REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2010 | Número 07

   

 

sintadu na kafe
ku sintidu
na utru mundu

alma di poeta
kamba mar

amor di tejo
mansirka di um beiju bedju

Ndongle Akudeta (1)

DIREÇÃO

 
Maria Estela Guedes  
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MARIA ESTELA GUEDES

 

GUINÉ-BISSAU (2)

Exotismo e endotismo na

literatura pós-independência

Guiné-Bissau (1) - Exotismo e endotismo na literatura pós-independência

 
 
 
 
 
 
  3. Quando exótico é o 25 de Abril, etc.
 

De várias maneiras podemos orientar a literatura da Guiné-Bissau em relação aos ponteiros da bússola exótica e endótica. Entre elas, anotar que poetas como Tony Tcheka e Francisco Conduto de Pina se referem a um 25 de Abril exótico para eles, uma vez que já andaria longe das suas mentes e afectos algum sentimento de pertença à nacionalidade portuguesa. "O dia azul / tecido de cravos vermelhos/ crepita na terra", de Conduto de Pina, documenta pela via simbólica um acontecimento histórico decerto estrangeiro, por muito que o poeta tenha sido testemunha dele, pois na altura estudava em Lisboa. É um momento esfuziante para ele, atendendo a que na raiz da metáfora do azul e do crepitar se entrevê a expressão crioula que manifesta alegria Sol na iardi (arde, brilha o sol). Na Antologia Poética da Guiné-Bissau, Manuel Ferreira (2), prefaciador, além daquele, refere também o caso de Carlos Alberto Alves de Almada, por aludir igualmente ao 25 de Abril, e também ele pela via simbólica dos cravos - flores exóticas na Guiné-Bissau, admitindo que lá se cultivem. Almada escolhe a carta para evocar a revolução.

A epistolografia, para além de género literário, é esteio dramático em culturas com forte impacto de diáspora e exílio, como é o caso da bissau-guineense e da caboverdiana. A carta estabelece justamente um canal de comunicação entre o endótico e o exótico, o que está no interior do país e o que está fora do espaço identitário. Vários poetas recorrem à carta e, não recorrendo, com frequência referem a diáspora e deixam mesmo sobressair como causa de sofrimento a sua condição de seres exóticos em algum lugar estranho. É o que acontece no poema "Recordação demolida", de Mingas (Domingas Samy), que nos situa (por contágio com poemas dali datados) na floresta nevada de Varoneje, na URSS, para à brancura da neve opor o luto que baila nos olhos da enunciadora (parta-se do princípio de que quem fala é um sujeito feminino, ou mesmo uma mulher, avancemos mesmo que a autora), luto provocado por palavras verdadeiras de um seu interlocutor endótico, porém duras como mármore e cor de tinta da china. Forma bem subtil de opor a negra ao branco num espaço político cujo avanço de ideias torna a discriminação dolorosamente inesperada. Vejamos:

RECORDAÇÃO DEMOLIDA

Gostaria de guardar sempre comigo,
gostaria de guardar na minha mente
tua recordação branca
como a neve adormecida na floresta
Gostaria que ela ressuscitasse em cada Inverno
acariciando os meus olhos cobertos de luto.

Mas tu,
Meu Amor,
inocentemente borraste esta recordação
com as tuas palavras da cor da tinta de china
Demoliste esta recordação
com as tuas palavras duras como mármore
Queimaste esta recordação
com as tuas dolorosas e fogosas palavras.
Inocentemente demoliste esta recordação
com as tuas duras e verdadeiras palavras.

Domingas Samy (2)
 

Exótico é o estrangeiro no nosso tchon (chão, país), somos nós em terra alheia. E o facto não apela para ornatos nem sinais exteriores de riqueza, como referi na primeira parte destas notas (3), sim para transformações indesejadas no tecido político e social, como vemos em Abdulai Sila (4) e temos agora oportunidade de verificar, com o poema seguinte, de Helder Proença. O poeta revela mudanças provocadas em Bissau na sequência do estabelecimento da nova nação, devidas à corrupção dos costumes. Os elementos exóticos introduzidos no modo de vida bissauense pertencem a categorias várias, desde a prostituição à droga, passando pelas expressões em línguas estrangeiras e pelos bons carros adquiridos possivelmente em transações sujas:

Na certeza dos teus sonhos
de jardins suspensos
dum engate fixe do fim-de-semana
e de altas curtições
ao gosto de sol-praias
dos convívios-boîte e do jazz-band
excitando a confusão dos lábios, das luzes e do sexo:
A-A-A-Ahh... baby
O sabor drogante do teu destino badjuda n’a!
mas continua...
sepulta e bem sepultadinho
a dignidade em alcatifas confortáveis
(pelo menos sairá mais confortável, badjuda n’a)
Deixa exalar
não negues os bafos MINE COOPER e VOLVO

Helder Proença (5)

Situação idêntica é a do emigrante no estrangeiro, em que o elemento exótico é ele mesmo, o trabalhador africano, decepcionado em geral por não encontrar, nos países com cheiro a civilização, o Eldorado que esperava. Moema Parente Augel analisa com algum vagar o drama dos guineenses no exílio e na diáspora, chamando a atenção para o sentimento que os domina, o estranhamento, a inadaptação, o estar fora do espaço identitário ligado a no tchon (6). O desenraizamento é uma situação dolorosa, tanto como a falta de mãe à criança pequena, tanto como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Falta-nos tudo quando somos nós o elemento exótico, quando nos encontramos fora de no tchon (nossa terra), a começar pelo mais importante: a língua materna, no caso o crioulo, que pode ser leve e fundo. A língua guineense dispõe de formas para discriminar o falante exótico, pelo seu grau mais ou menos elevado de impenetrabilidade. Estamos já longe da guerra colonial, período durante o qual o crioulo assumiu características de código secreto para escapar à censura, na rádio, e à espionagem, no mato. Isso porém não obsta a que o kriol fundu continue a ser usado na poesia. O excerto seguinte de Huco Monteiro deixa-nos na expectativa de um dia virmos a entrar na sua lusófona floresta, apesar de pouco nela, à excepção do encantamento causado pelo familiar que não se conhece, nos parecer português. Sobre a ortografia usada, de resto a mesma do poema em epígrafe, de Ndongle Akudeta, já tive ocasião de me manifestar, no primeiro dos textos ultimamente escritos sobre a Guiné-Bissau (7). Na epígrafe, também em kriol fundu, temos outro exotismo inesperado, o Tejo - a opor ao Geba, entre os rios que deram à Guiné-Bissau o seu primitivo nome, Rios da Guiné (8) -, e uma imagem que vale a pena descodificar, pois significa que a alma do poeta é capaz de transpor o mar, para achar o seu tchon pela via afetiva e mental: alma di poeta/ kamba mar. Mais fundu kriol ainda, e por conseguinte mais endótico para o poeta e exótico para os europeus, é entretanto o do poema de Huco Monteiro:
 

Si anos i ris o simintera
Nteradu
Si no ka lanta pulga
I polon o bissilon
Pa N ka fala katakumba o mandjandja

Anos tudu i buruntuma

Mitidu na un tatcha di badodos
Na sangi di no Guiné
I kil un iardi di sukulubembe
I kil un malgosura di djagatu
I kil un badju di kusunde o di ngumbe

Bu fidjus tudu i buruntuma, Guiné.


Huco Monteiro (9)

 

  4. Não era nosso o Chão de Papel
 

Começando agora, direi que o meu livro "Chão de Papel", em despretensiosa edição da Apenas de Cordel, logrou sensibilizar muitos leitores, sobretudo no Brasil, que exigem de mim um acréscimo de responsabilidade pelo que escrevi. Graças a Adelto Gonçalves (10), a notícia da existência do caderno de poemas está a correr mundo, e graças a Ana Haddad (11) está a ser estudado nas suas aulas. Por sua interferência, outros professores da Universidade Nove de Julho, em São Paulo, o passaram igualmente aos alunos, de modo que a 25-27 de Outubro lá estarei, na UNINOVE, para contacto direto com os estudantes e com os professores que se interessaram por este livro africano. Uma das minhas palestras terá por centro o "Chão de Papel", e nela falarei da literatura pós-independência e das memórias de uma adolescente dos últimos anos de colonialismo na Guiné-Bissau.

Realmente eu vivi em Bissau os anos da minha formação, como diz Adelto Gonçalves, e nos mais próximos da infância interiorizei o Chão de Papel, ou seja, assumi como nosso/meu o espaço simbólico identitário dos meus colegas negros, mulatos, caboverdianos, e brancos-portugueses como eu, que se sentem, hoje, em Portugal, tão guineenses como papéis, mandingas e manjacos. Em Bissau, estava na minha terra; por redução afetiva, vivia em minha casa, e, com mais aproximação ainda, no ventre da minha mãe. Penso que é este o circuito emocional que nos liga à terra natal, no caso adotiva, e já o meu vocabulário patenteia todos os vínculos que configuram a nossa identidade emocional no relacionamento com aquilo que se designa como pátria - "Pátria é o lugar onde somos felizes", escreveu Aristófanes.

Isto para dizer que a frase do livro mais "ressignificada", para usar a expressão de Ana Haddad (11), é aquela que sai da boca de uma menina de doze anos, e que já não sou eu, era ela, no dia seguinte ao massacre do cais do Pidjguiti (ou Pindjguiti e outras formas), no momento em que almoçávamos, sentados à mesa, mãe, pai e ela/eu, na Ponta Júlio ou Abílio Henriques (confundo os nomes), em Santa Luzia: "Não estamos na nossa terra!".

Na tarde anterior, a menina andara a passear sozinha de bicicleta, pois sempre amou a solidão, e sobretudo a solidão da savana e, naquele local, o bocadinho de floresta a fazer cúpula de igreja às ruínas de uma fonte de pedra com sete bicas, a Fonte de Vaz Teixeira. Na Guiné-Bissau não há pedra, quem queria construir monumentos e edifícios tinha de a importar, o que quer dizer que aquela fonte era o resíduo de um qualquer palácio rodeado por jardim encantado. Nessa tarde, o sossego do passeio foi quebrado com um grande choro de mulheres que saíam aos grupos das palhotas, encaminhando-se para a estrada, decerto no fito de seguirem para a Praça. Encontro alarmante, anunciador de grande catástrofe. A menina não soube na altura o que acontecera, só mais tarde ouviu o sussurro do pai a contar à mãe, atemorizados ambos, que a polícia tinha disparado sobre um grupo de trabalhadores do cais. E então na sua mente há um interruptor que faz clique e ela entende algo que equivale a uma punhalada no coração, pois destrói todo o processo de construção de uma identidade em que Bissau era o seu tchon, a sua terra. A partir daquele momento, a repreensão dirigida aos adultos - Não estamos na nossa terra!, isto é, Não podemos comportar-nos em terra alheia como se estivéssemos na nossa, África pertence aos pretos e não aos brancos - coloca-a num outro mundo, a sua situação passa de autóctone a exótica, para retomarmos o fio de meada destas notas. Começava ali, com o triste episódio do cais do Pidjguiti, a guerra colonial. Hoje, o acontecimento é para os bissau-guineenses um marco heróico na luta pela independência, muitos poetas o referem, e acabará um dia por se transformar em mito fundador da nação.

É claro que a menina não sabia que o lema de Salazar, pouco tempo depois deste acontecimento, seria "Angola é nossa". Por extensão, todas as colónias eram terra dos portugueses, no tchon. Ela não sabia isso, assumiu por acidente uma posição política em absoluto contrária à ideologia da época, mas eu sei. Hoje, sei. Sei por isso que recebeu do pai uma bofetada que estava dentro das expectativas, seguida de um "Cala-te!" ou algo idêntico, igualmente no horizonte dos possíveis e prováveis. Em casa, vejo agora, vivíamos de acordo com o sistema político, fortemente controlado e censurado, que exigia silêncio. Noutra perspetiva, contada a história a partir de dois canais de comunicação, o dela e o meu, resta concluir que as memórias não são puras, por sobrecarga de significação.

Os poemas foram escritos em dois ou três meses, no ano passado, daí que um deles reconte a história do assassínio de Nino Vieira, tal como foi narrada nos meios de comunicação.  Hoje sabemos mais do que em Março de 2009 sobre o deplorável assunto.

Exceptuando o dedicado à morte do Presidente da República, Nino Vieira, mais nenhum poema é contemporâneo das memórias contidas em "Chão de Papel". Anoto porém que só a redação tem data; o processo de criação, anterior à escrita, não tem. Aos que se interessam pelo assunto, direi que, consoante a importância que o autor atribui a cada texto, assim a sua preparação demora mais ou menos tempo. No limite, estas notas que vou datar de 31 de Agosto, marinaram durante sessenta e três anos. Sem limites tão extremos, estou a preparar-me para ir à Guiné-Bissau... (Foi um lapso, mas não corrijo...), enfim, com limites menos radicais, estou a preparar-me para ir a São Paulo há uns meses, e não me sinto ainda muito segura, pois me faltam os livros dos poetas bissau-guineenses. Tenho vindo a trabalhar só com antologias e com o que apanho na Internet - um obrigada especial devo ao Didinho (12) -, o que é pouco. Finalmente, depois de tanta canseira, e da compilação de tanto material da Guiné-Bissau para o TriploV (13), este artigo levou umas quatro a cinco horas a redigir, ontem e hoje. O tempo de escrita é irrelevante, quando chegamos a ela, já trabalhámos durante meses ou anos na maturação ou mesmo na investigação em bibliotecas.

As memórias não são puras, repito. Os factos ocorreram, porém a interpretação que faz parte de qualquer texto, a inserção dos acontecimentos num espaço poético sintético e anti-lírico, como muito bem têm visto os leitores, e até os nomes das coisas, tudo isso vem com a maturidade, a experiência, o amadurecimento e o estudo.

Do processo de amadurecimento resulta a mais importante descoberta pessoal de todo este trabalho: a reconstrução da identidade nacional existe dos dois lados, as chagas não se podem invocar só para os africanos. Portugal, meus amigos do Chão de Papel e de outras pátrias, também ainda não cicatrizou todas as suas feridas.

 

Britiande, 31 de Agosto de 2010

 

 

CHÃO DE PAPEL
Maria Estela Guedes.
Prefácio: Nicolau Saião.
Lisboa: Apenas Livros Lda.
46 págs. 2009, 3,80 euros.
E-mail: geral@apenas-livros.com

 Site: www.apenas-livros.com

http://www.triplov.com/estela_guedes/chao-de-papel/index.html

 

 

(1) Em: http://djambadon.blogspot.com/

(2) Antologia Poética da Guiné-Bissau. Coordenação do Centro Cultural Português em Bissau e da União Nacional dos Artistas e Escritores da Guiné-Bissau. Prefácio de Manuel Ferreira. Lisboa, Editorial Inquérito Lda., 1990.

(3) Maria Estela Guedes, «Guiné-Bissau (1) - Exotismo e endotismo na literatura pós-independência». Revista Triplov, nº 6, em:
http://novaserie.revista.triplov.com/numero_06/maria_estela_guedes/index.html

(4) Maria Estela Guedes, «Poder e impotência em Abdulai Sila». Em:
http://www.triplov.com/estela_guedes/2010/abdulai_sila/oracoes_de_mansata/index.htm

(5) «Badjuda n'a», de Helder Proença. Em: http://lusofonia.com.sapo.pt/guine.htm

(6) Moema Parente Augel, O desafio do escombro - Nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro, Garamond Universitária, 2007.

(7) Maria Estela Guedes, "'N ba papia crioulo?". Em:
http://www.triplov.com/novaserie.revista/numero5/maria_estela_guedes/index.html

(8) Fernando Jorge Pereira Teixeira, "Reflexões de um nacionalista». O autor manifesta o desejo de ver mudado o nome da Guiné-Bissau para República de Rios, retomando o antigo nome de Rios da Guiné. No Didinho, em:
http://www.didinho.org/OSSIGNOSDANACAOEAEMERGENCIADASUAMUDANCA.htm

(9) Hildo Honório do Couto, «A poesia crioula bissau-guineense». Universidade de Brasília, Papia: 18, 2008, p. 83-100. Em:
http://abecs.dominiotemporario.com/ojs/index.php/papia/article/viewFile/64/55

(10) Adelto Gonçalves, «Poesia que brota de Bissau». Em:
http://www.triplov.com/novaserie.revista/numero_07/adelto_goncalves/index.html

(11) Ana Haddad, "Chão de Papel: Estrelas de uma memória ressignificada". Em:
http://www.triplov.com/novaserie.revista/numero_07/ana_haddad/index.html

(12) Um diretório com poesia da Guiné-Bissau em:
http://www.didinho.org

(13) Diretório Guiné-Bissau, no TriploV, em:
http://www.triplov.com/guinea_bissau/index.htm

 

 

Maria Estela Guedes (1947, Portugal). Diretora do TriploV
ALGUNS LIVROS.
“Herberto Helder, Poeta Obscuro”, Lisboa, 1979;  “Mário de Sá Carneiro”, Lisboa, 1985; “Ernesto de Sousa – Itinerário dos Itinerários”, Lisboa, 1987; “À Sombra de Orpheu”, Lisboa, 1990; “Prof. G. F. Sacarrão”, Lisboa, 1993; “Tríptico a solo”, São Paulo, 2007; “A poesia na Óptica da Óptica”, Lisboa, 2008; “Chão de papel”, Lisboa. 2009; “Geisers”, Bembibre, 2009; “Quem, às portas de Tebas? – Três artistas modernos portugueses”, São Paulo, 2010. ALGUNS COLECTIVOS. "Poem'arte - nas margens da poesia". III Bienal de Poesia de Silves, 2008, Câmara Municipal de Silves. Inclui CDRom homónimo, com poemas ditos pelos elementos do grupo Experiment'arte. “O reverso do olhar”, Exposição Internacional de Surrealismo Actual. Coimbra, 2008; “Os dias do amor - Um poema para cada dia do ano”. Parede, Ministério dos Livros Editores, 2009. TEATRO. Multimedia “O Lagarto do Âmbar, levado à cena em 1987, no ACARTE, com direcção de Alberto Lopes e interpretação de João Grosso, Ângela Pinto e Maria José Camecelha, e cenografia de Xana; “A Boba”, levado à cena em 2008 no Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, cenografia de Fernando Alvarez  e interpretação de Maria Vieira. 

 

 

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