Nova Série

 
 

 

 

 

 

NICOLAU SAIÃO
Para começar bem a semana (com Rui Real)
Para uma semana que vos desejo excelente em todos os aspectos ("felizes no jogo e no amor", parafraseando a frase célebre de Stendhal a rebours e contrariando fadários) nada melhor que contemplarmos, por um par de minutos, qualquer coisa bela e suscitadora. Excitante dum ponto de vista vital, não sei se me entendem. 

E assim sendo, neste caso aponto para a Mostra que abriu anteontem na Sala de exposições temporárias do castelo de Portalegre e protagonizada por Rui Real - cinéfilo encartado, agricultor, cultor de leituras muitas vezes heterodoxas que vão de Lovecraft a Lauro António, passando por Bradbury, Philip José Farmer, Ridley Scott, etc.  

E, já agora, uma estorinha real para ilustrar (digamos assim, que ilustrações mesmo, tiradas na "vernissage", vão em anexo):  

- Anos atrás, não estando eu em cheiro de santidade no bestunto de um sector que de forma atribiliária semi-dominava pelos meios e com a velhacaria que lhes é hábito o ranço político alentejano/portalegrense, um dos controladores dessa agremiação sugeriu/lançou a ideia de que seria bom arranjarem forma de me processarem, visando o corolário de me prenderem ou, no mínimo, me "darem cabo da vida", como disse com doçura um dos artilhadores. (Isto tem sua piada, pois se nos tempos da "velha senhora" me levaram de cana (digamos desta maneira justamente rasca) por duas vezes - foi precisamente por dar ajuda e protecção a membros dessa agremiação). Mas bom. O ambiente ficara um pouco...nublado. Nas terras pequenas Vs. calculam como é. E foi então que, num dia, me chegou um desenho carreando o trombil - muito melhorado, confesso - deste que vos fala; e uma semana depois era-me dito pelo seu autor que, para a minha peça de teatro ("Passagem de Nível") que eu buscava dar a lume por esse tempo, ele teria muito gosto em ilustrar a página de rosto.  

O retrato tenho-o, encaixilhado, na Casa da Muralha (Arronches) junto de outros da mão de Mário de Oliveira, Cesariny, Juan Ribeyrolles, Carlos Texera, Miquel Elías, etc. que com generosidade me frequentaram o frontispício. O desenho está no livrito que de facto semanas depois saíu, também valorizado com capa de António Luís Moita e introdução de João Garção).   

Pronto, vendi meu peixe neste domingo ensolarado. Fica, com a estima que sabem, com os proverbiais abrqs e bjh, o vosso confrade   

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Nicolau Saião – Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista, actor-declamador e artista plástico.  

Participou em mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto, Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha, etc.   

Em 1992 a Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan” (1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).    

No Brasil foi editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica (“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed. Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro cantos”(antologia).       

Fez para a “Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos” (2005).  

Organizou, coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas sobre o 25 de Abril”. 

Tem colaborado em  espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto), “Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios, “Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu), “Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”, “La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”, “Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos), “Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires” (Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...  

Prefaciou os livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas” de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e “Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora). 

Nos anos 90 orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no “Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março de 2000 a Julho de 2003. 

Organizou, com Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso” (1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).  

Concebeu, realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones lusitanas”.  

Até se aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.  

É membro honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001, a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.

Blog : Ablogando, em: http://ab-logando.blogspot.pt/