Caíu como uma bomba (ou como um raio sobre a cúpula
de São Pedro em Roma…) a notícia, difundida pelos serviços próprios do
Vaticano, da resignação ao cargo de Papa do antigo cardeal Joseph
Ratzinger, actual chefe do Estado do Vaticano e
pontifex maximus.
Que, após concretizar-se a sua saída do mais alto cargo daquela pequena
Nação, cidade-estado com ramificações no mundo inteiro, entrará num
mosteiro para repousar devido à sua provecta idade.
Paralelamente a este súbito anúncio recebido com surpresa, por um lado,
mas também com espanto em diversos casos e, noutros, com inquietação (o
que teria na verdade sucedido para esta súbita renúncia, muitos se
questionaram) os serviços de informação (contra-informação, segundo
alguns) vaticanista, seguidos pela generalidade dos sectores católicos
subsidiários à Organização Católica, entraram em competente e forte
actividade, como é aliás seu apanágio. Os serviços do Vaticano, estes ou
os que decorrem da Sodalitium Pianum, são proverbialmente muito
competentes, quiçá dos melhores do Mundo.
Assim, a primeira ideia que de acordo com observadores têm procurado
instilar nos cérebros e nas consciências dos seus crentes e na opinião
pública em geral, é a de que a sua resignação teria anexa uma grande
coragem, seja de ordem intelectual seja de ordem pessoal. Seria, segundo
esses serviços de informação psico-sociológica, a demonstração de uma
grande qualidade humana e eclesial, amparada por uma firmeza ética de alto
gabarito e por uma força mental de extrema lucidez.
É a acção que, em geral, em todos os quadrantes e em todo o mundo se
efectua quando alguém sai de cena sem ser por evicção dolorosa. Ou seja,
sais mas em beleza…és um belo cidadão e mereces aplausos, vai pois
descansar…
A segunda ideia seria esta: de que Bento XVI resignava por ter percebido
que as forças para comandar os difíceis e exigentes serviços dum Estado
que é de duas ordens, a civil e a espiritual (de evangelização
sistematizada, digamos) lhe estariam a faltar. Alquebrado, o
pontifex maximus teria optado
pelo abandono vigiado, ainda em
lucidez, antes que fosse tarde demais…
O Vaticano disse e nós todos, como bons ouvintes que somos, gente de boa
fá e normalmente crédulos, aceitamos esta explicação. E porque não?
Com efeito – conforme o conhecimento da leitura da História nos faculta –
seria pelo menos estultícia estar-se neste momento a congeminar cenários
diferentes do que nos é proposto desvelada e interessadamente.
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |