Frio monumento
em que as patas dos insectos cavam poços
corredores negros e fímbrias de desertos
e o lugar natural da mão humana
Às vezes intocável às vezes semimorta
Um postiço na casa ou um momento
de velhos personagens aterrados
quando um ranger no solo nos alerta
para a morte dos outros utensílios
para a morte esquecida dos que assistem
às veladas nocturnas
Dá-se-lhe a volta como se dá à Terra
Como num mar disperso
e afastado
como num mar contínuo
como na areia dum novo continente
do papiro e da pedra mais antigos
assim fica reluzente e alucinada
- uma ossada total um pensamento extinto.
Pertença dos longínquos habitantes
entre as falésias rubras dos quintais
na praia das cozinhas
no espinhaço dos quartos
sublunares e ardentes
Sonolenta discreta erecta e vaga
intangível no seu sereno horror
sempre florido
Cadeira: móvel
vivo
e fixo
figura incomparável que se estende
como um fóssil interior
mineral a vogar na direcção de tudo
ou dentro das moradas com espigões e bandeiras
Signo castanho azul doirado branco
podre
- um monstro mudo e requeimado a olhar-nos. |