Esta é a minha
homenagem ao poeta e o meu abraço fraterno a um homem de bem.
(No 70º aniversário de Nicolau Saião)
Não tenho a certeza, mas…
Antes percorria-lhe a pele fresca e macia
Um mapa feito de pele humana
Onde me espreguiçava em viagens que procurava
Inesperadas obscuras de onde sairia sempre
terrivelmente
Vencedor amante oh sempre sempre
Amante
Para todo o sempre
Mas hoje consigo subir apenas
Ao alto de uma ruga que ontem não havia
Nesse mapa e ver que afinal é
Tudo uma sucessão de rugas quase todas iguais e que
Entre elas pouco sobra para viagens e que
Tudo ou quase tudo é para ser visto do alto e que
O que antes me parecia
Ser uma planície não passa de um pequeno vale
Onde nem um riachozito aprazível anda à sua vida
Como se eu tivesse sido toda a vida uma criança
E as coisas me surgissem maiores do que realmente são
Já disse, não tenho a certeza…
Mas acho que foi mesmo o Tempo
Que envelheceu
Joaquim Simões, Fevereiro de 2016
|