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Este espaço sobrado duma folha
que não era nem poema nem minuto votado
ao silêncio minúsculo de quem procura
qualquer coisa pedra ou animal
dou-o a quem quiser
sem intenções reservadas
e sem qualquer objecto
lá no cimo e ao fundo.
Às vezes convém ter
memória engatilhada
na superfície súbita
dos outros
para que a escrita seja
redonda amarga azul
e conceda a beleza
- íntima humanidade –
de seis sete palavras
bruscas tranquilas leves
sem tragédia ou disfarce. |
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NICOLAU
SAIÃO [FRANCISCO GARÇÃO]
[Monforte do
Alentejo,1949, Portugal]
Poeta,
publicista, actor-declamador e
artista plástico. Efectuou palestras
e participou em mostras de Mail Art
e exposições em diversos países.
Livros: “Os objectos inquietantes”,
“Flauta de Pan”, “Os olhares
perdidos”, “Passagem de nível”, “O
armário de Midas”, “Escrita e o seu
contrário” (a publicar). Tem
colaboração dispersa por jornais e
revistas nacionais e estrangeiros
(Brasil, França, E.U.A. Argentina,
Cabo Verde...).
CONTATO:
nicolau49@yahoo.com |