JOAQUIM SIMÕES

Fado do menino Fernandinho
   (sobre música do Fado Menor do Porto, de José Joaquim Carvalheiro Jr. –
para Teresa Silva Carvalho e em memória de Fernando Pessoa)

Foste, aos poucos, desenhando

o mapa da nostalgia

de ti, que vais entranhando,

bebendo a sombra do dia.

 

Português desempregado

do emprego no teu ser,

tiveste na Índia um fado

que te ficou por viver.

 

O sol não te aquece a alma.

Nas mãos em que a ofereces,

disfarças a dor de calma

e, de poemas, as preces.

 

E a Deus, se existir, não pedes

a mera felicidade:

pedes o riso feliz

do brincar com a Verdade.

Joaquim Simões nasceu em Paço d’Arcos, em 1950.

Licenciou-se em Filosofia, na Universidade Católica Portuguesa. Frequentou o mestrado em Cultura Clássica da Universidade de Lisboa, sob orientação do Professor Victor Jabouille, tendo sido investigador da Linha de Acção 1 do Departamento de Línguas e Cultura Clássicas da mesma Universidade, abandonando, porém, ambas as actividades por motivo de doença.

Foi professor do Ensino Secundário em diversas escolas da área de Lisboa e, para além da actividade docente, exerceu funções de orientador de estágio profissionalizante e de representante de uma delas em alguns encontros, nacionais e internacionais, sobre multiculturalidade.

Em 1979, publicou um livro de poemas em edição de autor, com prefácio de Manuel Grangeio Crespo.

Entre 1980 e 1983 participou no projecto de teatro para a infância e juventude do Teatro do Nosso Tempo, em Lisboa. Em 1982, em parceria com o músico Francisco (Xico Zé) Henriques, constrói um espectáculo, “Astrolábio”, composto por canções feitas a partir de poemas seus.

Entre 1989 e 2010, colaborou permanentemente com Manuel Almeida e Sousa e a Mandrágora em diferentes realizações na área da performance teatral.

Em 2010, colabora com Maria Morbey Henriques no espectáculo “Banjazz – Um bichinho esquisito”, levado à cena, em Fevereiro, no Centro Cultural de Belém.