Caros/as confrades
É sempre uma delícia sentir de novo o bom tempo de primavera.
Neste dia que antecede o fim de semana, através da janela da salinha
que me serve de escritório/biblioteca entra de novo o bom sol dos dias
com a sua carga de alegria e de sossego fecundo.
Quero enviar-vos no anexo, com a estima que sabeis, três poemas para
uns momentos de fruição: um do Brasil, outro (inédito) de Portugal e,
o terceiro, da França - irmanando-se os três na naturalidade que lhe
vem da qualidade que possuem.
E antes de passarmos à sua eventual leitura, faço questão de referir:
1. Que
foi criado sob a égide da AGULHA e por isso me congratulo, o Centro
de Estudos Literários Latino-Americanos Floriano Martins (CEL-FM).
(Agulha, esta, que fez sair há um par de dias o seu número 25, que vos
suscito a ler. Vale bem a pena!).
Sendo conhecidos o
pundonor e a qualidade do autor de "Alma em Chamas", tem-se como
seguro que o Cel-Fm será uma pedra branca na pesquisa, na escrita e na
apresentação de textos e de autores do espaço que irá atingir.
2. Permito-me chamar,
desde já, a atenção para a próxima edição da Revista TriploV (a sair
no próximo mês) que terá como leit-motiv, mas numa perspectiva lata, o
25 de Abril. Aliás, é também muito boa leitura o número de
Fevereiro-Março, em linha, que pode ser consultado numa visita a esta
notável página cultural dirigida por Maria Estela Guedes.
3. Em
próximo envio aos confrades serão dados a lume poemas de Mariano
Auladán e Enrique Carlón, acompanhados duma carta inédita
deste último. A poesia espanhola de ponta soma e segue.
E por ora, resta-me enviar a todos/as o meu proverbial
abraqson de cordial estima.
O vosso,
ns
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Acabaram-se as Direitas?
Dissiparam-se no Centro?
Serão
as Direitas feitas
de
esquerdino movimento?
Sendo
as Esquerdas sujeitas
ao
mesmo vaivém do vento,
vão,
com as nuvens, direitas
à parte
esquerda do Centro?
E o
Centro? O que é o Centro?
Em que
centro se situa?
No
centro do Centro-Centro
De um
satélite da Lua?
É um
Centro direitista
Para a
Esquerda cor-de-rosa?
Ou a
tendência Sinistra
Da
Dextra silenciosa?
Que
Centro é esse? Um sinal
de não
comprometimento?
Ou, ao
contrário, um invento
manobra
do Capital?
Será o
Centro a Direita?
Fascismo com meiga fala?
Medo?
Angústia? Um olho à espreita
com
raiva de não ser bala?
E a
Esquerda? O que é a Esquerda?
Para a
Direita, agonia?
Para o
Centro, mesmo Esquerda?
Para a
Esquerda mais esquerda
Retrocesso à burguesia?
E a
esquerda Extrema-Esquerda
- a que
tudo desagrega –
o que
será quando vemos
que a
Direita se lhe pega?
Será
mesmo Extrema-Esquerda
a pedir
terra queimada?
Ou um
braço que a Direita
Manipula encapuçada?
Será
cravo de pureza
ou
goivo de de gula grada?
Lirismo? Farsa? Utopia?
Concreta antropofagia?
Fim do
dia ou alvorada?
Ou nem
sequer há Direitas
nem
Esquerdas, nem mesmo Centro,
sendo
isto estreitas ideias
em que
aprendiz me concentro?
Serei
eu, nascido outrora
quando
só Direita havia,
que
ga-ga-gaguejo a História
da
De-de-Democracia?
António Luís Moita
in “Poemas Temporais”
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |