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Revista TriploV
de
Artes, Religiões e Ciências |
Nova Série |
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NICOLAU SAIÃO
“Eu sou a Luz, a Verdade e a Vida”
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Nem preciso dizer, a serem reais os Evangelhos e a
terem algum poder operativo, quem disse estas palavras. E creio que não
será necessário, de igual modo, apontar quem referiu a asserção de que “só
a verdade salva”.
No entanto, no universo
dos interesses infames, das circunstâncias pervertidas e do cinismo tout
court, mesmo que a verdade se meta pelos olhos adentro – é sempre
conspiração, maldade para bloquear inocentinhos, malandrice de incréus e
de potenciais habitantes do Inferno, em que aliás grande parte dos altos
cargos nâo crêem, assim como não crêem no resto. Se cressem como podiam
continuar a agir com nefanda intenção, mergulhados na mentira e na
roubalheira e no abuso até ao pescoço? Lobos com pele de cordeiro, apenas
visam o domínio, a crueldade para com o próximo mediante a avidez, a
hipocrisia e a exacção.
Foi há dias que o novel
Papa Francisco, numa via de seriedade e de arroubo cristão, confirmou que
havia no Vaticano uma verdadeira quadrilha de malandrins tonsurados e não
tonsurados, apostados em, através da perfídia e da desvergonha, afundarem
de vez a barca de Pedro.
E tira-se esta
conclusão assustadora, uma vez que tudo o que até então os desmascarava
era, em jeito de contra-informação, atribuído a indivíduos diabólicos: se
eles pudessem, defenestravam este Papa para o calarem, como hoje é patente
que defenestraram o bom pastor Albino Luciani!
Sem mais comentários,
por desnecessários, vejamos o artigo recentemente dado a lume num dos mais
impostantes periódicos sul-americanos (argentinos), pelo jornalista
Eduardo Febbro – correndo o risco de que a influência daqueles
quadrilheiros (com ramificações em diversos países), o deixasse com a vida
estragada.
Mas dar testemunho é
inegociável.
Ainda que isso não quadre aos que, para
empregar a frase justa do Abade Janin, “Batem com a mão no peito
enquanto usam os pés para bater no próximo”.
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Renúncia de Bento XVI expõe
'ninho de hienas enlouquecidas' no Vaticano Por
Eduardo Febbro
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Paris – Os especialistas em assuntos do Vaticano afirmam que o Papa Bento
XVI decidiu renunciar em março passado, depois de regressar de sua viagem
ao México e a Cuba. Naquele momento, o papa, que encarna o que o diretor
da École Pratique des Hautes Études de Paris (Sorbonne), Philippe Portier,
chama “uma continuidade pesada” de seu predecessor, João Paulo II,
descobriu em um informe elaborado por um grupo de cardeais os abismos nada
espirituais nos quais a igreja havia caído: corrupção, finanças obscuras,
guerras fratricidas pelo poder, roubo massivo de documentos secretos, luta
entre facções, lavagem de dinheiro. O Vaticano era um ninho de hienas
enlouquecidas, um pugilato sem limites nem moral alguma onde a cúria
faminta de poder fomentava delações, traições, artimanhas e operações de
inteligência para manter suas prerrogativas e privilégios a frente das
instituições religiosas.
Muito longe do céu e muito perto dos
pecados terrestres, sob o mandato de Bento XVI o Vaticano foi um dos
Estados mais obscuros do planeta. Joseph Ratzinger teve o mérito de expor
o imenso buraco negro dos padres pedófilos, mas não o de modernizar a
igreja ou as práticas vaticanas. Bento XVI foi, como assinala Philippe
Portier, um continuador da obra de João Paulo II: “desde 1981 seguiu o
reino de seu predecessor acompanhando vários textos importantes que
redigiu: a condenação das teologias da libertação dos anos 1984-1986; o
Evangelium vitae de 1995 a propósito da doutrina da igreja sobre os temas
da vida; o Splendor veritas, um texto fundamental redigido a quatro mãos
com Wojtyla”. Esses dois textos citados pelo especialista francês são um
compêndio prático da visão reacionária da igreja sobre as questões
políticas, sociais e científicas do mundo moderno.
O Monsenhor
Georg Gänsweins, fiel secretário pessoal do papa desde 2003, tem em sua
página web um lema muito paradoxal: junto ao escudo de um dragão que
simboliza a lealdade o lema diz “dar testemunho da verdade”. Mas a
verdade, no Vaticano, não é uma moeda corrente. Depois do escândalo
provocado pelo vazamento da correspondência secreta do papa e das obscuras
finanças do Vaticano, a cúria romana agiu como faria qualquer Estado.
Buscou mudar sua imagem com métodos modernos. Para isso contratou o
jornalista estadunidense Greg Burke, membro da Opus Dei e ex-integrante da
agência Reuters, da revista Time e da cadeia Fox. Burke tinha por missão
melhorar a deteriorada imagem da igreja. “Minha ideia é trazer luz”, disse
Burke ao assumir o posto. Muito tarde. Não há nada de claro na cúpula da
igreja católica.
A divulgação dos documentos secretos do Vaticano
orquestrada pelo mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras mãos
invisíveis, foi uma operação sabiamente montada cujos detalhes seguem
sendo misteriosos: operação contra o poderoso secretário de Estado,
Tarcisio Bertone, conspiração para empurrar Bento XVI à renúncia e colocar
em seu lugar um italiano na tentativa de frear a luta interna em curso e a
avalanche de segredos, os vatileaks fizeram afundar a tarefa de limpeza
confiada a Greg Burke. Um inferno de paredes pintadas com anjos não é
fácil de redesenhar.
Bento XVI acabou enrolado pelas contradições
que ele mesmo suscitou. Estas são tais que, uma vez tornada pública sua
renúncia, os tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, fundada pelo
Monsenhor Lefebvre, saudaram a figura do Papa. Não é para menos: uma das
primeiras missões que Ratzinger empreendeu consistiu em suprimir as
sanções canônicas adotadas contra os partidários fascistóides e
ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e, por conseguinte, legitimar no
seio da igreja essa corrente retrógada que, de Pinochet a Videla, apoiou
quase todas as ditaduras de ultradireita do mundo.
Bento XVI não
foi o sumo pontífice da luz que seus retratistas se empenham em pintar,
mas sim o contrário. Philippe Portier assinala a respeito que o papa “se
deixou engolir pela opacidade que se instalou sob seu reinado”. E a
primeira delas não é doutrinária, mas sim financeira. O Vaticano é um
tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que surgiram no último
ano têm a ver com as finanças, as contas maquiadas e o dinheiro
dissimulado. Esta é a herança financeira deixada por João Paulo II, que,
para muitos especialistas, explica a crise atual.
Em setembro de
2009, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettore Gotti Tedeschi para o posto de
presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do
Vaticano. Próximo à Opus Deis, representante do Banco Santander na Itália
desde 1992, Gotti Tedeschi participou da preparação da encíclica social e
econômica Caritas in veritate, publicada pelo papa Bento XVI em julho
passado. A encíclica exige mais justiça social e propõe regras mais
transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi teve como
objetivo ordenar as turvas águas das finanças do Vaticano. As contas da
Santa Sé são um labirinto de corrupção e lavagem de dinheiro cujas origens
mais conhecidas remontam ao final dos anos 80, quando a justiça italiana
emitiu uma ordem de prisão contra o arcebispo norte-americano Paul
Marcinkus, o chamado “banqueiro de Deus”, presidente do IOR e máximo
responsável pelos investimentos do Vaticano na época.
João Paulo
II usou o argumento da soberania territorial do Vaticano para evitar a
prisão e salvá-lo da cadeia. Não é de se estranhar, pois devia muito a
ele. Nos anos 70, Marcinkus havia passado dinheiro “não contabilizado” do
IOR para as contas do sindicato polonês Solidariedade, algo que Karol
Wojtyla não esqueceu jamais. Marcinkus terminou seus dias jogando golfe em
Phoenix, em meio a um gigantesco buraco negro de perdas e investimentos
mafiosos, além de vários cadáveres. No dia 18 de junho de 1982 apareceu um
cadáver enforcado na ponte de Blackfriars, em Londres. O corpo era de
Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano. Seu aparente suicídio expôs
uma imensa trama de corrupção que incluía, além do Banco Ambrosiano, a
loja maçônica Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio
Gelli e o próprio IOR de Marcinkus.
Ettore Gotti Tedeschi recebeu
uma missão quase impossível e só permaneceu três anos a frente do IOR. Ele
foi demitido de forma fulminante em 2012 por supostas “irregularidades” em
sua gestão. Tedeschi saiu do banco poucas horas depois da detenção do
mordomo do Papa, justamente no momento em que o Vaticano estava sendo
investigado por suposta violação das normas contra a lavagem de dinheiro.
Na verdade, a expulsão de Tedeschi constitui outro episódio da guerra
entre facções no Vaticano. Quando assumiu seu posto, Tedeschi começou a
elaborar um informe secreto onde registrou o que foi descobrindo: contas
secretas onde se escondia dinheiro sujo de “políticos, intermediários,
construtores e altos funcionários do Estado”. Até Matteo Messina Dernaro,
o novo chefe da Cosa Nostra, tinha seu dinheiro depositado no IOR por meio
de laranjas.
Aí começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhece bem
o Vaticano diz que o banqueiro amigo do papa foi vítima de um complô
armado por conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado,
Monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pela
comissão de cardeais que fiscaliza o funcionamento do banco. Sua
destituição veio acompanhada pela difusão de um “documento” que o
vinculava ao vazamento de documentos roubados do papa.
Mais do que
querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano
os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um
ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões
sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A
hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de
decomposição moral. Nada muito diferente do mundo no qual vivemos:
corrupção, capitalismo suicida, proteção de privilegiados, circuitos de
poder que se autoalimentam, o Vaticano não é mais do que um reflexo
pontual e decadente da própria decadência do sistema.
Eduardo Febbro”
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |
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