No diário Destak de ontem José Luís Seixas, através da sua coluna de
opinião, escreve o que se segue sobre o indivíduo que – perdida toda a
contenção e num arroubo de insensato rancor por ter sido defenestrado do
poder pelo povo que claramente despreza – numa entrevista ao Expresso, deu
em côncavo e em convexo o seu perfil e o seu caracter de ex-político e de
despejado por extenso.
Aqui fica o texto, curto mas notável e corajoso a mais dum título.
“COLUNA
VERTICAL
O glossário de Sócrates
Ao longo do seu percurso político, Sócrates sempre transmitiu a imagem de
um narciso empertigado e prepotente. O verniz foi estalando de quando em
vez, como naquele abraço a Barroso, exclamando “porreiro, pá!”. Ou na
expressão de incontido desprezo que marcou os debates parlamentares da
época ao invetivar, salvo erro, Louçã, com um «a tua Tia!». Admito que
possa ter sido «a tua Mãe», mas a minha recordação aponta mais para a
colateral.
A entrevista do personagem ao Expresso é uma verdadeira pérola digna de
arquivo para memória futura, não vá o diabo tecê-las. A pretexto de um
«Sócrates íntimo», dedilhou qualificativos depreciativos sobre tudo e
sobre todos, à exceção, claro está, dele próprio. Usou, com eloquência e
supina elegância, o calão mais depurado que se tem lido em jornais
supostamente de referência. Se um dos seus opositores é «um merdas», toda
a direita já é «uma cambada de filhos da mãe» que, curiosamente, aspirava
tê-lo por líder. Há um alemão que é um «estupor», ademais de partilhar o
conceito anteriormente referido de filho da progenitora. «Canalhas» e
«pulhas» são referidos a eito, embora com o seu – dele – critério. O resto
são «tipos» e «gajos», «raios os partam a todos!»
Tem – ele – uma «boa vida» – coisa que os portugueses não conseguem
partilhar – e «não sente nenhuma inclinação para voltar a depender do
favor popular», que é como quem diz: “esse bando de ignaros, que é a
populaça, não merece o meu génio”… Replicando expressões suas, apetece
dizer ao “gajo” que pode estar tranquilo quanto ao favor do povo. Este
costuma ser criterioso relativamente ao “filhos da mãe” que o deixou na
penúria!”
Nota – Quando, num artigo dado a lume no TriploV, no Ablogando e, em
periódicos, em Espanha, França e Brasil caracterizei o antigo
premier como um aventureiro político
com perfil não de líder mas de condottieri, não o fiz por hostilidade mas
por tipificação realista-científica.
Os ulteriores procedimentos e bosquejos conceptuais do dito sujeito creio
que me asseguraram que acertara no alvo.
É patente que, a pouco e pouco, se vão desvelando na sua figura em recorte
os tiques a que Umberto Edo deu o nome de cripto-fascismo: a violência
verbal desbragada carreando rancor, a pequena megalomania, o atiçar duma
violência e duma brutalizada narrativa que não são normais em países
civilizados – mas que são muito naturais num terceiro ou num quarto mundo.
ns
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Nicolau Saião –
Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou em
mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália, Polónia,
Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter exposto
individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris, Porto,
Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi, Sevilha,
etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio Revelação/Poesia
ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor ainda de “Assembleia
geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro (1992), “Flauta de Pan”
(1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O desejo dança na poeira do
tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a sair).
No Brasil foi
editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e plástica
(“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a Ed.
Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique (2008), “O
armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os fungos
de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e ilustrou, o
mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato Suttana “Bichos”
(2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na surrealidade
em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na Liberdade – poemas
sobre o 25 de Abril”.
Tem colaborado
em espaços culturais de vários países: “DiVersos” (Bruxelas/Porto),
“Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”, “Agulha”, Cronópios,
“Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil), Mele (Honolulu),
“Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz), “Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”,
“La Lupe”(Argentina) “A cidade”, “Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”,
“Velocipédica Fundação”, “Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos),
“Revista 365”, “Laboratório de poéticas”(Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou os
livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de portas”
de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do Carmo
Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno Rebocho e
“Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural publicado
mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de Portalegre”, de Março
de 2000 a Julho de 2003.
Organizou, com
Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o Maravilhoso”
(1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na Rádio
Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de poesia e
pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no álbum “Canciones
lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município da
sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e, em 2001,
a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de actividade cívica e
cultural outorgando-lhe a medalha de prata de Mérito Municipal.
Blog : Ablogando, em:
http://ab-logando.blogspot.pt/ |