A cara de Pamela Lyall
ergueu-se da areia à espera de oportunidade
como uma bóia ao largo da Ericeira. Lembro-me
- embora não costume andar com estrangeiras -
que a mão com que apontou para o lado das rochas
tapava um restaurante, um poste de iluminação
uma criança e um barco. Cada um
a seu tempo. A igreja
era já velha e aí
se armazenavam instrumentos de carpintaria. Ao
pé da porta, encostados à parede norte, expunham-se
cartazes
do cinema. “Nem a oito era”, recordo
que uma mulher qualquer anunciou, saindo
duma loja de roupas, a tal
da montra simultaneamente elegante e solene, aonde
eu
compraria mais tarde o vestido de casamento
da minha mulher. Nessa rua
começava aliás algumas vezes a aventura
na adolescência. O tempo
de Tubo-Turíbio mistura-se
a uma e outra imagem. Tubo-Turíbio
magro, de dentes ligeiramente ingleses
bem vestido
casaco entre o mel das feridas e o branco
dos detidos. Surge subitamente
do passado
em cuecas de banho junto do mar imenso
o mar sagrado onde por hábito cósmico
não há Tubos-Turíbios. Se era tempo de chuva
o sobretudo azul-escuro ligava-se
ao guarda-sol de cana, propondo ambos
vagas alianças sórdidas e sóbrias.
O nome calhava bem: por isso lhe ficou
por isso o tabefe foi rasto
de quilha de barco. Nas folhas das tílias
ao redor da Escola
prendo agora a lembrança (velejadora) dum
soco guardado pelos séculos dos séculos:
Tubo-Turíbio, contaram-me há dias
morreu de cancro numa vila do interior.
E qual o dente ligeiramente inglês
que duma cova sair pôde já? |