José Sócrates, ex-premier e actual comentador putativo, vendo bem é o
menos culpado de vir para a TV pública (ou seja, paga pelos dinheiros do
contribuinte) comentar de cátedra.
Ele, como "condottieri"
partidário que é (e não líder, na verdade), faz o que todos os
aventureiros políticos fazem: tenta a sua chance usando todos os meios que
lhe coloquem na órbitra. Como perante o convite que lhe foi dirigido.
Aproveitando as
circunstancias e tirando partido dos erros e caquexias dum governo fraco e
pedante, disponibilizou-se com apresto e procura aparecer agora como um
Chávez do jardim luso, como um Fidel desta nação (en)cavacada. Estando a
política no degrau mais baixo da ética, fácil foi ter sido pescado pelos
verdadeiros culpados de lhe ter sido fornecido um púlpito de onde, qual
Savonarola, poderá sem contraditório eventualmente mentir, manipular,
baralhar os pobres diabos populares que, no fundo, os adversos dizem que
despreza e apenas utiliza. Tão alegadamente cínico e ardiloso
politicamente como no seu tempo o foi o mito manipulativo Roosevelt, que
fingiu criar um New Deal para melhor levar ao engano (depois bem o
pagaram!) os pobres ianques, Sócrates é determinado: cruel sem ser
corajoso, habilidoso sem ser atilado, simulador sem ser sensato, é bem um
“animal feroz político” (como diziam os que o incensavam) de traça
peculiar. Daí que a seu propósito os asseclas falem em “liberdade
de expressão”, quando não é isso que está em causa - ele podia
escrever o que quisesse e mandar para os mídias, publicar livros, podia
falar dentro do partido e na praça pública de qualquer cidadão (mas
preferiu refugiar-se em Paris até deixar passar o maior ódio público pelos
seus desmandos e inoperâncias governativas). Pois o que está realmente em
causa é ter sido privilegiado com uma tribuna discricionária onde, de
cátedra, se poderá eventualmente branquear.
Os que o fizeram não o
fizeram ingenuamente, pois não são idiotas inertes. Houve um propósito,
que o dito "animal feroz da política" ou estimulou ou aproveitou.
Comentador? Não. Tribuno partidário, como outros – sempre políticos na sua
maioria! - fazendo a sua propaganda e dos seus áulicos, isso sim. E isto
da parte de alguém que, conforme “vox populi” e até um magistrado, tentou
acabar com liberdade de expressão e era useiro e vezeiro em ferozmente
tentar defenestrar quem o contrariasse, afivelando uma expressão política
dura e maldosa.
Ele vem não para ajudar o
país e a população portuguesa, vem sim para lançar a cizânia, a barafunda
e a violência partidária. Conta com duas coisas: que o povo esqueça que,
sendo expressamente partidário do "pedir emprestado e não pagar", nos
colocou na dependência financeira e na pré-bancarrota; depois, que o povo
mais primário atire para cima destes pobres diabos da governação de agora
o ónus da miséria formal ("No tempo
do Sócrates vivia-se melhor"...). Um tipo perigoso, mais perigoso hoje
que dantes, pois vem agitar os díscolos revanchistas e os pervertidos com
desejo de vingança - é ler-se na Net os textos brutais que eles bolsam.
Sócrates só tentará ser presidente
da República para, nesse posto, "todo
lo mandar". Mas, como bom condottieri, o que ele gosta mesmo é de
GOVERNAR (alegadamente falhado como académico, vulgar como
scholar, fazedor, de acordo com conhecedores, de trabalhotes
medíocres construídos “com a mão do
gato”, o seu único lugar é na política, na governança, no mando – como
reza o apólogo bíblico). Nisso, é bem um homem da Renascença – à guisa
comparativa simbólica de um Del Dongo, de um Piero Negri, que à frente das
suas hostes talaram e manobraram as cidades do que depois viria a ser a
Itália.
Banalizado o mal, esquecido o
mal por indigência moral ou por labilidade de caracter duma parte do
público em que a política de escada-abaixo destes tempos tristes se
escora, tudo se abre na frente destes cavalheiros. "Irmão Sócrates", como carinhosamente lhe chamou no velório do
sátrapa venezuelano o inenarrável Maduro?
Sem dúvida. Ele sabia
na prática a quem estava a dirigir tal epíteto...familiar!
ns
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |