(Distribuição pessoal, reservada, nalguns casos confidencial e noutros decididamente secreta, para a edição da próxima terça-feira da Newsreck). Proibida a difusão pública por motivos de editorialidade).
A TEMPESTADE, ESSA, FOI É CÁ! - declarou ao nosso repórter o Dr. Pitta Raposo. O Dr. José Jagodes manteve um fundo silencio iluminado pelo seu célebre sorriso à Mona Lisa.
Jason Peeplewebb, repórter redactor para os Assuntos Inter-Nacionais, foi encontrar os dois Comentadores Residentes com o ar de quem comeu o peru todo. A satisfação brilhava nos seus rostos – um mais seco e glabro, outro mais rubicundo e piloso (nenhuma semelhança com o Costa camarário-comentador ou com o salubre Perneco Parreira). A primeira pergunta foi conforme se impunha.
Newsreck (N) – Caros Doutores, satisfeitos com o resultado destas Eleições?
Pitta Raposo (PR)/ José Jagodes (JJ) – Eu por nós não diria tanto!
N – Como? Mas julguei que...dado que os resultados confirmaram as vossas previsões e mesmo a opinião escrita de um de vós...
JJ – Claro que estamos contentes, isso não sofre dúvida! Mas o que o meu amigo perguntou foi se estávamos satisfeitos...
PR - ...e isso é muito diferente! O meu amigo é estrangeiro, não conhece as nuances da língua portuguesa...
JJ - ...aliás uma das mais belas e mais ricas do mundo! E dou-lhe já um exemplo concreto: ouviu o discurso do senhor primeiro ministro secretário geral? Era um homem claramente satisfeito, como ele próprio afirmou, embora não estivesse contente – isto digo eu porque o percebi tão bem como o boçal, digo Vital...
PR - ...e eu direi mesmo mais – satisfeito mas não contente! A não ser, claro, o saudoso Almeida e Santos, que esse estava também contente...
JJ – ...mas aí havia outros quês... Foi por causa do Benfica ontem não ter perdido!
N – Homessa! Mas se ontem não houve campeonato...!
JJ – O que corrobora a minha declaração!
PR – Exacto! Quer algo mais claro? Não podia ter perdido, de todo!
JJ – Mas já que falamos em contentamento, contente estava mesmo o sr. Ministro da cultura, na sua pré-declaração ao ser entrevistado por um seu colega da TV lusitana...
PR – Disse e com verdade que a abstenção se deveu às pessoas não saberem nada de nada, estarem desinteressadas da política a sério!
JJ – Ou seja, por serem muito estúpidas. Ele não disse isso porque é delicado...
PR - ...as pessoas de grande talento, como é o caso, são sempre delicadas...
JJ - ...excepto no caso do premier Berlusconi, que afirmou brutalmente que o Saramago era uma espécie de delinquente!
N – Peço desculpa...desculpe se o corrijo... mas foi ao contrário, a afirmação sobre a delinquencia, que Você classifica como brutal, foi do Saramago e não do outro!
JJ – Ó diabo!
PR – O que prova que a tua afirmação anterior nem sempre é pacífica...
JJ – Han?
PR – Nem sempre uma pessoa...talentosa...é delicada...
JJ – Mas a inversa também poderá ser verdadeira... Pronto, não insistas, meti a pata na poça, enganei-me, mas é a primeira vez, sublinho a talho de foice.
N – Por falar em foice: o PCJ lá ganhou de novo...
PR –... isso não é novidade, ganha sempre...
JJ - ...mas há umas vezes em que ganha mais que outras...
PR - ...até os que abandonam essa formação cívica, como o boçal, digo o Vital, que conforme se ouviu estava bastante satisfeito...
JJ - ...e também contente. Um caso feliz de concomitância eleitoral, que parte do facto de que garantiu ir representar os interesses portugueses com grande intensidade!
PR – Pudera, não!!
JJ – Que queres dizer com isso?
PR – Nada...Foi só um ligeiro àparte...
JJ – Haja respeito mesmo pelos adversários. Apesar de o Vital, ai, o boçal..ou seja, o Vital, ter insinuado que o Ringel andava feito com o BNP, isso não te autoriza nem mesmo de longe a seguir esses robustos métodos...
PR – Mas eu não estava a insinuar nada! E considero que a tua...
N – Meus senhores, então!
JJ – Tem razão, desculpe o nosso pequeno desaguisado. Sabe, não é impunemente que se é comentador residente...sempre a assistirmos a peixeiradas, é natural que fiquemos ligeiramente tocados por esse tique...
PR – Eu diria mesmo mais...Por esse toque!
N – Bom, a entrevista já vai longa...Daqui a bocado tenho que ir para o aeroporto...
JJ – Ó diabo!
PR – Arre!
N- Obrigado pela vossa precaução solidária, mas creio que não haverá motivos de preocupação.
JJ – Também acho, a violenta tempestade foi é aqui...
PR – Com excepção para o...o esse...o Vital! Vai para longe, não corre o risco de andarem sempre a reconhecê-lo cá pelas ruas (risos um pouco relinchantes dos dois comentadores-pensadores).
JJ – Um acho eu que não deverá ter ficado nem satisfeito nem contente...!!!
PR e N - O Cavaco??? O já europeiamente desegravatado Barão Pomposo?
JJ – Nããão! O Constança.
N e PR – O Constança? Como assim?
JJ – Então não vêem que amanhã vai ter de estar presente, em plena derrota, na inquirição do Banco de Portugal pela comissão do Melo da República?
PR – Pois...E este já disse que nem que tenha de ficar acordado toda a noite vai lá estar de certeza! E não deverá ser para oferecer rebuçados de mentol ao aparentemente sempre constipado Constança... |