Escorria-me das veias doentes
Um sangue ainda quente
Como percorre as águas do Norte
Levando pra bem longe
As ervas daninhas
Onde estavas identidade adormecida ?
Sofrida nas noites ensangüentadas
Anestesiada ou morta
Ou apenas me contemplando
Ao pé da porta?
Mirava-me calada, identidade amiga
Mas vieste a mim, pelas mãos do Criador
Fruto das atenções da luta
De suas mãos solares
De olhares ternos e carinhos puros
Quem tu és identidade?
Que secretos poderes tens,
Que me matas ou me revives
Que me faz sofrer ou me faz calar
Quão mistérios tu trazes na alma?
E quem é você doce guerreiro salvador das vidas?
Por quantos sangues lutou para estancar
Quantos curumins fez brotar
Doce amante de mil formas a me encantar
Vamo-nos embora - nós três - agora
Tu, eu e a identidade caminhante
Só que cada um pro seu lado
Porque minha identidade pra renascer
A qualquer instante
Basta um fio de luz
Uma gota mínima de tolerância
Ou uma esperança em seu semblante.
Porque só um fogo eterno
O útero de meus avós
Pra tornar minha cidadania decente. |
Eliane Potiguara
foi indicada em 2005 ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio
Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura)
e Educação, ascendência indígena Potiguara, brasileira, fundadora do
GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin,
Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela
Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo. Trabalhou pela Declaração Universal dos
Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Seu último livro é “METADE CARA,
METADE MÁSCARA”, pela Global Editora. Ganhou o Prêmio do PEN CLUB da
Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA.
Site pessoal:
www.elianepotiguara.org.br
Institucional:
www.grumin.org.br
E-mail:
elianepotiguara@grumin.org.br |