Nova Série

 
 

 

 

 

 

 

NICOLAU SAIÃO
Um poema de José Jagodes
Recebêmos do Sr. Prof. Doutor José Jagodes, com pedido de publicação, uma carta que passamos a transcrever sem quaisquer comentários mas muita satisfação.

Com efeito e se nos é permitido o detalhe jubiloso, há muito que o grande homem público não se nos dirigia. Correram mesmo boatos de que teria viajado para o Equador, para dar aulas na Universidade Livre de Quito, nomeadamente para investigar se era mesmo fatual o célebre poema cesarinyano
"Tudo está eternamente escrito (Spinoza)/Tudo está eternamente em Quito (uma rosa)". Podemos asseverar que tal não corresponde à realidade, uma vez que o autor de "O bocejo nos tempos do Segundo Império" continua a reger na Sourbonne a sua já famosa unidade curricular "Metafísica Objetual, Macânica Supra-Nominal e Inteletiva", hoje incontornável no pensamento por exemplo de Hollande e alguns outros mas estes lusitanos.

Segue a peça:
 
 "Caro diretor
 
    Estando fortuitamente em momento de descanso, venho saudá-lo cordialmente e, por extensão, aos milhares de meus leitores através desse espaço que neticamente assegura.
    Apenas para dar uma pequena explicação, obviamente sucinta e de poucas palavras, o contrário é que seria estranho, de modo aos meus/minhas admiradores/as ficarem cientes de que continuo vivo e ao alto (isto não é piada brejeira) e que o bem da Pátria, incluindo a nação e mesmo o país neste vocábulo expressivo, continua a nortear o meu pensamento - o que não se estranhará pois a minha cabeça, e peço indulgência para uma auto-citação "é uma verdadeira caldeira de motor em contínua ebulição".
  Dest'arte, estou neste momento - correspondente a um intervalo nas aulas e nos passeios proverbiais no parque Monceau, para manter a forma que como sabe continua assinalável, a dar à luz uma série de textos em jeito proto-biográfico com que, em breve, abrilhantarei as páginas que proficientemente alinda, e terão iluminação fotográfica do meu habitual colaborador de que nem necessito dizer o nome.
 
  Sem mais por ora e sempre a considerá-lo bem como aos inúmeros e fiéis leitores/fãs, fica estrenuamente o
 
  José Jagodes (Esquire) 
 
(Flash do Doutor Jagodes numa atitude militante/patriótica)

Geração Portugal


Somos actores de coragem
com estilos empenachados
pátrio orgulho dos passados
como outrora nunca vi
E mal nos dá a aragem
ficamos ao mundo abraçados
- e à Angelina Jolie...

Para vencer desafios
também temos um soberano
um D. Duarte com brios
cronicado pelo Hermano
“- Abre a porta meu menino
que quer entrar um fulano
com muito jeitinho e arte!

Mas responde-lhe o destino
num tom bem republicano:
- Mandem-no àquela parte!

       (Estribilho)


Grita viva Portugal
tira a alma, fura o peito
dá um murro no sujeito
que não te der o sinal
de que vai andar direito
com um jeito

ocidental

Nós queremos mais Portugal
para encher bem o bandulho
e dar com o estadulho
no poviléu pequenino.
E incentivar o barulho
desse Marcelão mofino!...

Nova força para o mundo:
- meu jeitinho de animal
político, de quintal
na vanguarda do futuro
Ser politicão é um furo
para se andar mais feliz


Meu orgulho, meu país
meu lindo país profundo
- e mesmo se fores um imundo
levanta bem o nariz!

O Passos é quem conduz
de norte a sul todos nós
com a sua linda voz
de galã meio-rapazola  

Quem refere que ele é um pachola
e não presta para governar
não sabe mesmo o que diz
e na prisa devia estar
- Meu Portugal, meu país
tão à beirinha do mar!
(E tu levas na carinha
se tornas a criticar...)

 

Do lado parla o Pinóquio
com voz de galo capão
- que a TV paga-a o povão
para ele lhe cantar o fado
de que foi um injustiçado
…e o povo tem de amargar!

Mas eis que chega um tal Gaspar
- o que fala aos solavancos
como um gago a silabar –
e com vontade de se rir
põe toda a malta a chorar
quando desata a referir: 

- É tempo de acreditar,
de ter confiança em si
com o Portas a ajudar
com seu garbo militar.

Toca malta a trabalhar!


Como Portugal nunca vi!


Com ele vivo a sonhar
- e com a Angelina Jolie...

 

JOSÉ JAGODES

 

(Paris, Sourbonne, Maio de 2013)

Nicolau Saião – Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista, actor-declamador e artista plástico.  

Participou em mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto, Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha, etc.   

Em 1992 a Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan” (1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).    

No Brasil foi editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica (“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed. Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro cantos”(antologia).       

Fez para a “Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos” (2005).  

Organizou, coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas sobre o 25 de Abril”. 

Tem colaborado em  espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto), “Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios, “Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu), “Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”, “La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”, “Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos), “Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires” (Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...  

Prefaciou os livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas” de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e “Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora). 

Nos anos 90 orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no “Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março de 2000 a Julho de 2003. 

Organizou, com Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso” (1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).  

Concebeu, realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones lusitanas”.  

Até se aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.  

É membro honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001, a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.

Blog : Ablogando, em: http://ab-logando.blogspot.pt/