Tanta coisa na infância
tanta coisa
- restos de peixe assado, uma cozinha
tão escura
a noite cheia de flores e luzes
e a brancura repelente dos homens
para quando
já não houvesse
nenhuma sombra no quintal.
Músicas e mortos.
Ondeia, ó árvore da manhã
sem que parar te possam.
Estas mãos, estes lumes, estes rostos
dalgum sítio vieram
e são como os de sempre: fumo e sangue.
Não há casas, não há casas
como as que sobram no canto
do velho pássaro sinistro.
A água tomba ao redor
do antigo galinheiro ora deserto.
Tanto silêncio
plic, ploc, pluc
através dos anos rememorados
A fresca voz do inverno
morreu de vez. Ah! um poema
sobre rosas que fosse
menos e mais que orgulho
dentro e fora de mim.
Preciso é crer, é crer
nos séculos sucedendo-se
domingo após domingo. |