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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
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Estes desenhos são anotações e rabiscos selecionados por Aldemir Martins
e utilizados diuturnamente por ele. De certa maneira, são riscos
despretensiosos, já que não se destinavam a nada, senão a permanecerem
como memória no presente. Eles foram feitos e viveram para que o artista
nunca se esquecesse do vislumbre de uma forma que ele pressentiu num
certo dia. Rastros de um olhar para dentro. Um instante em que o artista
contemplou a sua própria alma. E é a esta suprema intimidade da arte e
do artista que agora temos acesso.
Contemplar o desenho de Aldemir Martins é penetrar num raro universo de
astros de luz própria, no qual podemos encontrar os seus pares, artistas
como Paul Klee, Jackson Pollock, Marc Chagall, Pablo Picasso, Henri
Matisse, Henry Moore, Juan Miró, David Hokney e Francis Bacon.
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DIREÇÃO |
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Maria Estela Guedes |
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JACOB KLINTOWITZ & ALDEMIR MARTINS
Rastros de um olhar para dentro |
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A linha fluiu com tanto fulgor que causa espanto que
ela seja somente constituída de grafite, carvão ou nanquim. É tão comum
hoje o uso de materiais fantasiosos para conseguir brilhos, relevo e
luminosidade na tela ou no papel, muitos deles produtos de vida breve
utilizados na decoração de festas populares, e, de repente, percebe-se
que nada disto é necessário, basta um lápis e uma folha de papel. |
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O desenho de Aldemir Martins revela a densidade e o
significado oculto do objeto. Ali estão o objeto e o paradigma platônico
do objeto, a coisa e o símbolo da coisa, o contorno do ser e a
representação perene dele. O desenho do artista, tão material como a
matéria, revela a essência. No gesto feito no infinito do instante o
universo está contido no desenho de um “galo”. A “cabra” revela a glória
da natureza que gerou esta virtude da forma perfeita e gerou o artista
capaz de definir o mundo num traço. O todo talvez esteja contido
inteiramente na parte. Este é um paradoxo encantador, a possibilidade de
encontrarmos o macro no micro. |
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Durante tantos anos os artistas e os teóricos
almejaram a arte total e ora a localizavam no teatro, na ópera, no
cinema, ora nos ambientes e instalações, em passadas, atuais e futuras
tecnologias e, sem mais aquela, descobrimos que um desenho, uma linha
negra sobre a folha branca – uma cabra, um galo, um pássaro, um homem
imantado pelo agreste – pode ser a arte total. |
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Jacob Klintowitz
(Brasil, 1941).
Jornalista, crítico de arte, escritor, editor
de arte, designer editorial. É autor de 90 livros sobre teoria de arte,
arte brasileira, ficção e livros de artista. Contato:
jklinto@uol.com.br |
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
Rua Direita, 131
5100-344 Britiande
PORTUGAL |
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