Continuar os estudos ligando-se às actividades da
Barafunda é a prática, tanto para rentabilizar o trabalho dos/as
profissionais como para potenciar as dinâmicas de Barafunda e do seu
território de inserção. Assim, temos o Mestrado em Economia Social e
Solidária com Sandra Gonzaga, que surge de uma necessidade de procura de
respostas, de compreensão da realidade de (interven) acção da
“Barafunda”.
Com formação de base em Ciências da Educação na área
de Formação de Adultos, a actividade profissional está intrinsecamente
ligada à actividade da Associação que, por isso mesmo, por se tratar de
uma associação, possui características e modelos de acção, gestão e
intervenção distintos dos que caracterizam a empresa capitalista que tem
como objectivos o lucro. Esta situação vai dar origem à questão central
da investigação de Mestrado a empreender: “As Organizações da “Economia
Social” actuam de acordo com os princípios da “Economia Social e
Solidária?”. Neste seguimento, numa óptica de clarificação de conceitos
e atribuição de significado a estas lógicas, surge uma nova questão: “De
que forma as Organizações da “Economia Social e/ou Solidária” têm
potencial de sustentabilidade na resposta às necessidades emergentes?”.
É uma realidade que a existência e sustentabilidade
das organizações da Economia Social e Solidária (Associações,
Cooperativas, Fundações…) se ligam intrinsecamente com os Quadros
Comunitários de Apoio (Fundo Social Europeu), que iniciaram em 1989.
Numa altura em que estamos em plena vivência do QCA IV – QREN (Quadro de
Referência Estratégico Nacional) urge a necessidade de perceber como têm
sido sustentáveis estas Entidades - potencialidades, recursos e
dinâmicas criadas – e como se poderão potenciar a sustentabilidade das
mesmas após findos os Quadros Comunitários de Apoio.
O problema de partida para a investigação a
empreender (reforça-se que todo este processo está ainda numa fase
inicial e como tal a ser alvo de muita reflexão e leituras) é o
seguinte: “A sustentabilidade das Organizações da “Economia Social”, na
resposta às necessidades emergentes, está dependente dos apoios
públicos, sem os quais não funcionam?” Serão conceitos centrais desta
investigação os seguintes: Economia Social e Solidária; Sustentabilidade
/ Desenvolvimento Sustentável e Associativismo.
Sendo a “Barafunda” o objecto de estudo da
investigação a empreender, o objectivo será tentar compreender-se de que
forma esta Associação tem sido sustentável ao longo de 25 anos de
intervenção e qual o seu potencial de sustentabilidade.
Paralelamente, duas outras teses de Mestrado estão a
ser elaboradas tendem como campo de ancoragem a Barafunda. É a tese da
Ana Santos que inside sobre a liderança da Barafunda no feminino e a
tese de Rita Mendes sobre o Impacto do Centro Novas Oportunidades,
através do RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de
Competências) na vida das pessoas que obtiveram certificação escolar
e/ou profissional por esta via.
Estas propostas de dissertação apresentadas, que têm
como elo comum a “Barafunda”, pretendem ser um intercruzar de
perspectivas que possibilitam compreender os conceitos, teorias e/ou
mesmo ideologias, por detrás desta prática. Como afirma Rufino, Isabel
(2005)[1]:
1. Reforçar os sistemas de inovação em cada
território, na ligação com os demais territórios, passa por valorizar
(rentabilizar) as dinâmicas das associações (independentemente da sua
natureza), destaca-las como elementos que são do quadro do sistema de
ensino, de formação e de I&D, (re)colocando-as no papel de
impulsionadoras das dinâmicas do indivíduos, das PME e na aposta do
potencial das microempresas. Para o efeito, as associações devem ser
dotadas de recursos que possibilitem disponibilizar/facilitar o acesso
da informação ao cidadão (estimular o encontro intergeracional, a
afirmação individual e a partilha) que possibilite a cada actor e, por
isso, cada território ser mais dinâmico e competitivo. Impulsionar a
criação de condições que estimule a oferta informativa/formativa e a sua
apropriação pelos cidadãos, passa por criar estímulos às
associações/movimentos de cidadãos que potenciem o desenvolvimento de
serviços técnicos e de consultadoria (redes de informação), às pessoas e
empresas, e com estes (em rede nacional) a proposta para incentivar o
sistema de inovação em Portugal.
2. As modalidades de mobilização da participação dos
actores individuais (activos empregados/as ou desempregados/as e/ou
outros/as, na condição de assalariados/as ou empresários/as) ou
colectivos (empresas e associações/cooperativas) podem ser enquadradas
em modalidades de participação na mudança, segundo manifestações de
reclamação/acção, a quatro níveis de constituição/afirmação:
3. - A reivindicação, pressão (i) propriamente dita,
numa afronta entre pelo menos dois agentes com visões opostas no campo
dos interesses, que se assumem e declaram formalmente em oposição.
Trata-se de um modelo de combatividade visível, formalmente aceite nas
formalidades e legalidades de procedimentos, mais ou menos em
conformidade com o modelo democrático do Estado de Direito, onde há
direitos e deveres.
4. - O isolamento reactivo (ii) – que passa pela
criação de alternativas de fuga subtis (reminiscências das reacções ao
Estado não democrático de antes da revolução pela democracia em 1974 ) e
à margem do Estado de Direito, onde se enquadra a economia subterrânea,
a economia paralela, contrafacção, o trabalho não declarado (ao
domicílio ou outros).
5. - O isolamento “passivo” ou dependente (iii) –
que procura nas virtudes e falhas do sistema democrático de protecção
e/ou nas medidas desenvolvimentistas (programas de apoio a fundo perdido
ou outros) a satisfação das necessidade do momento presente, tanto mais
elevadas quanto mais susceptíveis de satisfazer pelos recursos
usufruíveis.
6. - A pressão/acção proactiva (iv) – aquela que
assenta na visão quadripartida dos comportamentos e, servindo-se da
realidade vivida, pela combinação destes quatro níveis (englobando-se a
si mesma), procura construir o presente perspectivando assegurar, por
via deste, o futuro.
É nesta última - A pressão/acção proactiva - que
queremos colocar a Barafunda. |