designação «colónias». A então província da Guiné Portuguesa localiza-se na África ocidental, frente ao arquipélago de Cabo Verde. A norte faz fronteira com o Senegal e a sul com a Guiné-Conakry.

Diferentemente do Brasil e de Angola, não havia nem há diamantes nem ouro na Guiné. O país é pobre, pelo menos enquanto não começar a beneficiar da exploração de petróleo. A sua riqueza maior é a população, amistosa e pacífica, distribuída por cerca de trinta etnias, num território de menos de 37.000 quilómetros quadrados.

O maior diamante é ainda Amílcar Cabral (1924-1973), fundador do PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Como o nome indica, na origem o partido tinha em mente formar um único país com as duas colónias. Em tempos remotos, Guiné e Cabo Verde foram uma só área administrativa. Eis um provável motivo para o assassínio de Amílcar Cabral, por aqueles, entre os seus companheiros, de origem mais radicalmente africana, que não desejavam ficar sob a tutela dos cabo-verdianos. Depois da morte do líder, a independência chegou, mas constituiram-se dois distintos países.

Homem sensível, poeta, intelectualmente superior, como nos deixam perceber os seus escritos, Amílcar Cabral continua a ser o mentor político dos bissau-guineenses mais fundamente preocupados com o destino do país. É o caso de uma figura que mencionarei várias vezes na minha intervenção, o Didinho. O Didinho, aliás Fernando Casimiro, poeta também, lidera o projeto Contributo, que tem voz na Internet, em www.didinho.org . «O meu partido é a Guiné-Bissau», diz ele. No site do Didinho aprendemos, sobre a Guiné-Bissau, desde a política à poesia. E ele mesmo se encarrega de assinar textos que revelam ideias políticas democráticas, assentes em bases éticas muito fortes, a contrariarem o estado de degradação atual do país. Vamos apoiá-lo, a ver se alcança meios que lhe permitam contribuir para tornar a Guiné-Bissau um país desenvolvido e democrático.

Ora, o que sobre Amílcar Cabral vemos no site do Didinho é que existem suspeitas fortes de que a sua morte, em 1973, em Conakry, se deveu à acção de Nino Vieira.

Sobre a morte de Nino Vieira leram um poema em «Chão de Papel». Na altura em que o escrevi, em cima dos acontecimentos que estavam a ser noticiados na televisão, não se sabia ainda o que se pode saber agora: que essa morte foi horrenda, Nino foi abatido com uma catanada na cabeça e esquartejado a seguir. A Guiné-Bissau, hoje, está infelizmente um caos, dominada pelos militares, e estes pelos narcotraficantes sul-americanos. É neste quadro que se insere a morte do homem que foi três vezes presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, mais conhecido por Nino Vieira, cujo nome de guerra é Kabi Nafantchamna (Bissau, 27 de abril de 1939 — Bissau, 2 de março de 2009).

O estado de ruína moral e económica em que se encontra a Guiné-Bissau leva a que os escritores formem um só corpo na resistência ao inimigo, e demonstrem consciência de que são eles a principal base a fornecer uma ética, uma cultura, uma dimensão de nobreza à nação que ainda se está a formar. Atentos, reagem com uma literatura crítica e de denúncia, simultaneamente criadora da base moral e cultural em que deve assentar a nação. Não há muitos escritores na Guiné-Bissau, e os que há são sobretudo poetas, como Odete Costa Semedo, Amílcar Cabral, Tony Tcheka, Domingas Samy, Helder Proença, Félix Sigá, Francisco Conduto, e alguns mais cujo nome hei de mencionar. Na narrativa e dramaturgia um nome impõe-se, de notável escritor, Abdulai Sila, com obras de grande poder simbolizante e dramático, como o romance Mistida e a peça de teatro As orações de Mansata.

Os escritores vigiam de perto os acontecimentos, prontos a partir para a luta, mesmo vivendo na diáspora. Essa vigilância é notória em “Sintinela ka ta durmi”, de Didinho, em que o sujeito se assume como sentinela que não dorme toda a noite, para proteger a sua mamé, a sua terra-mãe. A ação que tem desenvolvido já lhe valeu ameaças de morte, e é bem provável que Fernando Casimiro só se mantenha vivo por morar em Portugal. Vamos ouvir um fragmento do poema na língua guineense, o crioulo:

N´misti durmi
nha Guiné
nha terra
nha mamê
nha dunu
nha kassabi
nha sabura
pidin pan finka udju nel
i kil gora N´na
sintinela ka ta durmi...

Didinho, Sintinela ka ta durmi

Como Fernando Caisimiro, outros escritores vivem em perigo constante, tendo nós por isso de atentar na sua coragem e na dimensão de heroísmo que move a literatura bissau-guineense. Perante estas dominantes nacionais, as questões estritamente literárias perdem importância, tornando-se luxos de sociedades ricas. Filomena Embaló faz no entanto notar que, em fase recente, a poesia passou a apresentar um cariz mais intimista.

Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, na Guiné, de pais caboverdianos. A sua poesia refere-se sobretudo a Cabo Verde, como em «Regresso», que pus em epígrafe. Já sabemos que o ideário de Amílcar Cabral impunha um só país a formar, com a união de Guiné e Cabo Verde.

Amílcar Cabral é um dos temas mais recorrentes da poesia da Guiné-Bissau, dominada como é pela questão nacional. Por isso, aqui e ali deparamos com poemas que lhe são dedicados. Seja exemplo «Camarada Amílcar», de Agnello Regala. O poema vem marcado pelos estereótipos da cultura comunista, visto que os movimentos de libertação africana seguiam essa ideologia e eram apoiados por Cuba e pela antiga União Soviética:

No chão vermelho
Do teu sangue, Camarada,
Caem como gotas de orvalho
As lágrimas sinceras da dedicação.
As flores da nossa luta
Que tu com carinho plantaste
Estão a desabrochar
Em gargalhadas infantis.
E descansa que não secarão.
Serão sempre regadas
Com o nosso suor e sangue,
Serão sempre alimentadas
Pela força da nossa vontade.
E serão, camarada Amílcar,
Serão livres... livres...
Livres como as gargalhadas que soltam
Livres como o sol do nosso hino,
Livres como o vento que desfralda
A nossa bandeira,
Livres, como a liberdade com que sonhaste.
E assim camarada,
E assim
Uns chegam ao fim,
Mas outros ficam pelo caminho
Não por desfalecimento,
Mas pelo seu valor e coragem.

Agnello Regalla, «Camarada Amílcar», Antologia Poética da Guiné-Bissau

Antes de passar às memórias pessoais, com Chão de Papel, há que mencionar José Carlos Schwarz (1949-1977), um seguidor de Amílcar Cabral. Combateu no mato pela independência, e não só na poesia. Figura mítica na cultura guineense, José Carlos é conhecido sobretudo na área da música. Podem ouvi-lo no YouTube e no MySpace. Didinho abriu no seu site um dossier intitulado “Memorável José Carlos Schwarz”, com música, poemas e informação suficiente para quem quiser conhecê-lo melhor.

 

  2. Memória do esquecido e do ignorado
 

 

Passemos agora às minhas memórias intituladas Chão de Papel. Memória não é apenas a faculdade mental de lembrar e a correlata recordação, é também o que escrevemos. Muitas revistas académicas, ao longo da História, têm tido o nome de «Memórias». E quando registamos por escrito as nossas lembranças, elas não aparecem em estado puro, sim integradas em conhecimento mais vasto. O que tenho dito até agora mostra justamente que as memórias não são puras, uma vez que falei de pessoas e acontecimentos estranhos a mim na altura em que vivi na Guiné. Nesse tempo, em comum com Amílcar Cabral, por exemplo, terei apenas frequentado lugares que ele conheceu de perto, como a Granja, uma propriedade estatal, destinada à experimentação agrícola. Íamos para lá fazer piqueniques. Amílcar Cabral conheceu bem a Granja, na sua qualidade de engenheiro agrónomo, pois em certa época dirigiu os serviços agrícolas do Governo da Província.

Os alicerces da memória não são constituídos só por pessoas e acontecimentos, os lugares e os tempos são essenciais também para retermos dados no arquivo mental. Na Guiné-Bissau, o tempo, tempo meteorológico, assume importância gritante, porque há só duas estações, a das chuvas e a seca, tão radicalmente opostas como a fome e a abundância de comida, e porque o tempo das chuvas é anunciado pelos tornados, tempestades violentas que chegam a arrancar do chão árvores gigantes e seculares. A fundir os dois conceitos, meteorológico e cronológico, encontramos o modo de indicar a idade. Ele aparece no Chão de Papel, quando falo do «homem grande, homem de muitas chuvas». Quando escrevi o livro, tinha eu 62 chuvas, agora já fiz 63… Na maior parte dos escritores da Guiné-Bissau encontramos a memória do tempo que faz, em paralelo com as cronologias.

Mas dizia eu que as memórias são impuras, e sobretudo as do escritor. No meu caso, basta atentar em que Chão de Papel é um livro culto, bem informado, e até informado de um ponto de vista botânico e faunístico, para concluirmos que ele não poderia ter sido escrito por uma menina de doze nem de dezassete anos. Foi escrito por mim, no ano passado.

Não se trata assim de reconstituir acontecimentos históricos do ponto de vista de uma adolescente, sim de construir um memorial do ponto de vista de uma pessoa que já leu muitos livros, trabalhou no Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa durante 36 anos, que foi bibliotecária nesse museu, o que lhe deu grande cópia de informações científicas. A menina de doze ou dezassete anos não saberia o que é a Ceiba pentandra e ainda menos o Varanus exanthematicus. Ela diria apenas que a árvore se chama “poilão” e que ao lagarto grande se dá na Guiné o nome de “linguana”.

Outro lado da impureza é a literatura que se cria. Além do conhecimento das memórias escritas por outrem, é preciso atentar ainda no livro que escrevemos, e que no caso é poesia. Nós não vivemos poesia. Não podemos dizer que são versos as nossas caminhadas para a Universidade. O género literário, por muito despojado e anti-lírico, é o veículo cultural dos acontecimentos, incompatível com o desenvolvimento intelectual de uma adolescente.

De variadas maneiras o relato do passado se enriquece com o conhecimento. Entre elas quero salientar a memória literária. Essa literatura que se sobrepõe ao acontecimento para lhe atribuir uma data histórica, seja a do massacre do cais do Pidjguiti; que se sobrepõe à pessoa não identificada para lhe dar um nome, seja o de José Carlos Schwarz ou de Artur Augusto da Silva; que se sobrepõe à evocação dos animais e das plantas para lhes atribuir a designação científica.

Eu li Fausto Duarte, autor da novela Auá, que nos dá a conhecer os fulas, em Bafatá, com os seus costumes islamizados; li, de Fernanda de Castro, um poema exaltante, África, e as novelas da Mariazinha, para a infância; já depois de publicado Chão de Papel, li, desta escritora do tempo colonial, O veneno do sol, novela para adultos. Este livro tem por cenário Bolama, uma ilha do arquipélago dos Bijagós, que primitivamente foi a capital da Guiné Portuguesa. Também eu, em Chão de Papel, lhe dedico um poema. Neste momento, O veneno do sol, embora lido depois de escrito o meu livro, já faz parte das memórias contidas nele, porque assim o estou a registar agora, nesta sessão metaliterária.

Fernanda de Castro e eu temos Bolama e outras coisas em comum. Eu não a conheci pessoalmente, mas conheci um dos filhos, António Quadros, importante escritor, ligado à parte misteriosa da História de Portugal e da nossa literatura, e conheço a filha deste, escritora também, Rita Ferro. Estas interações constituem o labirinto das nossas memórias. Fernanda de Castro viveu em Bolama quando Bolama era a capital da Guiné, portanto há mais de setenta anos. Em 1941, Bissau passou a capital.

À parte antiga de Bissau, “Bissau bedju”, em crioulo, dá-se o nome de “praça”, em lembrança do primitivo nome do local: “Praça-forte de S. José de Bissau”. Da instalação militar, resta ainda o Quartel da Amura. A menina que nos poemas diz que foi à Amura e ao cais pescar bagres com o pai não sabia o antigo nome de Bissau. E quem refere que aquele homem ainda bonito, que lia à mesa, mas volta e meia era seu pai, não é a menina. Aqui já teríamos de entrar em consideração com outro tipo de impureza, a interpretação. Não somente a recordação foi vertida para poesia, como o poema gerou um duplo do que evoca - a descodificação do comportamento do pai.

Bolama era atrativa pela praia, e a viagem tornou-se inesquecível por duas razões: o barco foi seguido durante muito tempo por um bando de morcegos, e a praia era uma infindável extensão de areia com água rasa, a lembrar as bolanhas. As bolanhas ou lalas são os terrenos baixos, alagados, de grande parte da costa da Guiné. É nelas que se cultiva o arroz, base da alimentação do povo. Em tempo de guerra, ou porque as bolanhas são bombardeadas, ou porque os camponeses fogem para a cidade, o arroz falta e o drama da fome domina todos os outros. É esse desespero que canta Tony Tcheka:

A bolanha adiou o parto
divorciou-se da enxada
na presença do Homem
que testemunhou o acto
O verde que habitava os campos, saiu correndo
Hoje... mora a léguas da vontade sonegada

A barriga da criança minguada
para se vingar da fome aliou-se à cabeça-grande
inchou,
inchou,
parece um balão
flutuando no corpo menino

Tony Tcheka, fragmento de «Melodia do desespero», Antologia poética da Guiné-Bissau

Outros autores guineenses que só conheci agora, depois de escrito Chão de Papel, contribuiram para o livro apesar de tudo. Eles fazem parte da minha memória. Porque a memória não se forma só com a experiência vivida no passado, ela também comporta sementes de plantas que só darão flor no futuro. É o caso de Artur Augusto da Silva. Li-o pela primeira vez este ano, porque precisei de livros de autores guineenses e lancei um apelo aos meus ex-colegas. Carlos Schwarz, o Pepito, a quem agradeço, vive na Guiné-Bissau. Mandou-me livros de Abdulai Sila e Teresa Montenegro. Mais tarde recebi dele livros de Artur Augusto da Silva, e então verifiquei, com surpresa, que eram pai e filho. Artur Augusto da Silva tem vasta bibliografia jurídica, além de poesia e narrativas.

Foi uma surpresa descobrir este escritor, porque estive em casa dele várias vezes. A esposa, Clara Schwarz da Silva, é uma grande figura de cidadã. Co-fundou o primeiro liceu que existiu na Guiné Portuguesa, aquele que eu estreei, nos anos cinquenta. Durante sete anos tive-a como professora de Francês. Ainda é viva, com mais de “noventa chuvas”... O marido, advogado de pessoas perseguidas pela PIDE, a polícia política da ditadura, também certa vez foi preso no aeroporto de Lisboa, quando queria regressar à Guiné. Posto isto, como podia Artur Augusto da Silva ser pessoa estranha a mim e ao Chão de Papel? Não é estranho, e ambos tratámos os mesmos temas, como se vê no poema «Bombolom». Os antropólogos dão a esse tambor, fabricado com um tronco de árvore, o nome de talking drum. O seu tan-tan é codificado em mensagem transmitida de aldeia para aldeia. À noite, na savana, o bombolom chega a ouvir-se a 50 Kms de distância.

Mamadú tocador de bombolom,
faz ressoar o som do teu tambor
para alegrares o meu coração.

o seu ritmo
desvenda-me as miragens do deserto,
fala-me da floresta
e dos prados verdejantes,
das aves e das flores.

Diz-me das epopeias heróicas
dos teus antepassados,
dos teus cantos de amor
e da saudade das terras distantes.

Mamadú tocador de bombolom,
tu que saras as feridas da alma,
quando eu morrer,
faz com a minha pele um tambor,
e alegra as festas da tua tabanca
percutindo nela
para revelares os segredos do meu coração.


Artur Augusto da Silva, E o poeta pegou num pedaço de papel e escreveu

Se bem que eu já conheça o escritor Fausto Duarte há muitos anos, não foi em Bissau que o li pela primeira vez. Nem o conheci então, já tinha morrido. Porém, tal como acontece com Artur Augusto da Silva, conheci a família. A esposa, D. Ica, foi minha professora de lavores, e a filha, a Mimela, minha colega de liceu. Fizemos comunhão juntas, tenho fotografias em que aparecemos as duas uma ao pé da outra, com o vestidinho e o véu brancos de noivas de Deus... Estas memórias circulavam na minha mente e no meu coração quando escrevi Chão de Papel. O texto publicado é sempre um fragmento de algo muito mais vasto, é qualquer coisa como uma folha subtraída ao livro completo do nosso ser. Última memória posterior à redação do meu caderno de poemas, que é parte importante dele apesar disso, vem no poema «Bolama», vou citar:

Os colegas de liceu que desapareciam
E então sussurrava-se
A boca encostada à orelha
Tinham fugido para o mato
Tinham ido para a luta
A luta no lado dos turras

Já sabemos que José Carlos Schwarz era um seguidor de Amílcar Cabral, responsável pela criação de um novo tipo de música na Guiné, interpretada pela orquestra «Cobiana Djazz». Tão forte era a presença do líder do PAIGC na sua vida artística que, escreve Didinho: «José Carlos considerava que, sem citar o Amilcar Cabral, o líder estava implicitamente presente em qualquer das suas composições. O que equivale a dizer que conhecia perfeitamente a obra do ilustre dirigente africano. José Carlos Schwarz é considerado um dos precursores mais salientes da música guineense contemporânea.»

Ora eu não me recordo de ter conhecido o José Carlos Schwarz (1949-1977), herói mítico da luta pela independência e poeta como Amílcar Cabral. Porém, o meu amigo António Júlio Estácio, também escritor, e meu colega de sala de aula, acha isso estranho: o José Carlos Schwarz foi nosso colega no Liceu Honório Barreto, todos o conheciam, até porque ele costumava ir a cavalo para as aulas. Eis um facto mais extraordinário ainda que o meu esquecimento ou ignorância! A região de Bissau, baixa, cercada por bolanhas, está sujeita à picada da mosca tzé-tzé, que não só causa a doença do sono a humanos, como mata os cavalos. Por isso, na História mais remota da Guiné, só recordo um ou outro episódio de guerreiros fulas terem vindo de Bafatá montados a cavalo, para participarem nas guerras de Pacificação, lideradas por Teixeira Pinto, o militar que tinha estátua no jardim homónimo, como conto no poema “Cesarianas e casuarinas”.

Em suma, os cavalos não existem em Bissau. É algo tão surpreendente como as ruínas de pedra da Fonte de Vaz Teixeira, no meu primeiro poema, porque também não há pedra na Guiné-Bissau. Esse material de construção era importado, e naturalmente só por gente muito rica.

Continuo a não me recordar de José Carlos Schwarz, pouco mais novo do que eu, e cuja vida terminou aos 28 anos, num desastre de avião, em Cuba. Não obstante, ele faz parte das minhas memórias. Só depois de António Júlio Estácio ter lido o Chão de Papel, soube que era José Carlos Schwarz o colega fugido para o mato, para se juntar aos “turras”, as tropas de libertação do PAIGC.

José Carlos Schwarz, tal como Amílcar Cabral, teve o entendimento de que a revolução era inseparável da cultura. A cultura precisava de conferir uma estrutura de valores à nova nação. Segundo Didinho, "Zé Carlos estruturou e revolucionou a cultura guineense. Foi ele quem introduziu o intervencionismo, através das suas músicas, sensibilizando e alertando guineenses e cabo-verdianos, sim, cabo-verdianos também, porque Zé Carlos era fiel ao princípio da unidade da Guiné e de Cabo-Verde, idealizado por Amilcar Cabral e, quando morreu, era esse princípio que defendia, tal como está registado nas suas músicas, pelas passagens referentes à Guiné e Cabo-Verde."

Encerro esta parte do meu discurso com um poema de José Carlos, «Canta camarada», integrado na luta pela qual combateu. Mais uma vez, é de notar que esta poética se vincula a um discurso com marcas comunistas fortes, idênticas às dos escritores portugueses que fizeram a campanha anti-ditadura, os neo-realistas, em geral simpatizantes ou filiados no Partido Comunista, presidido por Álvaro Cunhal. É forte igualmente o elo com os cantores de intervenção, em especial Zeca Afonso, que também escreveu uma canção intitulada «Canta camarada». Podem ouvi-la e a outras no YouTube. José Afonso é o nosso cantor revolucionário mais carismático, foi uma das suas canções, «Grândola, vila morena», a escolhida na Rádio, onde aliás era proibida, para acompanhar e instruir, como código, a marcha das tropas na noite de 24 para o 25 de Abril de 1974, data da «Revolução dos cravos». José Carlos Schwarz dialoga com Zeca Afonso, ciente de que a música, enquanto fenómeno de cultura, já por si é revolução, ao estimular:

Canta camarada
Deixa que o teu sonho verdade
Flua límpido nos anseios da tua voz quente
Pois este é o teu dever, o teu direito.
Canta camarada
Que a recordação da tua dor
Seja como a terra revolvida
Em cada época, para a sementeira.

Canta camarada
Apenas alguns nomes, para que seja exaltado o anónimo
Apenas os mortos, porque os vivos
Ainda podem desmerecer da nossa gratidão.

Canta camarada
Pois é a única benesse
Que te reservaste na oferta da tua juventude
Em Holocausto no altar da revolução.

José Carlos Schwarz, «Canta camarada», Antologia poética da Guiné-Bissau

 

  3. Memórias de guerra
 

 

A guerra colonial durou cerca de 14 anos, durante os quais Portugal tentou evitar a independência de Cabo Verde, Guiné, Angola, S. Tomé e Príncipe e Moçambique. Não tenho memórias terríveis da guerra, porque ela nos era ocultada. Da guerra só me apercebi do que conto em Chão de Papel: de um momento para o outro a população mudou radicalmente, já não era seguro andar sozinha no mato, não por causa da guerra nem dos terroristas, sim por causa dos homens, havia soldados em toda a parte. Falo em andar sozinha no mato, por exemplo ir de bicicleta até à Fonte de Vaz Teixeira, porque durante alguns anos morei com os meus pais numa ponta, em Santa Luzia, fora de Bissau. As pontas são as fazendas, parecidas talvez com as da Bahia, porque em primeiro lugar se cultivava nelas a cana sacarina. Então em rigor vivíamos no mato, os adultos reclamavam que isso era perigoso, mas, vistas as coisas à distância de mais de quarenta anos, nunca houve grande perigo para os civis: os portugueses brancos é que estavam cheios de medo dos portugueses negros. Ficámos aterrados por causa das represálias que poderiam exercer os negros depois do massacre do Pidjguiti, em 1959. E realmente a guerra começou depois disso, apesar de, nas instâncias políticas internacionais, Amílcar Cabral sempre ter defendido uma independência pacífica. Era um idealista, não viu que de um lado Portugal não abriria mão das colónias, e de outro que tinha inimigos no seu próprio partido, que o iriam tirar à força do caminho.

Não é possível pegar na literatura da Guiné-Bissau sem falar do seu tema mais pungente relativo ao período colonial: esse massacre dos trabalhadores do cais do Pidjguiti, que faziam greve, e sobre os quais a Polícia abriu fogo, de que falo em Chão de Papel. Vários poetas o tomam por tema, quer no período colonial ainda, quer já depois da independência. Assim acontece com Vasco Cabral, em poema datado de 1972:

PINDJIGUITI

3 de Agosto 1959
Bissau desperta inquieta
do sono da véspera.

Sopra o vento de morte
no cais de Pindjiguiti.

E de repente
o clarão dos relâmpagos
o ribombar dos trovões.

O meu povo morre massacrado
no cais de Pindjiguiti!

Um clamor de vozes
ameaças e pragas
fulmina o espaço
num coro de impotência.


O meu povo morre massacrado
no cais de Pindjiguiti!

Janeiro de 1972
Vasco Cabral, Antologia Poética da Guiné-Bissau

Na atualidade, o tema da guerra persiste, mas já não é a colonial. A Guiné-Bissau tem sofrido muito com os seus péssimos governantes. Para vencer Ansumane Mané, autor de uma intentona contra ele, em 1998-1999, Nino Vieira pediu auxílio ao Senegal e à Guiné-Conakri, cujos governos enviaram tropas para a Guiné-Bissau. Isso gerou guerra civil, desestabilizou completamente o país, mas uniu a população, acima das suas diferenças étnicas. Muitos poemas denunciam a revolta pela ingerência estrangeira, o vexame sofrido, e reagem através da palavra, mandando embora o invasor. Entre outros, menciono Huco Monteiro e Odete Costa Semedo.

Vou tentar ler o começo de «Sinais de paz», de Huco Monteiro. Sei que fala dos soldados senegaleses, os descreve, os trata como «retourner», termo francês que lhes estava mais na boca. Sei, vou ler, mas não compreendo este registo da língua guineense, que se divide em duas: o crioulo leve (kriol lebi) e o crioulo fundo (kriol fundu). O poema de Didinho, «Sintinela ka ta durmi», é inteligível para mim pelo menos na maior parte. O kriol fundu de Huco, além do léxico, integra referências históricas e culturais para mim desconhecidas, que o tornam ainda mais impenetrável. Porém, conheço o poema do ponto de vista semântico porque Moema Parente Augel o comenta no artigo «Os segredos da barraca», e fornece tradução. Podem encontrar este e muitos outros poemas no Triplov, bem como encontram na Internet o artigo de Moema Parente Augel. A mais importante obra até agora publicada sobre a literatura da Guiné-Bissau, O desafio do escombro, pertence a esta autora brasileira e foi publicada no Brasil.

Alinu-li na mentu ntidu ku balas surua
Bandé trás, Kiliquir dianti
Nô firma suma nô matchundadi
Na defesa di sigridu di baraka

Ali élis li é na njata ka na retourner
ka kunsi nin Kankuran nin Ussai Plek
Kada kim kada Ndjol kada Ndjai arnegu di élis
Ma é ka tissi nin fuka nin bissap
Arma na kosta pa montia Republika rebelde

Huco Monteiro, fragmento de «Sinais de paz»

Tal como Huco Monteiro, também Odete Costa Semedo trata o tema da invasão, no livro No fundo do canto. A obra situa-nos durante a guerra civil motivada pelo pedido de ajuda de Nino Vieira aos governos do Senegal e da Guiné-Conakry, em 1998. Como escreve no posfácio Moema Parente Augel, o fundo do canto remete para esses "onze meses de brutalidade e exceção, com a presença de forças militares estrangeiras no país, concentradas na capital, cuja população se deslocou em massa para o interior, tentando escapar do palco dos acontecimentos." Ricardo Riso, em artigo sobre Odete Costa Semedo publicado na Revista TriploV, também revela que a autora, chocada com a guerra, “utilizou a experiência vivenciada como matéria poética para o canto-poema”.

Vamos conhecer um fragmento da obra, da parte «Consílio dos Irans». À maneira do concílio dos deuses no Olimpo, de «Os Lusíadas», a autora reúne em assembleia as divindades africanas. Elas são solicitadas a julgarem o país e salvarem-no da catástrofe.

Direi a entrada, «Tanta súplica evocou os irans». O registo de língua não é kriol lebi nem kriol fundu, sim português. Porém, como de vez em quando aparece uma expressão em crioulo, e como se trata de invocar os irãs de todas as localidades da Guiné-Bissau, a sucessão dos nomes étnicos cria uma melopeia que parece língua estranha.

Tanta súplica e chamamento...
tamanha invocação
tantas fantasias desfeitas
pela dor
irans e defuntos se reuniram
não resistindo ao veneno
de tantos corpos perdidos

Há culpados...
Que não fiquem mudos
nem impunes
pois o consílio vai reunir-se
os irans vão falar
é hora de ouvir a nossa djorson
e os nossos defuntos

Irans de Bissau
de Klikir a Bissau bedju
de N’ala e de Rênu
de Ntula e de Kuntum
de Ôkuri e de Bandim
de Msurum
Varela e do Alto krim
de Klelé e de Brá

As sete djorson de Bissau
estarão presentes
as almas das katanderas
estarão presentes
Testemunharão o acto
os irans de João Landim
de Bula e de Farim
Os de Geba Cacheu
Wendu Leidi e Bruntuma
não faltarão

Os irmãos de Pecixe e de Jeta
juntarão os seus caminhos
com os de Caió e Calequisse
Os de Canchungo e Batucar
tomarão a bênção em Bassarel
Cô será o ponto de encontro
dos que sairão de Bula e Binar

Hóspedes de Bolor e de Bufa
serão recebidos
mas não terão palavra
nem os de Banta
de Bessassema
Cacine e de Caur
e nem as velhas almas de Kansala
É assim a lei
no consílio dos irans
Será aceite por todos?

Odete Costa Semedo, fragmento de No fundo do canto, 2003.

Para terminar, direi que o colonialismo não dominou em bloco as nações. Porque a liberdade de pensar existe, mesmo nas maiores ditaduras, existe sempre oposição aos sistemas. A liberdade das colónias, como a do Brasil, deveu-se a essa oposição interna, de cariz a um tempo maçónico e de esquerda. É bom por isso não esquecer que, nos anos setenta, não tivemos para nos alegrar só a independência das colónias africanas. Em 1974, também Portugal se viu livre do regime colonialista. Os poetas da Guiné-Bissau rejubilaram com isso. Lembremos que a sua nacionalidade, antes do 25 de Abril de 1974, era portuguesa. Esse júbilo manifesta-se no poema «Madrugada de cravos», de Francisco Conduto de Pina, que menciona um símbolo da revolução: o da criança a enfiar um cravo no cano da espingarda de um soldado.

madrugada de cravos
soldados — povo, dedos em v se estendem
destruindo a longa noite de sombra.

O dia azul
tecido de cravos vermelhos
crepita na terra

ardem nas veias cravos deste povo
geme o fado — a voz do povo
das espingardas nascem cravos
cravos vermelhos...

Francisco Conduto, Antologia poética da Guiné-Bissau

 

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Didinho: http://www.didinho.org/poesia.htm

Senegâmbia: http://senegambia.blogspot.com/

TriploV: http://www.triplov.com/guinea_bissau/poetas/index.htm

 

 

Maria Estela Guedes (1947, Portugal). Diretora do TriploV
ALGUNS LIVROS. “Herberto Helder, Poeta Obscuro”, Lisboa, 1979;  “Mário de Sá Carneiro”, Lisboa, 1985; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”, Lisboa, 1987; “À Sombra de Orpheu”, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”, Lisboa, 1993; “Tríptico a solo”, São Paulo, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”, Lisboa, 2008; “Chão de papel”, Lisboa. 2009; “Geisers”, Bembibre, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos em Portugal”, São Paulo, 2010; "Tango Sebastião", Lisboa, Apenas Livros Editora, 2010; "A obra ao rubro de Herberto Helder", São Paulo, Escrituras Editora, 2010. ALGUNS COLECTIVOS. "Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. TEATRO. Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez  e interpretação de Maria Vieira. 

 

 

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