LUZES DE BENGALA
Resultados científicos das colheitas de Newton (1)
Nota. A ordem pela qual surgem os trabalhos é a mais aproximada das explorações. A lista não é exaustiva, nem em relação a tudo quanto se publicou, nem à nossa bibliografia.
Nobre (1885, 1908, 1913) dá conta de moluscos coligidos por F. Newton e por Aguiar em época remota, em Lisboa (Helix lactea), Coimbra (Quinta das Lágrimas, Fonte dos Amores e Fonte das Lágrimas) e Aveiro (Planorbis cristata, Sphaerium lacustris).
Seabra (1898b) cataloga os morcegos da família Pteropodidae do Museu Bocage. Exemplares de Pteropus hipomelanus, Dilly, Sr. Fr. Newton (1857).
Seabra (1900) estuda os microquirópteros das colecções do Museu de Lisboa. Taphozous saccolaemus, 1 macho das Celebes, 1861, Sr. Frank, escrito saccolamus no Indice Methodico; Megaderma spasma, Java, 1861, Sr. Frank; Scotophilus temminckii, Java, Dr. Frank, sem data.
Seabra (1898c) continua o catálogo dos morcegos do Museu Bocage, entre eles Rhinolophus minor, 1 indivíduo de Timor coligido pelo sr. Frank em 1864, e 1 exemplar sem data coligido em Mattozinhos pelo sr. J. Newton.
Bacelar (1948) cataloga lepidópteros africanos do Museu Bocage, entre eles alguns coligidos por Newton no Daomé, Fernando Pó e S.Thomé.
Espécimes coligidos por Newton em 1865:
Leptosia alcesta f. nupta - Saudade, 1865, F. Newton
Danaida chysippus - Obó Vermelho, Saudade e S. Nicolau (1865), (F. Newton)
Melanites leda - Saudade, 1865, F. Newton
Charaxes monteiri - Saudade, 1865, F. Newton
Precis sinuata - Saudade, 1865, F. Newton
Acraea newtoni E. Sharpe, 1893 - Ilha de S.Thomé, Saudade (1865), 1 tipo.
Acraea niobe E. Sharpe, 1893 - Tipo e cotipos, Ilha de S.Thomé, Saudade (1865), S. Nicolau (F. Newton). O tipo, de Saudade, foi designado por Bacelar, por o exemplar de S. Nicolau estar incompleto.
Sem data: Acraea insularis E. Sharpe, 1893 - Ilha de S.Thomé, S. Nicolau, 800 m. (F. Newton). Exemplar único, incompleto, tipo.
Bacelar informa que a lista original de E. Sharpe se conservava arquivada no Museu Bocage. Não a encontrámos.
Fernandes (1958) cataloga tipos de insectos no Museu Bocage:
- Acraea niobe: “Um exemplar. Holotypus. Três etiquetas: - S. Thomé (F. Newton) - 13 - Saudade 1865 N -.”
- Acraea newtoni Sharpe: “Um exemplar. Holotypus. Três etiquetas: - Acraea newtoni (etiqueta nova) -- 15 -- Saudade 1865 N -.”
- Acraea insularis Sharpe: “1 exemplar. Holotypus. 4 etiquetas: - Acraea insularis (Type) E. M. Sharpe -- S. Nicolau 800 m -- Ex. unicum -- 14 - Estado: Mau, faltando-lhe as antenas e a asa anterior esquerda.”
Os números - 13, 14, 15 - correspondiam aos da lista original de Miss Emily Sharpe, segundo Bacelar.
CGRA[1] - Newton enviou ?? (não registado o nome de espécie), de ? (não registado o local de colheita).
Registo de Reptis do Ultramar[2]: Newton enviou Hemidactylus greeffii da Ilha do Príncipe, 1 juv.. Este facto é interessante porque antecipa a descoberta da espécie em S.Tomé, por Greeff.
Cardoso Junior (1902) só reconhece herborizações de Newton em 1881 e só em S. Vicente (Cabo Verde).
Henriques (1884) publica um catálogo das plantas coligidas por Newton entre 1881 e 1884, em Angola; em S.Thomé (Março de 1881); em Cabo Verde (S. Vicente, em Abril de 1881).
Os Fungi foram determinados por Winter. Os Lichenes, por Nylander, que descreveu as espécies novas Parmelia isidiza, do arraial de Cayonda e Homodium (Lygoderma) pernigratum da Huilla. As Algae foram classificadas por Nordstedt, Flahault e Wittrock. Este descreveu uma nova espécie, Pithophora microspora, de Pomangala e Quitibe, Rio Bumbo, lecta mense julii 1881.
Caulerpa toxifolia foi apanhada em Março de 1881, em S.Thomé, e Dictyota dichotoma e outras algas também em S.Thomé, em Abril de 1881. Em Abril de 1881, Newton coligiu Galaxaura fragilis em S. Vicente, Cabo Verde. Em Outubro de 1881, na Bahia de Mossamedes, colige Porphyra leucosticta, etc..
As Gramineae foram identificadas por E. Hackel, que descreveu as novas espécies Rottboellia agropyroides, do Lobango - campos cultivados de Humpata e Huilla -, Andropogon Newtonii, do Lobango; e Andropogon poecilotrichus, das margens do Nene, perto de Humpata. Newton também coligiu fórmas, caso de “Aristida congesta fórma pallens” e “A. congesta fórma violascens”. No total, o catálogo apresenta 124 espécies.
Henriques (1886a) cataloga as plantas coligidas por Capelo, Ivens, Newton, etc.. Capelo e Ivens coligiram no Coroccá. As plantas de Newton não têm data. Hoffman, de Berlim, classificou as 106 espécies. Newton coligiu Fimbristylis polimorpha na Serra de Cassauba.
Henriques (1889) cataloga mais plantas coligidas por Newton em Angola, Daomé e Ilha do Príncipe, determinadas por O. Hoffmann e por A. Cogniaux. Quem coligiu Grewia micrantha, no Hay, foi E. Newton. E quem coligiu Thysanurus angolensis, na Huilla, foi Mewton.
CGRA - Newton enviou Draco timoriensis e Mabuia sp.? de Timor.
CGRA - dá conta da presença de Newton em S.Thomé, de onde enviou, em matéria de répteis e anfíbios, duas remessas de Naja melanoleuca, a cobra preta.
Nobre (1886), a pretexto de referir os moluscos coligidos por Moller em S.Thomé no ano anterior, diz ter nas suas colecções exemplares enviados pelo seu amigo F. Newton (usa sistematicamente a expressão nosso amigo) de S.Thomé, Príncipe, Moçâmedes, Banana, Congo, Fernando Pó, Freetown, outras localidades da Africa occidental, Cabo Verde, Bolama, ilha de Orango (Bijagós). Dedica a nova espécie, Cyclophorus Vandellii, a Domingos Vandelli, não indicando o colector, e Cyclophorus Molleri a Moller, apesar de os exemplares terem sido enviados por Francisco Quintas.
Bocage (1886a) - a Universidade de Coimbra pedira-lhe que classificasse uma colecção de répteis e anfíbios de S.Thomé. Bocage não faz referência a Moller e atribui a Newton as colheitas. Lista as espécies já conhecidas e apresenta duas novas: Hemidactylus greeffii, osga sem garras, que compara com outras, entre elas H. frenatus de Timor; e uma rã, Rana Newtonii, do Rio de Água Grande. Diz que os resultados da exploração de Greeff foram pobres, o que demonstra a pobreza de S.Thomé em vertebrados terrestres. Greeff mencionara Philothamnus thomensis, Boodon capense, Naja haje var. nigra, Siphonops thomensis e os cágados Sternothaerus Derbianus. “Diz o Dr. Greeff que esta especie vive nos rios da Cordilheira de S.Thomé. Não a encontrou nunca nas suas excursões, mas obteve quatro exemplares que refere á especie citada. Ainda a não recebi de S.Thomé, o que nos faz crer que seja rara como o dr. Greeff afirma”. Greeff mencionara ainda Scalabotes thomensis, osga que, por se encontrar só no Ilhéu das Rolas, achava preferível chamar-se Rolasi. Newton ainda a não tinha podido mandar. Há ainda Euprepes notabilis - Greeff ofereceu exemplares a Bocage, mas Newton também mandou da Roça Saudade. “Só se tem encontrado no Chinchoxo, Congo, onde depois de porfiada lucta conseguiu Portugal estabelecer o seu dominio”. Finalmente, Mocoa africana (Rolas), Boodon capense, Naje haje, Onychocephalus caecus e Arthroleptis calcaratus. As duas rãs novas que vai descrever, diz que a partir de exemplares enviados por Newton, parecia viverem no local onde Greeff residiu, pois este alude a elas de forma vaga.
Bocage (1886b) descreve as espécies novas, Hemidactylus Greeffi, Rana Newtonii e Hyperolius thomensis; esta é uma rã arborícola.
Bocage (1897a) refere a existência, no Museu Bocage, dos tipos de Rana Newtonii (Agua Grande), de Rappia thomensis, em cuja sinonímia lança Hyperolius tomenris (Roça Saudade e littoral), exemplares coligidos por Newton; e de Hemidactylus Greeffi, exemplares de Greeff, Moller e Newton. O tipo é o de Greeff. Não há referência ao juvenil enviado em 1881.
Bocage (1886c) - as primeiras remessas de Newton tinham ido para o Museu de Coimbra, que agora pede a Bocage que examine exemplares de osga coligidos por Newton. Bocage afirma que pertencem à espécie Hemidactylus mabouia, daqui concluindo que há duas espécies de osga em S.Thomé do género Hemidactylus. H. mabouia é de larga distribuição e também se encontra na América.
Vieira (1886) noticia mamíferos e aves de S.Thomé coligidos por Moller. Os répteis e anfíbios foram todos determinados por Bocage: Hemidactylus Greeffii sp. nov., H. mabouia, Euprepes notabilis, Mocoa africana, Boodon capense, Philothamnus thomensis, Naja haje var. nigra; Siphonops thomensis, Rana Newtonii sp. nov., Hyperolius thomensis sp. nov.. As duas últimas são as malfadadas rãs descobertas por Moller que Bocage atribui a Newton e dão pretexto a polémica. Newton não figura nos catálogos do Museu de Coimbra publicados por Themido.
Confrontando esta lista com a publicada por Bocage, verifica Vieira que ainda faltam ao Museu de Coimbra o cágado Sternothaerus Derbianus, a osga Scalobates [Ascalabotes] thomensis, a cobra Onychocephalus caecus e a rã Arthroleptis calcaratus. Vieira esclarece que o exemplar de Rana Newtonii foi coligido por Moller e não por Newton.
Bedriaga (1892), (1893a,b) - polémica com Bocage por causa das colheitas de Moller e Newton em S.Thomé.
Bocage (1892c,d,e), (1893d) - polémica com Bedriaga.
CGRA - Newton coligiu a osga Hemidactylus Brookii em Nhogué (Ajudá); em 1886 também esteve em Angola, Lobango, onde coligiu Chamaeleo dilepis. De Timor enviou Varanus timoriensis.
Nobre (1937) cataloga moluscos coligidos por Newton, em 1886, em Timor.
Registo de reptis do ultramar - Newton enviou duas remessas de Agama colonorum de Ajudá e Hemidactylus greeffii da Roça Saudade (S.Thomé).
Prain (1934) revela que Newton coligiu a gramínea Urochloa insculpta em Ajudá, informação aliás polémica, pois Exell não tem conhecimento da existência desta espécie no Daomé.
Bocage (1887c) descreve novas espécies de aves de S.Thomé, Cinnyris Newtoni - 3 machos adultos: 1 da exploração Moller (pertence ao Museu de Coimbra), dois coligidos por Newton em Dezembro de 1886, sem localidade. E Prinia Molleri - 1 indivíduo da exploração Moller, enviado por Lopes Vieira.
Bocage (1896b) refere a existência, no Museu Bocage, dos tipos de Cyanomitra Newtonii, em cuja sinonímia lança Nectarinia Newtonii, exemplares de Newton e Moller; e de Prinia Molleri, Moller.
Sousa (1887a) lista 16 espécies de aves do Daomé da exploração de Newton.
Oustalet (1898) repete a lista das aves de Newton publicada por Sousa.
Henriques (1886) faz uma pequena nota biográfica sobre Francisco Newton, diz que aprendeu botânica com o pai e refere as suas colheitas no Dohamey e em S.Thomé. Nylander classificou os líquenes: Parmelia tinctorum e Caccocarpia molybdaea, Saudade.
Henriques (1887) fornece uma lista de plantas coligidas por Newton no Daomé e na Ilha do Príncipe em 1886, determinadas por botânicos estrangeiros. As hepáticas por F. Stephani e publicadas no jornal Hedwigia, de onde as transcreve; uma delas é dedicada a Newton, Cheilo-Lejeunea Newtoni, da Ilha do Príncipe. Os fungos estavam a ser estudados por Roumeguère. Hackel determinou as gramíneas, Ridley as ciperáceas e orquídeas, Baker os fetos, e as 14 espécies de líquenes foram classificadas por Nylander. Informa que o naturalista tem estado em S.Thomé, Príncipe e Ajudá, e que também enviou uma colecção de rochas. Entre as plantas, salientem-se as novas espécies Ctenium Newtonii Hackel, de Zumbodji (Daomé); e Angraecum Henriquesianum Ridley, da Ilha do Príncipe, Julho de 1886.
CGRA - De S.Thomé, Newton enviou Rappia thomensis; de Óque S. João (Príncipe), Feylinia polylepis.
Registo de reptis do ultramar - Newton enviou Mabuya maculilabris da Ilha do Príncipe.
Nylander (1887) publica uma lista de líquenes coligidos em 1887 no Príncipe.
Bocage (1887a) lista os exemplares de répteis coligidos no Daomé e no Príncipe. Daomé: 13 espécies. Novas para a ciência: Stenostoma brevicauda, cobra cega subterrânea, e Atractaspis dahomeyensis, serpente encontrada em Zomaï. Cita a carta de Newton sobre feiticismo. Príncipe: oito exemplares, entre os quais uma variedade nova: Feylinia currori Gray, var. polylepis, sem outra indicação de habitat.
Manaças (1951), a propósito da distribuição muito localizada na África ocidental dos lagartos Lygosoma guineense Peters, refere o facto de Newton os ter coligido em Vodunhem-Bamé, perto de Ajudá.
Bocage (1897a) refere a existência, no Museu Bocage, do tipo de Feylinia polylepis e de Stenostoma brevicauda. Não refere o de Atractaspis dahomeyensis.
Bocage (1887b) descreve uma nova espécie de mamífero, Sorex (Crocidura) thomensis. 1 exemplar, Newton, Roça Minho, 800 m. Raro.
Bocage (1897a) - no Museu Bocage havia o tipo de Crocidura thomensis.
Bocage (1887d) acusa a recepção de 6 exemplares de aves remetidas por Quintas ao Museu de Coimbra, representando seis espécies, entre as quais duas novas para a ilha: Onychognathus fulgidus, Turturoena Malherbi (considerada exclusiva do Gabão); Columba arquatrix, var.? - nova para S.Thomé e para a África ocidental (conhecida apenas da África austral e da Abissínia). O paralelo de Pungo Andungo marcava-lhe a fronteira. Conta com Newton para esclarecer a situação.
Osorio (1887a) cataloga os crustáceos coligidos por Newton no Príncipe.
Osorio (1887b) lista as espécies de crustáceos do Museu de Lisboa, algumas representadas por exemplares coligidos por Newton em S.Thomé e no Daomé.
Sousa (1887a) lista as cinco espécies de aves coligidas no Príncipe, em Março: Halcyon dryas e Ceryle rudis, do Rio Papagaio; Dicrurus modestus, Lamprocolius ignitus e Treron calva - Óque S. João. Dohrn, que estivera na ilha em 1865, menciona 34, entre elas Nectarinia Fraseri, com o nome vulgar de Siwi-barbeiro-grande.
Saccardo e Berlese (1889) publicam uma lista de Mycetes, entre as quais duas coligidas por Nexton em 1887 no Príncipe. Nova para a ciência, Stereum pulchellum.
Nylander (1887) publica a lista de líquenes coligidos por Francis Newton em 1887 no Príncipe e ilhéus das Cabras.
Bacelar (1948) cataloga lepidópteros africanos, entre eles alguns coligidos por Newton no Daomé, Fernando Pó e S.Thomé. No Daomé (não há datas), Newton coligiu em Gebé, Passé, Apé, Aglimé, Zomai, Lama, Ajudá e Abomey.
Registo de Reptis do Ultramar - Newton enviou Mabuia maculilabris de S.Tomé, n.v. Obó vermelho.
Bresadola e Roumeguère (1890) determinam plantas coligidas por Newton em 1887 e 1888 no Príncipe e em S.Thomé.
Bocage (1888b) descreve nova espécie de ave para S.Thomé, Phaeospiza thomensis.
Bocage (1888c) lança Phaeospiza thomensis em sinonímia.
Bocage (1888d) refere novo envio de aves de S.Thomé: dez espécies.
Bocage (1888e) enumera as aves coligidas por Newton em S.Thomé. Novas para a ciência, todas dos Angolares: Ambliospiza concolor, Scops scapulatus e Columba arquatrix var. thomensis.
Bocage (1896b) refere a existência, no Museu Bocage, dos tipos de Ambliospiza (Ambliorpisa na sinonímia) concolor, Scops scapulatus e Columba thomensis.
Henriques (1889b) transcreve um artigo de Bresadola e Roumeguère, publicado na Revue Mycologique, que inclui plantas coligidas por Newton em S.Thomé e Príncipe em 1887 e 1888.
CGRA. No Ilhéu das Rolas, Newton coligiu Mabuia macorlilocons [M. maculilabris]; e Philothamnus thomensis (cobra Soá-Soá), cuja localidade só tem ponto de interrogação.
Registo de reptis do ultramar - Newton enviou Mabuia maculilabris do Ilhéu das Rolas. Newton envia o lagarto Mabuya maculilabris (=Euprepes notabilis) de toda a parte. É uma espécie vulgaríssima no continente.
Stiasny (1939) cita Leptogorgia varians, gorgónia coligida em Agosto de 1889 nas Rolas por I. Newton.
Henriques (1889a,b) cataloga plantas africanas, entre elas algumas coligidas por Newton.
Henriques (1900a) fala de Nylander e de duas espécies a dedicar a Newton que Nylander entendera deverem ter a autoria de Henriques.
Bolívar (1889) cataloga ortópteros africanos. Coligidos por Newton em S. Thomé: Polyspilota striata Stoll., e uma espécie nova, Bactrododema miliaris, muito interessante por nos tarsos ter cuatro artejos en vez de los cinco normales.
Fernandes (1959) informa não ter encontrado o tipo de Bactrododema miliaris Bolívar, com quatro artelhos em vez dos cinco normais.
Osorio (1889) publica os resultados carcinológicos das colheitas de Newton. Gecarcinus ruricola, o exemplar a que faltava um fragmento, foi encontrado no hospital. A espécie considerada venenosa é Calappa rubroguttata. Quanto ao crustáceo que se refugiava num pedaço de pitch pine que ele próprio escavara, e usava como escudo, é Dromia spinirostris. O que habitava a semente de coconote pertence à espécie Cenobita rugosus, e Osório pensa que é a primeira vez que se menciona o facto de um paguro se alojar em substância vegetal. Entre os crustáceos do Príncipe surge Petrochirus cavitarius Ozorio, sem mais nenhuma informação.
Osorio (1890) continua o catálogo dos crustáceos coligidos por Newton em 1889 em S.Thomé, Príncipe e Rolas. Espécie nova para a fauna de S.Thomé, Panulirus regius Capello (já encontrada em Cabo Verde). Thalamita integra, já assinalada para S.Tomé, é americana (Ilhas Sandwich e arquipélago Pomotu), com a var. africana nas Canárias. Mais espécies americanas de água doce em S.Tomé: Palaemon Olfersi (Antilhas, Brasil), Athya scabra (ilhas do México). Espécie nova para a ciência, Ocypoda Edwardsi - Príncipe.
Bocage (1889a,e) publica a descrição de uma nova espécie de morcego, Minopterus Newtoni, a terceira até então conhecida em S.Thomé e estuda as outras.
Bocage (1897a) refere a existência, no Museu Bocage, do tipo de Miniopterus Newtonii.
Bocage (1889c) faz considerações sobre a fauna de S.Thomé, indicando as espécies de ave ali descobertas por Newton: Scops scapulatus, Chaetura sabinii (andolim), Zosterops ficedulina var.? (selé-lé), Ambliospiza concolor, Comatibis olivacea (galinhola), Totanus glareola, Strepsilas interpres, Ortygometra egregia, as três últimas muito recentemente descobertas nas praias de Diogo Nunes e Fernão Dias, a norte da cidade.
Naurois (1985) informa que a primeira indicação sobre a existência de Chaetura thomensis Hartert vem de Bocage (1891), dadas as colheitas de Newton em S.Thomé. Bocage identifica o martinet como Chaetura sabini Gray, n. ind. Andolim, andorinha. Naurois lamenta que o incêndio de 1975 tenha destruído os exemplares, Bocage não reparara que a espécie era nova. Frade descobriu-a no Príncipe em 1954.
Bocage (1889d) acrescenta à ornitologia de S.Thomé duas espécies, Euplectes aureus, conhecida de Angola, e outra nova para a ciência, (Dreptes?) Nectarinia thomensis, de que Newton coligira três exemplares em S. Miguel, com a indicação de serem fêmeas. Bocage pensa que são machos e aguarda mais exemplares para comprovação. Menciona ainda exemplares coligidos em localidades virgens de toda a exploração, como S. Miguel, Iogo-Iogo, Ilheo das Rôlas, e entre eles Numenius phoeops e Graculus africanus do Rio Cuija.
Bocage (1896b) refere os tipos de Nectarinia thomensis.
Bocage (1889f) publica uma lista de 20 espécies de aves já conhecidas de S.Tomé, mas de localidades interessantes. Entre outras, Terpsiphone atrochalybea e Prinia Molleri, do Rio do Ouro; e Lepturus candidus, do Ilhéu das Cabras.
Girard (1890a) anota que Newton acaba de enviar Sepia hierredda de S.Thomé, Agosto de 1889.
Seabra (1908) refere a existência de um macaco, Cercopithecus mona, no Museu Bocage, coligido por Newton em S.Tomé em 1889. O primeiro naturalista a referir a sua presença na ilha foi Greeff, mas é natural que os macacos tenham sido introduzidos antes dele pelos colonos.
1890
CGRA - só regista Hemidactylus dysceffu [greeffi] coligido nas Rolas.
Bocage (1890a) refere exemplares de um mamífero, Graphiurus murinus, de Caconda e Cuango, muito semelhantes a um que Newton enviara de Ajudá.
Bocage (1890) descreve nova espécie para a ciência, Typhlops (Onychocephalus) Newtoni, de que Newton coligira um exemplar nas Rolas. As Typhlops são cobras cegas e subterrâneas.
Bocage (1897a) refere a existência, no Museu Bocage, do tipo de Typhlops Newtonii.
Bocage (1891a) divulga as aves coligidas em 1890, representando mais de 40 espécies, entre as quais há uma nova e várias interessantes. As interessantes são as exclusivas de S.Tomé. Nova: Lanius (Fiscus) Newtoni - cinco exemplares, machos e fêmeas, coligidos em S. Miguel e Rio Quija, em 1890.
Bocage (1896) - havia tipo de Fiscus Newtonii no Museu Bocage.
Seabra (1900) estuda os microquirópteros das colecções do Museu de Lisboa. Três exemplares de Miniopterus Newtonii Bocage, 1889, sexo indeterminado, coligidos por Newton em S.Tomé em 1890, além do tipo, 1 macho de Ribeira do Peixe, 1891, Newton. Quer isto dizer que a nova espécie foi descrita antes de existirem os exemplares.
Girard (1890b) anota que Newton acaba de enviar Octopus tuberculatus de S.Tomé - Iogo-Iogo.
Osorio (1891a) divulga as espécies de peixes marinhos de S.Thomé, Príncipe e Rolas. Entre eles vem o Cáqui, Holocentrum longipinne; o Gorpinho, Serranus capreolus; o Sabão, Rhypticus saponaceus, que na Martinica se chama Savon e Jabonsillo na Havana; o Vêmé-téla, Lutjanus Maltzani; a Corvina, Lutjanus jocu; o Pabalá, Lobotes auctorum; o Parente, Gerres melanopteres; o Vermelho-fundo, Dentex macrophtalmus; e o Pargo, Dentex filosus. A propósito de um exemplar de Lichia amia do Museu de Coimbra, pergunta se será um híbrido de L. amia e L. glauca ou uma espécie nova. Espécies novas: Sphyraena Bocagei, Ilheo das Rolhas, Praia das Conchas e Iogo-Iogo, e Julis Newtoni, sem data nem local, nenhuma informação, excepto a dedicatória ao valente e distinto naturalista F. Newton. Nomem nudum, mas acoplando Júlio Henriques aos Newton. Daí o J. Newton.
Osorio (1891b) divulga as espécies de crustáceos de S.Thomé e Rolas, duas novas para S.Tomé: Penaeus velutinus e Gonodactylus Folinii.
1891
CGRA - informa que Newton neste ano foi ao Lobango, onde coligiu Chamaeleo anchietae. Bocage (1897b) confirma que no Museu de Lisboa havia exemplares de Chamaeleo anchietae coligidos por Newton no Lobango, sem indicar em que data. Mas Newton, neste ano, ainda coligiu rãs, Rappia plicifera, em Cabo Verde, Ilha de Santo Antão. A herpetologia não tem conhecimento da existência de rãs em Cabo Verde.
O Príncipe Bonaparte (1915) refere que plantas do seu herbário foram coligidas por Francis Newton no Príncipe e em S. Tomé.
Bocage (1891b) publica a descrição da quarta forma de morcego de S.Thomé, aquela que Newton conhecia a mais, Phylorhina Commersoni var. thomensis - fêmea de Roça Saudade, macho de Ribeira Peixe, nome vulgar Guimbu.
Naurois (1973) diz que os íbis de S.Thomé nunca mais tinham sido encontrados por nenhum naturalista, só existiram em muito pequeno número nos museus. Entre eles, Bostrychia bocagei, de que Newton enviara exemplares a Bocage.
Frade (1924) anota a existência de exemplares de Ibis no Museu Bocage, coligidos por F. Newton em S.Thomé, em Agosto de 1889 em S. Miguel e em Junho de 1891 na floresta de Budo Tapana. Frade não conhece Budo Tapana, diz que deve ficar perto da Roça Uba-Budo. Bocage (1905) refere que Newton coligiu Comatibis olivacea (Du Bus) em Budo-tapana, S. Miguel, Florestas e Triumpho. Budo quer dizer pedra.
1892
LISU (Herbário do Jardim Botânico de Lisboa) - fungos, líquenes e algas coligidos em Santa Cruz e exemplares indeterminados da margem da Lagoa Ápata, a 220 m alt - Ano Bom, Dezembro de 1892.
Machado e Costa (1936) informa que na sala geo-mineralógica do Império Colonial do Museu Nacional de Lisboa havia uma colecção litológica de 137 amostras, colhidas e triadas em S. Tomé e no Príncipe, enviadas por Newton em 1892; estas rochas não foram ainda estudadas, conquanto representam os únicos traços petrológicos desta região do Império Colonial existentes nos Museus de Lisboa, escreve ele.
Registo de reptis do ultramar - Newton enviou Agama colonorum de Ajudá. Hoje esta espécie chama-se Agama agama, muito vulgar. É um lagarto doméstico, que os colonos gostavam de ter em casa por se alimentar de insectos e também por ser um belo animal.
Girard (1892) descreve duas novas formas de molusco terrestre de Fernando Pó, Ennea Newtoni e Ennea cavidens var. Fernando-Poensis, apesar de Newton só ter estado de passagem em Santa Isabel.
Osorio (1895b). Espécies de crustáceos coligidos por Newton no Daomé: Ocypoda Edwardsi Osorio (já referida para o Príncipe) e Penaeus brasiliensis.
Bocage (1892b) publica uma lista de dezasseis espécies de aves de Ajudá, das quais treze resultam das colheitas de Newton em Janeiro, em localidades como Zamaï. Zomaï é um bairro de Ajudá.
Bocage (1896a) enumera as espécies de répteis e anfíbios das possessões portuguesas africanas representadas no Museu de Lisboa e começa logo por dizer que as colecções são modestas. Daomé - tudo coligido por Newton sobretudo em 1886, durante o efémero protectorado português: Hemidactylus brooki, H. stellatus, Agama colonorum var. picticauda, Varanus niloticus, Lygosoma guineense, Chamaeleon senegalensis, Typhlops punctatus, Stenostoma brevicauda, Graya triangularis, Scaphiophis albopunctatus, Coronella regularis, Philothamnus semivariegatus, Dipsas blandingii, Atractaspis dahomeyensis e Vipera arietans.
Seabra (1900) estuda os microquirópteros das colecções do Museu de Lisboa. Entre eles, um macho de Megaderma frons, coligido por Newton em Ajudá, em 1892.
Osorio (1892a) divulga a fauna de crustáceos em novas localidades de S.Thomé, como Portinho, Rio Gumoela (Atya scabra) e Rio Gamoela, onde Newton coligiu Palaemon Jamaicensis, das Antilhas, já encontrada em Benguela, e que em S.Thomé se aclimatou nas correntes de água doce e vive a relativa altitude. Actea margaritaria e Alpheus intrinsecus são novas para a ilha. Nova para a ciência, Alpheus tuberculosus, de Iogo-Iogo.
Osorio (1892b) continua o catálogo dos peixes marinhos de S.Tomé, Príncipe e Rolas. Uma variedade nova de Deprane punctacta, Africana. Osorio pergunta se os exemplares deste género, Drepane, até então conhecido apenas do Índico e costa da Austrália, serão nova espécie ou variedade nova (Rolas). Newton também coligiu Pomacentrus leucostictus em Malange (Iogo-Iogo). Eneias aporta a Drepane, hoje Trapani, na Sicília.
Newton (1895) publica A vegetação em Ajudá. Refere a Elaeis guineensis, a Adansonia digitata, o Bombax, os coqueiros, outras palmeiras, entre elas uma invulgar em Ajudá, Raphia cinifera, de que havia um exemplar coberto de ninhos de Ploceus intermedius. Fala também do tamarindo, mangueiras, etc., e usa a escrita híbrida pelo menos em Maniet - mandioca.
Newton faz uma conferência no Ateneu Comercial do Porto e oferece ao Museu do Ateneu os objectos etnográficos a que se refere nas cartas, dizendo que há armas entre eles. São os seguintes, de acordo com o Relatório do Ateneu de 1892. Em negrito, o que não nos oferece dúvidas -
2 amostras de algodão de Dahomé.
1 manilha de cobre de Cubaes de Mossamedes.
1 collar feito de raizes e usado pelos Ba-Cubaes de Angola no sertão de Mossamedes.
1 cesto para guardar manilhas de Dahomé.
1 objecto de barro para feitiço de Dahomé.
1 objecto de madeira para feitiço de Dahomé.
2 contas (missanga) de Náná, com bastante valor em Dahomé.
2 amuletos de soldados dahomeanos.
1 objecto de feitiço de Dahomé, com cauris.
1 collar dos Bubis de Fernando Pó, com fragmentos de conchas.
1 collar feito de fragmentos de conchas de Fernando Pó, usado pelos Bubis.
2 feitiços de Dahomé, priapo dahomeano.
1 pote de barro de Dahomé, para feitiço.
5 tabaqueiras do Gabão.
1 manilha de Mahi do Dahomé.
1 manilha de Mécó do Dahomé.
1 amuleto de couro com cauris do Dahomé, para pescoço de cavallo.
7 chapeus dos Bubis, de Fernando Pó.
1 pulseira feita de vertebras de cobra, do Dahomé, usada como ornamento.
1 collar com sementes de feitiço do Dahomé.
1 objecto com que os dahomeanos pintam as pálpebras.
2 pares de brincos dos Bubis, do Dahomé.
1 pulseira de fragmentos de conchas, de Fernando Pó, dos Bubis.
9 collares dos Bubis, de Fernando Pó.
1 collar com casca de arvore venenosa do Dahomé.
1 manilha dos Bissagos, da Guiné Portugueza.
1 bracelete de latão usado pelos Papus, da Guiné Portugueza.
1 bracelete de cobre dos Cubaes, de Angola, artisticamente feito.
2 collares de sementes, dos Cubaes de Angola.
1 collar de fragmentos de gramineas dos Cubaes de Angola.
6 objectos para limpar ouvidos, do Dahomé.
1 amuleto de soldado dahomeano, o sacco contém sementes de Sterculia; acuminata, unha de leopardo, symboliza a força, objecto difficil de obter.
2 manilhas de ferro, usadas pelos Munhambécas, da Huilla - Angola.
1893
CGRA - acusa a existência do tipo de Mabuia osorii, coligida em Ano Bom em 1893.
Registo de Reptis do Ultramar: Newton enviou Mabuia maculilabris de Cassoneca (Angola), e Mabuia osorii de Ano Bom.
LISU - plantas indeterminadas de Ano Bom, 1893; e outros exemplares, de Janeiro de 1893 (Acetabularia sp.).
Sobrinho (1953) enumera plantas do LISU resultantes das colheitas de F. Newton em Janeiro de 1893. Segundo o autor, apesar de a colecção ser pequena, é a mais significativa feita até então em Ano Bom.
Girard (1893a) divulga a colecção de conchas S.Tomé e Príncipe do Museu Bocage, constituídas na maior parte por exemplares coligidos por Newton.
Germain (1908) descreve uma nova espécie de mollusco de S. Tomé, Veronicella gravieri, alertando para o facto de que bem pode tratar-se da nova espécie descrita por Girard a partir de um exemplar coligido por Newton en Bindá, Veronicella thomensis.
Bocage (1893a) faz uma nota sobre duas espécies novas de aves remetidas por Newton de Ano Bom, Terpsiphone Newtoni, n. indígena, Bibi; e Zosterops griseovirescens, maior que Z. ficedulina do Príncipe, cujo nome indígena é Bichili. Newton dizia que era a ficedulina.
Bocage (1896b) - no Museu Bocage havia tipos de Terpsiphone Newtoni e Zosterops griseovirescens.
Bocage (1893b) lista os exemplares de mamíferos, aves e répteis de Ano Bom. Mamíferos: um morcego só identificado pelo género, Cynonycteris, e Mus musculus, o rato. Aves: 14 espécies, entre elas Mylvus aegyptius, raro. Répteis: Hemidactylus mabouia, Lygodactylus thomensis, Mabuia Ozorii n.sp., Lygosoma africanum, Philothamnus Girardi n. sp..
Bocage (1893c) descreve as novas espécies já antes anunciadas, Mabuia Ozorii (Scincidae) e Philothamnus Girardi (Serpentes).
Bocage (1897a) - havia tipos de Mabuia Osorii e Philothamnus Girardi.
Osorio (1893) continua o catálogo dos peixes marinhos das ilhas. Em 14 espécies, só uma nova para a ciência: Cirrhites atlanticus, Rolas, Newton.
Osorio (1895a,b) cataloga os peixes e crustáceos de Ano Bom e Daomé. Entre os peixes, quase todos americanos, Acanthias blainvillii, espécie nova para a fauna de África.
Girard (1893a,b) divulga os moluscos terrestres e fluviais de Príncipe e S.Tomé. Em 23 taxa, novos para a ciência: género Bocageia para Bulimus lotophagus Morelet; Subulina Newtoni, Subulina Moreleti, Opeas Crossei, Opeas Dhorni, Opeas Greeffi, o género Thomea e Thomea Newtoni; Pupa Nobrei e Dendrolimax Newtoni (Ano Bom).
Girard (1894) divulga os moluscos terrestres e fluviais de Ano Bom. Menciona a lagoa Á pata duas vezes. Na pág. 199, em 10 espécies, são novas Dendrolimax Newtoni, Ennea Hidalgoi, Ennea insularis, Ennea Bocagei, Ennea? Anno-Bonensis, Pupa Anno-Bonensis, Opeas Dohrni, Opeas Greeffi. No catálogo, em já só 8 espécies, são novas 5, e extinguiu-se o característico Dendrolimax Newtoni.
Ferreira (1897a) publica a descrição de uma espécie nova de osga de Ano Bom, Hemidactylus Newtoni. O autor considera do maior interesse os estudos das formas insulares, pois por elles se podem conhecer as differenças entre a fauna continental e a insular e as variações da fauna das diversas ilhas da mesma região. Considera Ano Bom a melhor ilha para o efeito, por estar mais afastada. Em rodapé refere a opinião de Balthasar Osorio, segundo a qual a fauna carcinológica desta ilha se relaciona com a da faixa continental guineense e da América tropical e oriental. Já os moluscos terrestres e fluviais são quase todos exclusivos, à excepção de uma ou duas espécies comuns às outras ilhas, declara, citando Girard. Quanto a H. Newtoni, recebeu cinco exemplares femeas, sem cauda, um adulto com a cauda em separação e por um novo completo, todos da mesma localidade, capturados pelo conhecido e muito considerado naturalista F. Newton, na sua viagem de 1893, e os quaes o sr. Prof. Barboza du Bocage referiu com duvida ao H. mabuia.
Bocage (1897a) não refere os tipos de Hemidactylus Newtoni.
1894
CGRA - Newton esteve no Príncipe, onde coligiu mais Feylinia polylepis. Em Timor coligiu mais Varanus timoriensis, mais Gecko verticillatus, mais Draco timoriensis e mais Cerberus rynchops.
Osorio (1894a) continua o catálogo dos peixes marinhos enviados por Newton das três ilhas. Em dezasseis, três novas espécies para a ciência, das quais duas de Newton, de S. Thomé: Serranus armatus e Haemulon macrophthalmum.
Osorio (1894b) dá notícia de duas espécies de crustáceos parasitas, Cymothoa Dufresni, encontrados na guelra de um peixe colhido em S.Thomé (Newton), e Ceratothoa oestroides, de proveniências várias, entre elas do Príncipe (Newton).
1895
CGRA. Newton coligiu Rana crassipes em Fernando Pó.
Registo de reptis do ultramar - Newton enviou Agama planiceps de Fernando Pó e de Bassilé (527m alt.), e Agama colonorum de Natividad (F. Pó).
Bocage (1895a) descreve um novo género e nova espécie de rã, Tympanoceros Newtonii, de Fernando Pó, exemplar único, sem indicação precisa de localidade (imagem). Refere as espécies já conhecidas da ilha, enviadas agora por Newton, anuncia a descrição de Lygosoma n. sp. e Scelotes poensis n. sp..
Bocage (1895b) inventaria a fauna de vertebrados de Fernando Pó. Mamíferos: 16 espécies, entre as quais Genetta pardina var. poensis. Menciona ainda a Viverra civetta e outras de que Newton não coligiu exemplares.
Aves: 26 espécies e menção a mais 15 não coligidas mas observadas. Nenhuma nova. Répteis e anfíbios: 25 espécies de que enviou exemplares, entre elas Scelotes poensis nov. sp, cujo género não era conhecido da África ocidental, só da oriental, Mascarenhas e Madagáscar. Informação de Newton segundo a qual havia crocodilos na ilha, tal como Bitis arietans, uma cobra venenosa. Bocage diz que as aves são todas continentais, Alexander (1903) descobrirá 35 novas espécies, na maior parte poensis.
Bocage (1903, 1905) publica o catálogo final dos mamíferos, aves, anfíbios e répteis das ilhas do Golfo da Guiné. Fernando Pó. Newton não encontrou as 32 novas espécies de ave descritas por Boyd Alexander, que Bocage discrimina. Bocage cita um artigo de Alexander publicado meses antes daquele que referimos na bibliografia, por isso só tem ainda 32 novas espécies. Lopes da Silva encontrará as outras. Vê-se também que Newton não andou pelos locais que Bocage cita de Alexander: Bakaki, Bokaki, Sipopo, Bososo, Badasou, Rebola, Bilelipi. No segundo catálogo de Alexander, ficamos a conhecer outras localidades de Fernando Pó que Newton não visitou, como Banterbari, Basakato, Ribola, Besoso, Moka, Basupu e o Islet Leven. Pelo mapa de Fernando Pó, ficamos a saber, além de que Fernando Pó se situa no Atlântico Sul, que Alexander e Mr. Lopes também visitaram Balbeki, Basuala e Musola.
Em Fernando Pó há nove espécies de macaco, citadas também por outros autores: 3 Colobus, 4 Cercopithecus e 2 Otolicnus, mas Newton só enviou exemplares de Colobus satanas e de Otolicnus elegantulus (Bahú). Entre outros mamíferos, Newton enviou indivíduos de Anomalurus Fraseri, de Bassile, Bahú e S. Carlos; de Sciurus punctatus de Bissé e Mongola; de Crycetomys gambianus, de Santa Thereza, na Punta de los Frayles; de Dendrohyrax dorsalis, de Bahú; quanto a aves, enviou Halcyon cyanoleuca do Sharps River; e mais espécies de Mongola, Bissé, Natividad, Natividade, Bassapo, etc..
Cabrera (1903, 1908) fornece duas vezes a mesma lista dos mamíferos da Guiné Espanhola. Refere-se ao trabalho de Bocage sobre Fernando Pó como sendo uma das suas duas fontes mais importantes, pois não dispõe de dados pessoais sobre a fauna da ilha. Tem exemplares coligidos na maior parte no Cabo S. Juan. O frasco com os de Fernando Pó tinha-se extraviado durante a viagem. Não crê que haja tanta espécie de macaco em Fernando Pó, os exemplares que existem nos museus devem ser de animais que estavam em cativeiro. Aliás não crê que haja nenhuma espécie endémica na ilha, ou, se houver, devem ser muito poucas. A propósito de um morcego encontrado no continente, diz que Trouessart não menciona a espécie para Fernando Pó, mas que no Museu de Lisboa havia dois exemplares, macho e fêmea, obtidos na ilha por Newton. Trata-se de Hypsignathus (=Epomophorus) monstrosus.
Bocage (1895c) descreve Scelotes poensis, nova espécie de Fernando Pó, Bissé, 2 exemplares; espécies mal conhecidas: Dipsadoboa assimilis, Bassilé; Rana Newtonii var., Bassapó, 1 macho; Arthroleptis variabilis, 4 exemplares, 2 de Bissé, 1 do Pico de Santa Isabel (a 2000m) e um de Bassapó; Tympanoceros Newtonii, redescrição com segundo exemplar. Conta como adição descritiva a estampa da última, uma rela.
Bocage (1897a) refere a existência de tipos de Scelotes poensis, de Bissé.
Bocage (1895d). Fábula da doninha de S.Tomé, muito semelhante à do Macroscincus coctei de Cabo Verde, por ter por contexto histórico as campanhas de Napoleão.
Bocage (1895e). Continuação da enredada história da doninha de S.Tomé. Esclareça-se um pormenor: Bocage diz que no Museu da Ajuda, dirigido por Vandelli (século XVIII), só havia exemplares das colónias portuguesas. Neste e noutros museus, como o de Coimbra, havia exemplares um pouco de toda a parte do mundo.
Bocage (1905) recapitula a fauna das quatro ilhas do Golfo da Guiné. Entre tantas espécies, Coracias garrula, ave de que Newton coligira uma fêmea em 1891 nos Campos de Santo Antonio. Este espécime e um jovem coligido por Greeff eram as únicas provas da sua existência em S.Tomé.
Girard (1895) analisa um gastrópodo terrestre, Thyrophorella thomensis Greeff, encontrado na roça Monte Café, que Greff considerara tão extraordinário que merecia espécie, género, família e mesmo ordem especiais. A particularidade do molusco estava no opérculo, unido à epiderme da concha em vez de estar ligado ao animal. Girard acha a descrição de Greeff muito extraordinária, tanto mais que não fornecera ilustração. Outros autores também viram o caracol, garantindo que podia abrir e fechar o opérculo como uma tampa. Newton conseguiu descobrir cinco exemplares (dos quais um com o animal, embora tão contraído que Girard só pôde estudar os órgãos genitais e a língua, únicos em perfeito estado), a 1000 m de altitude. Girard redescreve a espécie e apresenta imagens, concordando com Greeff em que merece família só para ela, criando então a família Thyrophorellidae. Um croquis é do próprio Newton. Em suma, trata-se de um univalve com duas valvas.
Henriques (1917) chama à Thyrophorella Thyophorella, o que, na cabala fonética, corresponde a Tio ou por ela.
Osorio (1895a) cataloga os crustáceos da ilha do Príncipe.
Osorio (1895c) cataloga peixes e crustáceos de Fernão do Pó e de Elobey.
Osorio (1895d) apresenta os peixes de água doce das ilhas do Golfo da Guiné, em boa parte comuns à fauna americana. 12 espécies em S.Tomé, 3 em Ano Bom, 7 no Príncipe, 5 em Fernando Pó.
Seabra (1909) descreve um feto anómalo de um pequeno mamífero coligido em Fernando Pó, 1895, por F. Newton, Anomalurus fraserie, na legenda da fotografia identificado como Anomalus fraserie.
Seabra (1898c) estuda os microquirópteros e dá a lista dos exemplares do Museu Bocage. A distribuição é cosmopolita: o género Rhinolophus estava representado por exemplares de Portugal (J. Newton, Mattosinhos), Timor, Argélia e Angola; o género Phyllorhina, por exemplares das ilhas do Golfo, Angola, Bissau, Índia e Timor. Seleccionamos as duas espécies de que Newton coligiu espécimes. Phyllorhina commersoni Peters var. thomensis Bocage - Ribeira do Peixe, 1890 e Saudade, 1885. Phyllorhina fuliginosa - S.Thomé: Batepá, 1889, Ribeira do Peixe, 1890, S.Thomé, 1894; Roça Nova Java, s/d; Bossité, Fernando Pó, 1895; Príncipe, Praia Calabar, 1894.
Osorio (1898a) faz um estudo de carácter teórico acerca da zoogeografia dos peixes e crustáceos da África ocidental e ilhas do Golfo, baseado em material em parte coligido por Newton. Já conhecemos a sua tese da afinidade da fauna das ilhas atlânticas com a de África e América. Isso permite-lhe evocar Platão e a Atlântida. Deixa como hipótese que o único mamífero autóctone é Sorex thomensis. Não aceita a hipótese de as ilhas serem continentais ou restos da Atlântida.As ilhas são oceânicas, mas como as espécies apresentam modificações, este facto e o de as ilhas serem oceânicas provam a validade da teoria transformista. Em suma, todas as espécies terrestres e dulciaquícolas foram introduzidas.
Bacelar (1948) cataloga lepidópteros africanos, entre eles alguns coligidos por Newton no Daomé, Fernando Pó e S.Thomé. Espécies novas para a fauna de Fernando Pó: Papilio dardanus, Papilio charopus, Leptosia alcesta, Terias senegalensis, Amauris niavius, Amauris echeria, Elymnopsis bammakoo, Mycalesis sandace, Mycalesis safitza f. evenus, Mycalesis nebulosa, Symothoë coccinata, Euryphene aff. abesa, Euryphene cocalia, Euryphene eleus, Ergolis actisanes, Eurytela hyarbas, Pentila sylpha.
Seabra (1910) menciona a existência de um exemplar macho de macaco, Galago elegantulus, de Fernão do Pó, M. Fr. Newton, 1895, Provenant de lexploration à Fernão do Pó faite en 1897 par M. Newton.
[1] Catálogo geral de répteis e anfíbios do Museu Bocage. Caderno manuscrito por dois funcionários, no Verão de 1915, intitulado "Deposito de Reptis". Dá conta da destruição das etiquetas de talvez dois terços da colecção, que assim ficou inutilizada. AhMB, Rem.-247.
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