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NICOLAU SAIÃO |
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A minha posição
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Num "órgão de informação", que por higiene
mínima não identificarei, um caramelo sugeriu que eu -
ultimamente, que ando e andarei em tratos literários, em Espanha
brevemente e, depois, em França - com egoísmo já não me importava com
o que se passa no real quotidiano societário. Estaria pois a render-me
ao desinteresse pela cidadania.
Não é verdade.
O que se passa é que
tenho andado ocupado com a feitura de dois discursos e outras
"intervenções espontâneas" (risos) para responder a futuras
entrevistas e nisso sou muito cuidadoso, pois gosto de dar ao leitor,
ao público por extenso, o melhor e mais digno do pouco que sei.
Mas para acabar
definitivamente com algumas ideias relativamente desadequadas, vou
tomar posição neste momento em que se iniciou a
corrida descendente para
a governação social-democrata (e só se podem queixar deles mesmos):
O governo luso actual, que ganhou as eleições
opondo-se ao do díscolo parisiense,
todavia a seguir mentiu ao povo português e agrediu-o nos seus
direitos constitucionais, forçando-o através do arbítrio que protege
ricos e fundações e desanca pecuniariamente reformados.
"Todos têm o direito de resistir
a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e
de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível
recorrer à autoridade pública." - Direito de resistência, Art.21 da
Constituição da República.
As
declarações, sensatas e claras, dum dos representantes dos
polícias, que referiu que o governo tem tentado arteiramente
usá-los contra o povo manifestante legal, não deixa margem
para dúvidas.
Assim sendo, o povo tem o direito de insurreição ante esta gerencia que
se colocou fora da lei. Devemos pois preparar-nos para
essa eventualidade, amarga mas legítima!
Todavia,
isso não passa por ataques armados a ministros ou
sedes de partidos políticos. Ninguém, que eu saiba,
propôs até hoje tal insensatez. Ninguém tanto quanto
sei sugeriu, como se está a fazer em Espanha e França,
que as moradas de magistrados pervertidos ou
colaboracionistas dos turiferátrios oficiais sejam
postas em agenda, para na altura própria se lhes
"apresentar cumprimentos". Nem ninguém aventou a ideia
de se vigiarem atentamente assessores potencialmente
abusadores ou corruptos para se lhes "apertar a
mão..." quando rebentar a "bernarda". Ou que deputados
dos que o dr. Paulo Morais, presidente do Observatório
Anti-Corrupção, classificou como "vendilhões relapsos"
pois fazem da Assembleia da República verdadeiro coio
de ilegalistas, sejam sumariamente pendurados nas
árvores da Avenida da Liberdade, a exemplo do que
sucedeu a 5 delegados do ministério público italiano,
mancomunados com a Mafia, no decorrer da operação Mãos
Limpas.
Insurreição significa algo bem diferente!
Significa a contestação, através da presença nas ruas
e em todo o lado onde isso legitimamente se possa
exercer, dos cidadãos usando do seu direito
inalienável de ser gente
contra os abusos à pala da governação. E que
não é passível de negociação, mesmo num País onde
vigora uma "sociedade criminal"
(ou seja, como eu referi e perdoem-me se me cito, no
meu "O crime e a sociedade", aquela onde o
crime é consentido pelos esteios do Estado
quando não por ele incrementado, como entre
nós se verifica).
Neste momento, o que vem na sequencia da governança
do denominado popularmente "Pinóquio", a Nação lusa já
não é uma Democracia real ou por extenso, mas
um Estado cripto-fascista devido aos actos de
políticos e seus manteúdos (utilizantes do
sistema judicial, que bloqueiam a justiça mediante a
colocação, em locais estratégicos, de apaniguados ou
áulicos estipendiados moral e materialmente), membros
das polícias secretas - que não visam a defesa da
Nação mas dos que a usam como uma coutada
- e correlegionários
partidários, verdadeiros homens-de-mão dos que
tripudiam sobre a pátria lusa a seu bel-prazer.
Estes homens, que agora parece tiraram
definitivamente a máscara, não são economicistas ou
tecnocratas! São, isso sim, verdadeiros apaniguados
que tentam tapar o estado ruinoso a que os
seus capangas, quando não eles mesmos em parte,
levaram Portugal.
O estado a que se chegou não é culpa da população, o
que eles tentam injectar através de uma
insidiosa, mentirtosa e cínica propaganda.
O povo comete erros. É ingénuo, por vezes mesmo
desleixado. Mas não é globalmente criminal,
tanto mais que numa "democracia aproximativa" não tem
tido, geralmente, senão que ratificar eleições
ratonas! Manipulado pela incultura induzida, pala
futebolite, pelas telenovelices e pela beatice dos
"parlapatões tonsurados", como dizia Eça, muito tem
ele tolerado.
Num país menos pacífico já teriam rolado cabeças. E
não falo por simbolicamente...!
Quando um Constancio, que não conseguiu
perceber que nos bancos algo de apodrecido estava a
dar-se, vem "dar sentenças" e conselhos de comadrinha;
quando um Vítor Gaspar de discurso roboticamente
sincopado vem tentar convencer-nos que o amarelo é
azul e o verde castanho às pintinhas; quando outros
cavalheiros tentam fazer passar a ideia de que para
salvar a nação é necessário ficarmos sem calças, sem
camisa e, se calhar, sem cuecas (passe a justa ironia)
- é tempo de dizer BASTA, tendes de mudar de rumo!
Temos-lo sugerido a bem. Seria grave que nos
obrigassem a DIZÊ-LO A MAL! Depois não se queixem.
Viva Portugal!
Saudações democráticas e fraternais do vosso
ns
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Nicolau
Saião – Monforte do Alentejo (Portalegre) 1946. É poeta, publicista,
actor-declamador e artista plástico.
Participou
em mostras de Arte Postal em países como Espanha, França, Itália,
Polónia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Austrália, além de ter
exposto individual e colectivamente em lugares como Lisboa, Paris,
Porto, Badajoz, Cáceres, Estremoz, Figueira da Foz, Almada, Tiblissi,
Sevilha, etc.
Em 1992 a
Associação Portuguesa de Escritores atribuiu o prémio
Revelação/Poesia ao seu livro “Os objectos inquietantes”. Autor
ainda de “Assembleia geral” (1990), “Passagem de nível”, teatro
(1992), “Flauta de Pan” (1998), “Os olhares perdidos” (2001), “O
desejo dança na poeira do tempo”, “Escrita e o seu contrário” (a
sair).
No Brasil
foi editada em finais de 2006 uma antologia da sua obra poética e
plástica (“Olhares perdidos”) organizada por Floriano Martins para a
Ed. Escrituras. Pela mão de António Cabrita saiu em Moçambique
(2008), “O armário de Midas”, estando para sair “Poemas dos quatro
cantos”(antologia).
Fez para a
“Black Sun Editores” a primeira tradução mundial integral de “Os
fungos de Yuggoth” de H.P.Lovecraft (2002), que anotou, prefaciou e
ilustrou, o mesmo se dando com o livro do poeta brasileiro Renato
Suttana “Bichos” (2005).
Organizou,
coordenou e prefaciou a antologia internacional “Poetas na
surrealidade em Estremoz” (2007) e co-organizou/prefaciou ”Na
Liberdade – poemas sobre o 25 de Abril”.
Tem
colaborado em espaços culturais de vários países: “DiVersos”
(Bruxelas/Porto), “Albatroz” (Paris), “Os arquivos de Renato Suttana”,
“Agulha”, Cronópios, “Jornal de Poesia”, “António Miranda” (Brasil),
Mele (Honolulu), “Bicicleta”, “Espacio/Espaço Escrito (Badajoz),
“Bíblia”, “Saudade”, “Callipolle”, “La Lupe”(Argentina) “A cidade”,
“Petrínea”, “Sílex”, “Colóquio Letras”, “Velocipédica Fundação”,
“Jornal de Poetas e Trovadores”, “A Xanela” (Betanzos), “Revista
365”, “Laboratório de poéticas” (Brasil), “Revista Decires”
(Argentina), “Botella del Náufrago”(Chile)...
Prefaciou
os livros “O pirata Zig-Zag” de Manuel de Almeida e Sousa, “Fora de
portas” de Carlos Garcia de Castro, “Mansões abandonadas” de José do
Carmo Francisco (Editorial Escrituras), “Estravagários” de Nuno
Rebocho e “Chão de Papel” de Maria Estela Guedes (Apenas Livros
Editora).
Nos anos 90
orientou e dirigiu o suplemento literário “Miradouro”, saído no
“Notícias de Elvas”. Co-coordenou “Fanal”, suplemento cultural
publicado mensalmente no semanário alentejano ”O Distrito de
Portalegre”, de Março de 2000 a Julho de 2003.
Organizou,
com Mário Cesariny e C. Martins, a exposição “O Fantástico e o
Maravilhoso” (1984) e, com João Garção, a mostra de mail art “O
futebol” (1995).
Concebeu,
realizou e apresentou o programa radiofónico “Mapa de Viagens”, na
Rádio Portalegre (36 emissões) e está representado em antologias de
poesia e pintura. O cantor espanhol Miguel Naharro incluiu-o no
álbum “Canciones lusitanas”.
Até se
aposentar em 2005, foi durante 14 anos o responsável pelo Centro de
Estudos José Régio, na dependência do município de Portalegre.
É membro
honorário da Confraria dos Vinhos de Felgueiras. Em 1992 o município
da sua terra natal atribuiu-lhe o galardão de Cidadão Honorário e,
em 2001, a cidade de Portalegre comemorou os seus 30 anos de
actividade cívica e cultural outorgando-lhe a medalha de prata de
Mérito Municipal. |
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