Sucintamente: o problema que atinge António Costa e, por carambola, todos
nós, não é tanto ser ele um pequeno hipócrita político (sorridente para a
maralha que quer indrominar, irritável e colérico de acordo com
observadores, de discurso vazio e demagógico) mas muito principalmente ser
correligionário de gente altamente duvidosa dum ponto de vista político
partidário: os Maduros, os Castros, os Varoufakis do vasto mundo sabem ter
nele um irmão de sangue militante, um partidário das doutrinas com que
eles vão destroçando agora o mundo realmente democrático e, no passado,
deixaram em petição de miséria as sociedades por onde passaram.
As declarações, produzidas em sequência
temporal, deste socialista de obediência programática permitem-nos pensar
que, tal como um Corbyn de pequena extração, estará efectivamente do lado
dos que visam transformar o panorama internacional não num lugar onde a
liberdade, a cidadania e o progresso tenham foros de realidade mas sim num
entreposto onde reine o arbítrio, a intimidação e o cripto-autoritarismo à
guisa dos seus aliados naturais BE e PC e de outros que a História
certificou.
A coligação PAF pode ter cometido, como cometeu,
erros e lacunas, pontualmente caquexias - principalmente devido à herança
envenenada e ao estado calamitoso deixado pelo aventureiro que ocupou
anteriormente a governança. Mas os asseclas de Costa visam de novo jungir
o país a uma obrigatoriedade que lhes permita, mediante uma fuga para a
frente, transformar de novo Portugal numa coutada dos lelos, dos
malhadores, dos verborreicos senis, dos que só têm em vista transformar de
novo a nação numa herdade política para os seus manejos perniciosos.
Costa, na verdade, é muito mais perigoso do que
Sócrates foi. Com efeito, o “animal feroz da política” como os seus
asseclas, numa linguagem tipicamente violenta o crismaram, sendo um
perclaro aventureiro político teve telhados de vidro pessoais que
permitiram à civilidade pará-lo. Mas como impedir - por métodos
democráticos, civilizados e legítimos como é apanágio num país de Direito
- um indivíduo como Costa de tripudiar sobre a Nação se ele se enroupa de
acções formalmente democráticas mas, em essência, gravosas para os
cidadãos, pois relevam de futura má governança e de má postura, em vista
da duplicidade política que nos faz adivinhar e saber e com que se
enquadra?
Diríamos, parafraseando Lord Halifax, que “Pior
que um homem público desonesto é um homem público sério na sua vida
privada mas manobrador destrutivo na acção da colectividade ”.
Os cidadãos, usando os seus direitos democráticos e
legítimos do voto, podem no próximo dia 4 de Outubro afastar de vez do
horizonte do mando nefasto este político que, claramente desejando ser
guindado a um alto posto, todavia não soube afirmar-se como uma
personalidade que calasse fundo na estima e no geral respeito dos
portugueses.
ns
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |