Este espaço sobrado duma folha
que não era nem poema nem minuto votado
ao silêncio minúsculo de quem procura
qualquer coisa pedra ou animal
dou-o a quem quiser
sem intenções reservadas
e sem qualquer objecto
lá no cimo e ao fundo.
Às vezes convém ter
memória engatilhada
na superfície súbita
dos outros
para que a escrita seja
redonda amarga azul
e conceda a beleza
- íntima humanidade -
de seis sete palavras
bruscas tranquilas leves
sem tragédia ou disfarce.
NS
(Bom ano novo a todos!)