Ver-te assim de lado como uma coisa
apenas, madeira e ferro servindo de
desculpa a tudo, ao mistério por e-
xemplo mineral do sexo: sob, entre,
em. Áustria, Istambul, Irlanda ou
simples e clara na quinta dos anos
idos, absolutos; e todas as memo-
rias escritas de talvez um lugar
convencional de orgias e sóbrios jan-
tares de família: daqui se parte
nupcialmente. Em tempos era então a ca-
rícia, a serra despovoada, o barco
futuro, enquanto nas raízes a chuva
ia deixando o lume de mortes e bom-
bas – edifícios tombando na infância
de quem sabe. Também
pinheiros depois e mãos de pais e
netos, cunhados, a multidão habitual
das mesas. As de um as de ou-
tros crescendo, renovando-se fixas.
Contava-se do mar em antigos prodí-
gios: braços cortados, uma rodela de
ouro, um seio deposto de resgate. Sol
na manhã nadando afirmando o princí-
pio escondido do rosto que se amou,
finalmente por nós guardado como tudo o
que sob a mesa se coloca. E
solidão e náusea e pedaços de pão
ressequido que os animais rejeitam. A pa-
lavra se senta enfim connosco avidamente
à mesa. E acha-se a vontade de possuir co-
mo no passado as tardes e de súbito se diz
sem resposta: essa a mesa estelar, a roupa
ardente de no púbis tocar-se como em estru-
tura grega. Depois, pausadamente, o móvel
que se inclina e erguido repousa no ar noc-
turno das moscas que a habitam. E em cima
se faz dela dia-a-dia como que usual lar-
gada de objectos antigos, bocados de tempo, os
excrementos, miolos de alimentos perdidos no
campo de casas como em branca solene
existência inteira.
Não há assim no Mundo
mesas de morte. |