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FERNANDO GRADE |
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Sobre José Hermano Saraiva |
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Prezada Maria Estela Guedes:
Por ínvios caminhos informativos, desci no seu site (e ainda bem que
sim, porque não estou nada arrependido), e fui confrontado com uma
referência ao desaparecimento do pensador e ensaísta António José
Saraiva (1), irmão do, agora, também desaparecido José Hermano
Saraiva (e deixe-me ser jocoso: vulgo gradeano, "O Dentaduras").
Fixei mormente o facto de a Maria Estela dizer que o José Hermano S.
tinha dito que assistira à morte do irmão
quando, na realidade, o conhecido "enterteiner" cultural não pusera
lá os pés. Era menino velho para isso. Era
uma pessoa calibrada para não perder quaisquer oportunidades. A
Maria Estela deve estar recordada -- por todas
as razões e mais uma -- que o J.H. S. aceitou ser director do
"Diário Popular", quanda não percebia peva de jornalismo. Acabou transformado em coveiro do "nosso" (não esqueço,
"seu" e "meu") querido vespertino do Bairro
Alto...
Li com agrado as suas palavras no site, e embora não tendo esquecido
a sua passagem directiva pela APE, não
conseguia precisar se, a 17 de Março de 1993, data da morte do
António José Saraiva, a Maria Estela pertencia
ainda ou não aos corpos gerentes. Soube agora que sim. E, neste
caso, cabe-me fixar nestas llnhas alguma
historicidade pessoal, porque, quando me informaram que o António
José Saraiva tinha falecido na Associação
Portuguesa de Escritores, ao receber um prémio literário,
porventura, merecido (não assisti ao acto), tinham-no
transportado, já sem sentidos, do salão para o átrio da casa, e
sentaram-no no banco corrido onde, disseram-me
na altura, acabara por morrer, ainda antes da vinda da ambulância e
dos socorros.
Aqui chegados, não pude matar a memória de que, por cima do banco
onde morrera o A.J.S., se encontrava
e encontra o quadro "Os Serradores", da autoria de Júlio Pomar, e
que é, sem dúvida, uma das obras emblemáticas do neo-realismo pictórico português. Na altura, pensei, sem
qualquer humor negro, mas sublinhando
uma situação de facto:
" Lá abalou o velho Saraiva debaixo do quadro que eu fui buscar à
Casa Pia..."
Nos últimos idos de '76, eu fazia parte da direcção da APE (a qual
era capitaneada pela Fata: Maria de Fátima
Bívar Velho da Costa), e chegou-nos o informe oficial de que parte
da biblioteca da extinta e pulverizada SPE
-- Sociedade Portuguesa de Escritores, destruida por pides,
legionários e outra tenebrosa tropa fandanga --,
tinha sido armazenada, ao longo desses anos todos, em Belém, na Casa
Pia de Lisboa.
A nossa Direcção incumbiu-me de ir até lá resgatar os livros. E, foi
no desenvolvimento desta iniciativa, que também descobri nos armazéns casapianos o tal quadro do Pomar, outro
do Manta (Velho), igualmente conhecido por Mestre Manta, e outro trabalho de um autor pictórico de
menos nome e ainda menor qualidade.
Sinceramente, passou-me de todo a nomenclatura...
Estes três quadros foram os únicos excedentários, fugidos à barbárie
da destruição porque passou o
acervo artístico da Sociedade Portuguesa de Escritores e da
respectiva sede, na Primavera maldita de 1965.
Local do crime: Rua da Escola Politécnica. Cidade: antiga capital do
Império dos Incas.
Como vê, e "à custa" da minha digressão pelo seu site, tive ensejo
de acrescentar, no bom sentido, alguma
história a esta estória. Para finalizar, resta dizer que, no
pretérito ano, resolvi contar ao Pomar o que, até então, não me apetecera fazê-lo. A "revelação" aconteceu em Algés, no
Centro de Arte Manuel de Brito, na inauguração de uma mostra já não sei de quem. Fartámo-nos de rir os
dois, como não podia deixar de ser. Mas
eram bem sinistros, como a Estela também viu e sofreu, os métodos
salazarentos...
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(1)
Maria Estela Guedes, José Hermano Saraiva:
«Eu vi morrer o meu irmão António». |
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FERNANDO José da Costa GRADE nasceu no
Estoril, a 1 de Abril de 1943. Poeta, pintor, cronista, ficcionista,
crítico de arte, jornalista, escultor e dinamizador cultural. Cumpriu
serviço militar em Angola (1966-68). A convite do jornalista
Acácio Barradas, foi crítico literário do ABC/ Diário de Angola. Está a
comemorar -- ao longo de 2012 -- 50 Anos de Vida Literária, já que foi
no dia 29 de Novembro de 1962 que viu publicado o seu livro de estreia
("SANGRIA", poemas, Guimarães Editores, Colecção Poesia e Verdade).
Fernando Grade inventou dois heterónimos,
cuja obra literária arquitecta com paixão e empenhadamente divulga: ABEL
SABAOTH(natural do Porto nascido a 6 de Junho de 1936, embora registado
como lisbonense, é professor de Latim, e encontra-se reformado) e AAL
AARÃO (também lisbonês, nado a 30 de Novembro de 1950, economista).
Grade é Poeta com vasta obra publicada,
constituída por 29 títulos, de onde sobressaem "O VINHO DOS MORTOS" (em
5ª. edição), "SAUDADES DE SER ÍNDIO" e a antologia "25 ANOS DE POESIA"
(1962,1987).
Como artista plástico -- desenhador,
pintor, colagista, escultor e ilustrador --, expõe desde 1965.
Participou em 388 exposições colectivas e realizou 16 individuais. Foi
três vezes premiado, em Desenho, com primeiras medalhas de prata, nos
salões da Junta de Turismo da Costa do Sol (XI e XV Salão de Outono e
no VIII Salão de Arte Moderna), e obteve, conjuntamente com Carlos
Calvet, o PRÉMIO DE AQUISIÇÃO do VI Salão de Arte Moderna de Luanda. Foi
critico de arte do "Jornal de Letras e Artes", "Século Ilustrado"e
"Diário de Notícias". Assinou balanços anuais de artes plásticas para o
jornal "O Século".
Foi critico de espectáculos da revista
semanal "Vida Mundial". Cronista (manteve secções individualizadas nos
jornais, entre outros, "A Nossa Terra", "A Capital", "O Século", "A
Bola", "O Mirante" e "Record"), e foi distinguido, em 1994, com o prémio
de âmbito nacional "A MEMÓRIA VIVIDA DO 25 DE ABRIL" -- Crónica:
Associação 25 de Abril/Montepio Geral. Obteve, em 1997, o PRÉMIO
LITERÁRIO HERNÃNI CIDADE (crónica), patrocionado pela Câmara Municipal
do Redondo. E é o autor da antologia de crónicas "O BAIRRO CERCADO".
Ficcionista e prosador ("O CADÁVER DE FERNANDO PESSOA"); jornalista
(chefe da Redacção e director-conjunto do jornal "A Nossa Terra", e
chefe da Redacção e director da revista "Costa do Sol"; recitador; actor
de acção (criador do "TEATRO DE ACÇÂO", Museu de Angola, Luanda,
1967-68). Dramaturgo (autor da peça "A VIDA APARECE SEMPRE QUE
PODE", publicada pela Universitária Editora). Conferencista e
dinamizador cultural.
Foi um dos fundadores do "Movimento
Desintegracionista Português" e, um dos criadores e teóricos do DESINTEGRACIONISMO
(1964-65), que é, até agora, o último movimento da poesia portuguesa.
Em 1964, no Teatro Gil Vicente, em
Cascais, foi o organizador -- na sua qualidade de director da página
literária CIDADELA -- do II ENCONTRO DA IMPRENSA CULTURAL.
Foi o fundador e tem sido o coordenador
desde sempre(1977-2012) dos cadernos de poesia VIOLA DELTA, Edições Mic,
que são os mais antigos cadernos de poesia que se publicam no nosso
país. Foi director da Sociedade Nacional de Belas Artes e membro do seu
Conselho Técnico, director da Associação Portuguesa de Escritores e
director-fundador da Associação Portuguesa de Críticos.
É autor de diversas canções, mormente de
"VAMOS CANTAR DE PÉ" (música de Pedro Osório, cantada, por Paco Bandeira
e, em Inglês,por Paulo de Carvalho), canção distinguida com o 2º.
Prémio do Festival da Canção de 1972. Em
1977, "Vamos Cantar de Pé" foi selecionado e publicado no álbum "Os
Maiores Sucessos da Música Portuguesa".
Durante 19 anos (1977-1996), Fernando
Grade interveio quase diariamente nas escolas secundárias, técnicas e
universidades do País, realizando centenas e centenas de acções, aulas
culturais de INTRODUÇÃO À LITERATURA POÉTICA MODERNA. Assim, puxando
pela imaginação dos alunos, dando-lhes pistas de transgressão do
discurso normativo, incentivando-os de maneira a sentirem que, apenas,
"pela loucura é que vamos!!!" -- F. Grade foi o pioneiro, entre nós, da
disciplina que viria a ser denominada por outros ESCRITA CRIATIVA.
É o sócio efectivo nº 2100 da SNBA
(Sociedade Nacional de Belas Artes), o cooperador nº 459 da SPA
(Sociedade Portuguesa de Autores) e o sócio fundador nº 237 da APE
(Associação Portuguesa de Escritores).
É o presidente do Comité Directivo do
Movimento de Intervenção Cultural (MIC/Edições Mic), desde o inicio --
1976/1977.
www.fernando.grade.webnode.pt
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