1)-Sinto-me confuso quanto ao “terrorismo
na actualidade”.
Há quem considere que assim como há
famílias que produzem por exemplo atletas ou artistas, outras há que
produzem terroristas.
Há quem diga que os
terroristas são oriundos das classes com mais frequência escolar, da
classe média ou de famílias com rendimentos elevados.
Qual o seu entendimento? O que “gera”, afinal, o terrorista?
Resposta –
No que respeita à primeira das opiniões
- As pessoas que isso dizem, de duas uma: ou o fazem por pura ignorância
devido ao seu caracter ou impreparação qualitativa ou, então, é por mera
táctica para justificarem ou branquearem na prática o terrorismo ou aquilo
que fortemente o produz: a religião ou a ideologia específica desta. Na
verdade, o que gera o terrorismo são comunidades e não famílias, embora no
caso do terrorismo islâmico a acção das famílias possa agravar o caso,
pois é no seu seio fortemente marcado que muitas vezes o fanatismo
religioso é incrementado.
No caso islâmico, em que as comunidades e portanto as famílias vivem
maioritariamente em círculo fechado, não convivente com o exterior (onde
no entanto foram aceites e frequentemente são ajudados com subsídios e
outras facilidades vigentes nesses países democráticos) isso
torna-se mais acentuado. Como a História e o bom-senso nos mostra, devido
ao seu tipo de formatação mental secular produzido por um tipo de
estruturação social autoritária assente num totalitarismo religioso (no
Coranismo não há as chamadas “frestas
de tolerancia”, como no cristianismo e no catolicismo moderno ou
“agiornado”), os muçulmanos geralmente desprezam os outros povos, que
consideram kafir (não crentes, que merecem submissão) . Manifestam uma clara
xenofobia – essa sim, insofismável – com fortes apelos racistas. Um ser
humano de outra origem só merece igualdade se se converter. Caso contrário
é um putativo inimigo a marginalizar ou a não considerar, no mínimo. Foi
isso que determinou a decadência árabe e modernamente desperta nos
cidadãos ocidentais, caldeados pela Razão e a Democracia, uma repugnância
instintiva pelo islamismo.
Cinicamente, para tentarem camuflar tal facto, os ”politicamente
correctos” cunharam a palavra “islamofobia”,
usada por eles como “arma de guerra”
para atacarem os que não desejam ser submetidos pelo Islão e o dizem
publicamente.
No que respeita à segunda das opiniões –
Um terrorista islâmico pode ser proveniente de qualquer classe, pois todas
elas estão na dependência mental do Islão. O que acontece é que os
islamitas das classes mais desfavorecidas não dispõem de tantas
possibilidades logísticas, digamos. Geralmente são empregues como
massa moldável para
manifestações, apoios consentidos, etc. Até nisso se verifica a
discriminação social característica dos mandantes reais islâmicos …
Com respeito à questão que é posta na terceira parte deste íten –
No caso islâmico o que gera o terrorismo é, em primeiro lugar, o tipo de
formatação social e mental
produzido por esta religião (que muitos pensadores consideram na verdade
uma ideologia camuflada): o
totalitarismo inscrito na sua Entidade propulsora (Alah), cuja vontade
deve ser seguida não só
absolutamente mas, também,
inquestionavelmente (Ou seja, o crente não pode perguntar-se sobre o
culto ou o senhor dele). Isso gera o fanatismo, a intolerancia extrema e,
em última análise – se aparece um colectivo fundamentalizado (Al-Qaeda,
ISIS…) – a brutalidade extrema e desumanizada e o crime expresso.
Finalizando, eu chamava a atenção para o facto de que o terrorismo
islâmico nada tem de comum com outros terrorismos historicamente
conhecidos. Este visa o domínio total do mundo, com submissão a uma
Entidade mística, enquanto os outros visavam dominações politico-sociais
sectoriais ou mesmo de real libertação.
2)-Passemos agora ao “terrorista que se autoflagela”, que está convicto de
que entra de imediato no paraíso. Mesmo tendo família…
Resposta - Isso provém, claramente, do já referido fanatismo, pois a
formatação mental obriga o crente, que naturalmente aceita o facto “de
olhos fechados”, a ter como certo que o espera após o
sacrifício um Paraíso povoado de
virgens e de iguarias e, adicionalmente, a salvação eterna !
Quanto à família, para o islamita convicto a família é secundária, só Alah
e os seus mandamentos contam acima de tudo. Lembremo-nos que, normalmente
desde os dois anos, os pequenos islâmicos são submetidos nas “madrassas”
(escolas muçulmanas das mesquitas) a uma “evangelização” intensíssima que
os verga completamente à crença. Uma espécie da nossa antiga catequese
como a descreveu Eça, mas cem vezes mais intensa…
3)-Naturalmente que há diferenças entre os terroristas que no século XIX
poupavam mulheres, crianças, idosos ou outros Inocentes (se assim foi…) e
os actuais. Como agora em Paris, em Bruxelas…
Resposta – Sim, há diferenças. Para um partidário da chamada “acção
directa” dos séculos 19 e 20 (fiquemo-nos por estes) a bomba ou o tiro
eram dirigidos contra mandantes de topo - reis, presidentes, argentários,
etc – considerados fautores de miséria ou de abuso sobre o povo ou a
sociedade. E só adicionalmente, à guisa de “danos colaterais” atingiram
pessoas do quotidiano. Este tipo de terrorismo, islamita ou
fundamentalista, é dirigido contra
todos os que participam do chamado “mundo kaffir” e visa ser o prólogo
da tomada de poder do Califado global. Por isso os que dizem que não é um
terrorismo religioso ou se enganam a eles mesmos por razões de estratégia
da “real politik” ou pretendem enganar-nos, adoçando a nossa justa
indignação. Lembremo-nos de prelecções hoje facilmente visíveis na Net nas
quais os chefes islâmicos dizem que todo o crente está com os que atacam
os “infiéis”. Um “moderado” islâmico, a realidade já o demonstrou, ou o é
por razões de interesse próprio (mas só o pode ser no Ocidente…lá seria
preso ou marginalizado) ou pensa que
o bolo lhes cairá nas mãos sem necessidade de violência, apenas com a
progressiva e macissa islamização a que têm procedido por laxismo das
democracias decadentes.
4)-Será que se pode considerar terrorismo religioso quando ao mesmo tempo
invocam o facto do governo francês ter armado os curdos?
Resposta - Claro que sim, pode. Já de muito antes de a França ter dado
possibilidades aos curdos de resistirem ao massacre a que os islamitas
estavam a proceder, o islamismo radical tinha tornado claro o seu intuito
de atacar o ocidente assim que pudesse. O eles dizerem isso não é mais que
propaganda e contra-informação – a que aliás grupos neo-estalinistas
ocidentais dão apoio e
cobertura, no seu interesse de
desbancar a Democracia, ainda que imperfeita. Qualquer pretexto lhes serve
para as suas acções, como tem sido mais que visível. Em nome, não
esqueçamos, de Allah ou do profeta, expressamente!
5)-Como se deve responder a um ataque terrorista, fazê-lo de igual
maneira?
Resposta – Nunca se poderia, em retaliação, fazer o mesmo, pois as forças
em confronto são de
diferente índole e propósito. O
que se deve fazer é, sem complexos pois se trata de defender as populações
contra um inimigo totalitário e impiedoso, que visa a destruição da
Cultura, da tolerância democrática e dos valores reais do espírito,
combatê-los como se combateu o nazismo pois estamos na verdade sob
guerra total desses fanáticos.
6)-Haverá maneira de contribuir para evitar o aparecimento de terroristas?
Resposta – No que respeita ao terrorismo islâmico e no actual estado de
coisas, não me parece possível. Só depois da destruição do auto-designado
Estado Islâmico infiro que se poderá partir de novas bases, que serão:
criação de uma diferente geo-estratégia bilateral com os países árabes,
que terão de abandonar a posição de férreos possuidores do petróleo, o que
causa o aparecimento de estratégias concorrentes do ocidente, nem sempre
adequadas; abandono do proselitismo, com abertura à modernidade; controle
desinibido da islamização na Europa e no mundo. Relacionamento positivo e
sem cegueiras ideológicas no âmbito de uma verdadeira Associação
Internacional. Adicionalmente, criação de leis que cerceiem a cínica
desinformação, de cunho claramente pró-totalitário e mentiroso, das
formações neo-estalinistas que se estabeleceram após a caída do Muro e
que, ainda que disfarçadamente, apoiam o extremismo islamita por razões de
agit-prop visando não uma
verdadeira “revolução” das mentalidades e das adequações societárias mas
sim uma ditadura como as do antigo Leste.
7)-Agradeço que diga tudo o mais que considere importante e não esteja
implícito nas anteriores questões.
Resposta – A luta necessária que vamos ser forçados a efectuar contra o
chamado “fascismo verde” será tanto mais conseguida quanto mais Verdade
Democrática houver nas sociedades. Não devemos pois deixar-nos encantar
por certas “vozes de sereias” que, pretextando beneficiar o zé-povinho
apenas visam jungi-lo aos seus interesses ilegítimos e refalsos. E não
devemos deixar-nos seduzir por aparências de palavras fraudulentas, pois
não será bom esquecer que Hitler tinha cunhado no nome do seu partido a
designação de socialista e Estaline se reivindicava, depois de ter morto
milhões de cidadãos, de ser um “Pai dos Povos” progressista…
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |