Joaquim Simões (JS)
- O que entende o surrealista Nicolau Saião por realidade?
Nicolau Saião (NS)
– Dito de modo sucinto, o que se apreende através dos sentidos mas duma
forma alargada. Sem entraves absurdos ou inconsequentes.
Naveguemos um pouco mais fundo: o que se apreende se os nossos sentidos
não estão bloqueados pelos mecanismos do hábito e da obrigatoriedade
incrementados e sustentados pelos manejos de uma sociedade controlada por
indivíduos, grupos ou instituições que visam a sufocação, quando não mesmo
a extinção, do pensamento autónomo e criativo, o atravancamento das
grandes vias mentais por onde passam a curiosidade de espírito e a sua
independência que são as que propiciam o desejo da liberdade de expressão,
bem como de investigação dos ritmos do mundo e o livre relacionamento
entre os seres e destes com o universo que integralmente os rodeia,
sublinho, por fora e por dentro.
JS
- E como intuía essa realidade numa infância em que o realismo lhe puxava
pelos calções e disputava o pião?
NS
– O realismo não é só o que faz parte do quotidiano que se observa nas
nossas horas despertas, mas também o que existe à nossa volta e capturamos
mediante o inconsciente e que com enorme frequência se mistura com o
outro. Digamos que funciona como uma viagem incessante e que não se
separa, nem deixa que a separem, do que é visível e do que, parecendo
fazer parte do invisível, está de facto intimamente ligado aos dois.
A infância, não o esqueçamos, é algo que apesar de ter sido eventualmente
atravancado pelas caquexias circundantes, continua a sentir-se como um
território cheio de encantos. E ainda que um pretenso realismo (o
“realismo” que certa gente tenta propor como o único possível) queira
fazer-se passar por uma totalidade, ele é apenas uma parte do que ao ser
humano em geral, à criança e ao muito jovem em particular, serve de
continente.
Digamo-lo duma vez por todas: o realismo, o verdadeiro realismo, o que
abarca esse existir global, não tem mal nenhum – antes pelo contrário.
Aliás, o surrealismo é esse intercâmbio incessante entre, como diz o
postulado alquímico, o que está em
baixo e o que está em cima para que se faça o milagre de uma só coisa.
E acrescentarei: por vezes também se tenta fazer passar por surrealismo,
em oposição ao realismo “coerente”, o destrambelhamento de frases, o
acúmulo de imagens desconexas e sem sentido que, na verdade, mais não são
que maneirismo pedante de sujeitinhos com a mania dos monstros e de
cultores da aldrabice descarada, afivelados com intenções confusionistas
de artilhadores “artísticos”. Que ora armam em dadás retardados ou em
imagistas tão enjoativos e ridículos como aqueles.
Refutamos liminarmente essa tentativa de proximidade. Definitivamente, não
comemos desse pão.
Não podemos esquecer que o surrealismo não tem a ver apenas com o
automatismo psíquico (psíquico, sublinho), mas com o humor (ora negro ora colorido…), com
a crítica liberta de entraves necrosados, com o amor e a liberdade de
investigar os grandes temas da vida, tanto os que se adquirem mediante
observação sensata e normal em qualquer ser não pervertido ou jugulado
pelos vários fideísmos, como os que necessitam de uma linguagem
científica, mas sem preconceitos ou superstições.
O surrealismo que o é não pode consentir que o afastem dos conhecimentos e
descobertas que entretanto se foram adquirindo, seja no sector da
astronomia, da física espacial, da medicina, etc. Procurar saber, em suma,
o que são os poderes do Homem e o que são os perfis dos deuses (ou assim
chamados), sem se deixar pear pela repressão dos que tentam exaurir ou
punir essa feição prometaica. Como vamos defrontar-nos, isto como exemplo
liminar, com os problemas que nos coloca, por um lado, o superpovoamento
e, por outro, a extinção de espécies - o que dará uma assustadora ideia do
que poderá suceder à humanidade num futuro que muitos olham como não tão
distante assim.
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Tive a sorte de ter progenitores compassivos,
esclarecidos e bondosos no âmbito duma família funcional e isso
permitiu-me progredir sem traumas através desses tempos juvenis e dos que
se lhe seguiram.
Tive portanto um relacionamento afectuoso com as pessoas e com a Cidade
que, para mim, foi sempre um lugar de comprazimento (de aventura, de
sonho, de incursão no conhecimento que se extrai dos anos e da
existência).
Claro que por vezes tive de me defrontar com factos penosos como, por
exemplo – mas isto já na idade madura – actos de difamação e de calúnia
agravada por parte dum par de sujeitos que mesclavam a mediocridade com a
maldade e a inveja filhas da sua personalidade distorcida e
mesquinha. O que aliás foi equacionado pelo tribunal que, em audiência de
juízo, os condenou a todos. (O Sistema Judicial, que no nosso país é
comprovadamente o cancro que está orientadamente a destruir a democracia
possível, felizmente ainda tem em si magistrados dignos e que, em
instâncias de relação, emendam o que outra gente desonesta ou incompetente
tenta obscurecer de maneira lamentável).
Em suma: a minha Portalegre, que naqueles anos de juventude para mim era
um picolo mondo, não a deixo,
nunca a deixei, ser inquinada por gente ou por colectivos nefandos.
Estive em muitos lugares - muitos deles belíssimos - de várias partes do
vasto mundo (e gostaria que tivessem sido mais). Mas regressar a Casa, à
minha casa e à minha região, foi sempre uma alegria que sem quebras tem
permanecido em mim.
JS
- Quais foram e são as grandes paisagens da realidade real da sua vida?
NS
- Creio que sempre andei em estado de admiração para com o que me rodeia.
Tudo me agrada e como que me espanta, desde as coisas da casa onde vivo e
me são tão familiares até àquilo que vou vendo nos lugares onde me
desloco, por onde passeio ou viajo. Apesar da sociedade pseudo-civilizada
(nesta expressão, civilização
não significa repressão do desejo e da autonomia pessoal) em que os
diversos grupos de interesses (económicos, fideístas, políticos) finjam-se
ou não humanistas, nos tentam encafuar prejudicando-nos sem remorsos, não
abdico da alegria de viver.
Luto, como sempre lutei, pelo direito a ela. E uso de forma própria, sem
abdicar da dignidade de estar vivo, das “armas
miraculosas”, ainda que frágeis, que possuo. E que fui, digamos,
tentando adestrar através dos anos.
A magnificência da música, da escrita, da pintura, do que contemplo e do
que faço, todos esses momentos que se vivem e nunca mais voltam, são para
mim essas paisagens a que alude. A meditação, as conversas com os outros,
os pequenos instantes de felicidade…
Tudo isso tem sido fecundo material para encher uma vida.
JS
- As palavras são como as sereias ou como as cerejas?
NS
- Umas vezes como as primeiras, mas eu prefiro as que são como as
segundas.
Dizia Chesterton que “Todo o encadeamento de palavras leva ao êxtase, todas podem levar ao
país das fadas”. Essas sequências de palavras que se organizam em
frases que juntam a justeza à imaginação forjadora de mais luz e não são
mero pretexto para seduções espúrias e destrambelhadas, constituem
verdadeiramente o eixo do mundo que liberta e não que está ao serviço da
repressão camuflada, nomeadamente aquela que se disfarça de aparentemente
livre ou progressista e apenas visa acorrentar o Homem a jogos
aparentemente mais “modernos” mas na verdade inqualificáveis.
O surrealismo que eu perfilho, de que me reivindico, o que segue em
direcção ao futuro salubre, recusa as palavras cantadas por essas sereias
velhacas, que tentaram inclusivamente pela via da incoerência e de um
discurso paranoide lançar a ideia de que a Voz surreal seria sem sentido,
incoerente e arbitrária – uma espécie de pudim metafísico – para
extinguirem aquilo que, acima de tudo, é uma actividade conceptual lúcida,
verdadeiramente organizada e crítica que nada tem a ver com peralvilhices
ou encenações de palhaços ricos ou pobres…
JS
- A pintura é uma capa com que se enfeita algo ou uma decapagem para
mostrar uma beleza que se encontrava coberta de sujidade e pó, esquecida
ou posta de lado, embrulhada no Tempo?
NS
–
Posso dizer que a sua questão está excelentemente formulada?
Embrulhada no Tempo, diz muito
bem. Cabe então ao pintor, como um verdadeiro trabalhador braçal que num
gesto resoluto junta acção e concepção, efectuar uma verdadeira limpeza do
que foi posto de lado, depois de ter sido conspurcado e sulcado por
regueiros doentios e por teias de aranha, pelos que visam transformar a
pintura numa actividade descendente do espectáculo com que procuram
confundir a visão clara e salutar da
existência em todas as direcções.
O verdadeiro pintor não abdica de perseguir a originalidade, mais – a
originalidade é algo que se lhe impõe nessa incursão, é algo que o cobre
como uma luz, o que inclui também a penumbra criadora e repousante. Não há
fórmulas - para quem é sério e autêntico nessa busca muitas vezes
trabalhosa - para garantir negociatas, notoriedades e famas que muitas
vezes só dependem de iletrados pretensiosos ou ricaços de letras-grossas.
O verdadeiro pintor, que no caso vertente tenha uma visão surreal da
existência e da criação,
não se atém a feituras “de
escola”, mas usa os seus poderes interiores e exteriores para
descobrir e encontrar. Como um
demiurgo, ainda que sem perder a humildade daquele que busca, que procura,
que tenta acrescentar um dado novo ao conhecimento, antecâmara da eventual
e possível sabedoria.
JS
- Definiria a guerra como “o mostrengo da realidade”?
NS
– Que é um mostrengo não cabe dúvida…Fundamentalmente tem sido o
monstrinho que se solta dos ninhos construídos pelas avantesmas da avidez
manhosa, do cinismo dos poderosos, da crueldade dos que se cobrem com a
sotaina da hipocrisia que tenta fazer da vida, do mundo da natureza, uma
coutada para os seus vis interesses de casta ou de orientação. Tudo
escorado pelos idiotas úteis cuja mentalidade foi capturada por esses
fantasmas regimentais.
O que até é, convenhamos, dizer pouco…
JS
- “O que não me mata, fortalece-me.”, dizia Nietzsche. A guerra
constituiu, para si, a visão de uma realidade irrisória, de tão triste,
que por isso mesmo reafirma
ainda mais
a visão surrealista?
NS
– Com efeito estive, enquanto militar por imposição, num teatro de guerra,
a hoje Guiné-Bissau. Tive momentos muito penosos e, talvez devido à
maravilha da juventude, outros que me gratificaram e enriqueceram (o
contacto com colegas, com pessoas e lugares dali, com realidades
quotidianas nos momentos de folga e deambulação principalmente por uma
cidade, Bissau). Conheci nesses tempos gente de uma dignidade a toda a
prova, assim como outra na qual a estupidez e a canalhice sórdida se uniam
da maneira mais deprimente.
Mas sim, essa vivência - e recordo que ela aconteceu entre os 21 e os 24
anos de idade – cimentou o meu sentir e a minha visão surrealista, pois
ficou imersa num cenário ora dramático ora lírico (se assim me exprimo). E
não esqueçamos que ela sucedeu num continente que já se descreveu como
surreal, a África, um lugar, uma região e um universo muito próprios com
os seus cheiros, as suas cores, os seus horizontes, o seu perfil humano e
geográfico (as árvores, os animais, por vezes o inusitado de hábitos e de
paisagens). De movimentos interiores e de realidades quotidianas…
JS
- Que tipo de aleijões provocou na alma portuguesa a proverbial bota com
que o falso beato Salazar subjugou o país, convenientemente escondido
debaixo de uma sotaina? E como se apresentaram eles no rosto da cultura em
Portugal e no rosto do surrealismo, em particular?
NS
– A meu ver, o aleijão a que sagazmente alude teve como consequência
misturar duma maneira inqualificável razão com desrazão sem se ter
possibilidade de distinguir bem entre o que era uma e o que era outra.
Isto tanto no campo da arte, como no da economia, da política, da ciência
– em tudo enfim.
A consequência foi o atraso conceptual, o provincianismo assustador, o
oportunismo de possuidores e a falta de caracter de despossuídos.
Isso fez com que o rosto do surrealismo estivesse sempre percorrido por
sombras que tinham a ver com a pobreza (pobreza mesmo, se ler por exemplo
cartas já publicadas, trocadas por protagonistas dos primeiros tempos,
verificará que falavam incessantemente na falta de dinheiro que os oprimia
e impedia de publicar normalmente o que criavam); com as questiúnculas
provocadas por gente que ou procurava ir para outro patamar (e por isso
perdia de vista que o surrealismo é uma busca interior
honrada a favor dos poderes
humanos de liberdade e dignidade despreconceituosa), ou tinha uma formação
que se revelava autoritária ou intolerante ou pouco esclarecida e de
pendor academizado.
JS
- 40 anos passados, ainda se notam alguns deles ou, pelo menos, as suas
marcas no presente e no futuro que talvez se possa prever?
NS
- A meu ver notam-se, tanto mais que a sociedade lusa conservou certas
características que fazem dela uma democracia apenas aproximativa,
enquanto por outro lado agravou outras que dependem de ritmos já
europeizados, ou mundializados, mas que são tão nefastos como o “orgulhosamente sós” do salazarismo apoiado por entidades fideístas
reaccionárias e conservadoras, tendo do outro lado do espectro
político-social formações de cariz totalitário que, também elas, visam
mistificar os cidadãos e servirem-se deles para os seus fins.
JS
- Agora a sério: gosta de futebol?
NS
– O jogo, por extenso, é um dado claramente apelativo para o ser humano.
Acompanhou o Homem desde os primeiros tempos e em todas as civilizações.
Pertence à sua estrutura profunda. No que diz parte ao futebol, fenómeno
filho da idade contemporânea, filho desta modernidade em que estamos
inseridos, é efectivamente um fenómeno de massas e mobiliza o interesse e
o apreço de milhões. O problema está em que perdeu a inocência dos
primeiros anos e hoje é um negócio, aliás entendível, mas também um
elemento de que os donos do mundo se servem para aprofundar a manipulação
e a alienação dos seus apreciadores.
Do jogo gosto – quem não sentiu o entusiasmo de o praticar na infância e
adolescência e, depois, de o ver em directo ou nas transmissões? Do que o
rodeia e aquilo em que o transformaram para manipular as pessoas e
enlouquecer os adeptos, obviamente não gosto mesmo nada.
JS/ns
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
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