ASHRAF FAYADh
O poeta saudita Ashraf Fayadh foi condenado à morte por um tribunal
saudita por ter alegadamente renunciado ao Islão, refere The
Guardian.
A sentença que condena o poeta à pena de morte foi proferida a 17 de
novembro, a quem foram concedidos 30 dias para recorrer da sentença. Face
à decisão, Ashraf Fayadh alegou que não tem representante legal.
Segundo o
Independent, o palestiniano foi detido em agosto de 2013, em Abha, na
província de Asir, sudoeste da Arábia Saudita pela polícia religiosa do
reino saudita. O país do Médio Oriente é regido pela Sharia (Lei
Islâmica) e segundo uma fonte da associação Human Rights Watch que teve
acesso ao processo, Ashraf Fayadh é acusado de abjuração e renúncia à fé
islâmica, noticia o mesmo jornal. A detenção ocorreu depois de uma
denúncia de que o poeta teria injuriado Alá e o profeta Maomé e insultado
a Arábia Saudita e distribuindo ainda um livro de
poemas que alegadamente promovem o ateísmo, clarifica o The Guardian.
O artista já havia sido condenado em maio de 2014 a quatro anos de prisão
e 800 chicotadas pelo tribunal de Abha. Na sequência desta primeira
decisão judicial o poeta recorreu, mas o recurso foi rejeitado e voltou ao
banco dos réus o mês passado. O novo painel de juízes decidiu a sua
execução, apesar de o escritor ter manifestado arrependimento.
“Fiquei realmente chocado, mas era de se esperar, embora eu não tenha
feito nada que mereça a morte”, disse Fayadh ao The Guardian.
Ashraf Fayadh, de 35 anos, faz parte do coletivo artístico
Edge of Arabia e
é um refugiado palestiniano, apesar de ter nascido na Arábia Saudita. O
poeta afirma que o livro em causa foi mal-interpretado pelas autoridades
sauditas. Segundo o autor, a obra fala da sua experiência como refugiado
palestiniano onde aborda questões culturais e filosóficas.
Para lá das questões religiosas, os amigos de Ashraf Fayadh acreditam que
a condenação do poeta poderá ser uma retaliação: o artista publicou um
vídeo que mostra a polícia religiosa do reino a atacar um homem
em público.
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Ali Mohamed al-Nimr, um jovem de 21 anos da Arábia Saudita, foi condenado
a ser decapitado e crucificado em público. A sentença deveu-se
à sua participação numa manifestação que ocorreu na cidade de Qatif. Os
manifestantes defendiam a igualdade de direitos entre a população xiita, a
que al-Nimr pertence, e a população sunita, que constitui a maioria no
país.
Na primeira entrevista da sua mãe aos media estrangeiros, relatada pelo
jornal inglês The Guardian, Nusra al-Ahmed qualifica a pena imposta ao seu
filho como “selvagem” e vinda “da idade das trevas”. Nusra al-Ahmed acusou
ainda as autoridades sauditas de terem torturado o seu filho na prisão:
Quando visitei o meu filho pela primeira vez não o reconheci. Não
sabia se [a pessoa que visitei] era realmente o meu filho ou não. Via
claramente que tinha uma ferida na testa, outra no nariz. Desfiguraram-no.
Até o corpo, [que] estava excessivamente magro. [Quando] comecei a falar
com ele [disse-me que] durante o interrogatório [foi] pontapeado,
deram-lhe estaladas, os seus dentes caíram, claro… [e] urinou sangue
durante um mês.
Agora, a mãe do condenado implora ao presidente norte-americano Barack
Obama que o salve, fazendo uso da sua popularidade e das estreitas
relações entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita. “[Obama] é o líder
deste mundo (…) pode interferir e salvar o meu filho (…) Eu e o meu filho
não temos nenhuma importância neste mundo mas apesar disso, se ele
assumisse este ato (…) estaria a salvar-nos de uma grande tragédia”.
Nusra al-Ahmed, que segundo relata o Guardian acredita que a pena foi
imposta ao filho para o punir pela sua fé xiita, mostrou-se ainda
indignada com a pena:
Nenhum ser humano são e normal daria esta sentença a uma criança de 17
anos [Ali Mohamed al-Nimr tinha 17 anos quando foi preso pelas autoridades
do país]. Não derramou qualquer sangue, não roubou propriedade nenhuma.
Onde foram buscar isto? À Idade das Trevas?
A decisão do Supremo Tribunal da Arábia Saudita tem motivado críticas,
vindas de vários pontos do globo. Entre os grupos de direitos humanos mais
críticos da situação encontram-se a Amnistia Internacional e a Reprieve,
uma organização britânica cuja missão diz ser “ajudar as pessoas que
sofrem abusos extremos de direitos humanos às mãos dos governos mais
poderosos do mundo”.
No Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameron apelou na passada semana
ao rei da Arábia Saudita para não aplicar a pena de decapitação e
crucificação a Ali Mohamed al-Nimr. E, esta terça-feira, anunciou ter
retirado uma proposta de quase 8 milhões de euros que havia feito à Arábia
Saudita para um programa de treino aos guardas prisionais do país. A
decisão também se deveu à retenção do pensionista britânico Karl Andree
numa prisão da Arábia Saudita por posse de álcool: um caso que tem preocupado o
governo britânico.
A embaixada da Arábia Saudita no Reino Unido já reagiu ao que classifica
como “interferências em assuntos internos” do país, lançando um comunicado
onde repudia a interferência do Reino Unido no sistema judicial
“independente e imparcial” do “estado soberano” da Arábia Saudita.
E para este condenado, vejamos o poema de Mário Cesariny:
O HERÓI
Herói é o meu nome.
Meu olhar frio, arguto Não vê coisa que o dome. Meu esforço rude e
sano Não desmaia um minuto.
Sou herói todo o ano.
Quando passar por vós, naturalmente, com este meu ar simples e no
entanto diferente e no entanto diferente do ar do resto da gente não
digais: é fulano. Dizei: é o Herói.
O herói, simplesmente.
(Notícias colhidas no OBSERVADOR)
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |