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Revista TriploV
de
Artes, Religiões e Ciências |
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Eliane Potiguara....................... |
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Megaron, a avó do mundo e a
convenção 169 da OIT |
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Megaron, sobrinho de Raoni contemplava infinitamente o céu e com seus
olhos de águia penetrava o universo como quem busca o ponto certo e focal,
a definição de uma resposta aos problemas sociais, políticos, étnicos e
existenciais dos Povos Indígenas atrelados pela linha da vida e a linha
dos clãs do povo xinguano escolhido propositalmente pelo Universo para
fazer acontecer as mudanças que precisam acontecer na Terra.
O
comando estrelar unido à força das luas crescente e cheia foram captados
pelo guerreiro xinguano e seu povo, e ajudado pela força da avó ou mãe do
mundo, da mulher que não precisa estar presente em nada ou em nenhum lugar
porque ela já está em todos os lugares em alma e força espiritual. Ela
está viva no espírito, coração, cultura e língua dos guerreiros e
guerreiras para que ela possa fazer exercer e abastecer a grande
transformação, que virá cedo ou tarde.
É só ouvi-la e para os mais
sensitivos senti-la ou vê-la através dos tempos e da história. É a mulher
que percorre por debaixo dos leitos dos rios, é a mulher que cria o leite
quente para saciar a fome dos desesperados e despossuídos. É a mulher que
ao mesmo tempo nasce, morre e nasce de novo para perpetuar as gerações
indígenas deste país. É a mulher que possui o casco duro nos pés pelas
andanças! É a mulher, cuja voz ecoa no passado e no presente!
No
norte do planeta, montados a cavalo e montados à Convenção 169 da OIT
(Organização Internacional do Trabalho) e à Declaração Universal dos
Direitos Indígenas entre outros instrumentos jurídicos, olhares de lince e
cabelos negros bisbilhotam ações dos governos e tratados.
Esses
instrumentos jurídicos foram trabalhados arduamente por guardiões do fogo
criativo e assimilados por líderes políticos que convocam Assembléias para
que esse “ tempo” utilizado pelos ancestrais não seja desperdiçado pelo
descrédito. As famílias espirituais da flora, fauna, mares, rios,
cachoeiras, montanhas, serras, morros, cavernas, vales, seres encantados e
animais do céu, das águas e das terras e de todas as espécies, enfim toda
a biodiversidade da Tera escolheram a dedo os líderes indígenas pontuais e
geográficos para assegurarem as leis que definem, garantem e fortalecem a
política dos povos indígenas do Brasil e do mundo. Um homem jovem sentado
em seu barco _ora em seu cavalo e ora em seu jumento_ proseia em suas
preces e é abençoado pela Mãe Terra. É a Pachamama para os meso e
sulamericanos, a mãe natureza, as benzedeiras, as curandeiras e pajés
disfarçadas pelo grande poder estrelar cósmico da categoria “indígenas”.
Povos indígenas! Sigam os sinais que são apresentados para a fortaleza
futura e garantir a cultura e espiritualidade.Farejam como animais!
Unam-se fortes pelo objetivo único comunitário: nações, grupos, etnias ou
comunidades com ou sem Rio+20. Só existe um inimigo: aquele que não deseja
ver a sua prole prosperar. Na fé e confiança ouçam a voz que sai das
entranhas da Terra. “Eu moro, miro e admiro encima de uma copa de árvore
robusta numa casa branca iluminada pela luz eterna a querer o
reflorestamento da Terra. Ali faço ninho com as irradiações das luas
crescente e cheia, e recebo ordens do comando estrelar”, diz a avó do
mundo disfarçada em pajé, aquela que anda por baixo do leito dos rios e
espia o mundo. Ela diz: “Aquele que crê em mim ajudará na evolução de uma
nova mentalidade da juventude indígena”. Dizem que ela é uma bruxa! Ela é
apenas a “mulher que sabe”, a que possui o olhar desconfiado das sábias!
Megaron continua a olhar para o infinito e a sentir as evocações do
espaço.
Texto de Eliane Potiguara, escrito dia 22/09/2012, às 4
horas da manhã.
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Eliane Potiguara
foi indicada em 2005 ao Projeto Internacional "Mil mulheres ao Prêmio
Nobel da Paz", é escritora, poeta, professora, formada em Letras (Português-Literatura)
e Educação, ascendência indígena Potiguara, brasileira, fundadora do
GRUMIN / Grupo Mulher-Educação Indígena. Membro do Inbrapi, Nearin,
Comitê Intertribal, Ashoka (empreendedores sociais), Associação pela
Paz, Cônsul de Poetas Del Mundo. Trabalhou pela Declaração Universal dos
Direitos Indígenas na ONU em Genebra. Seu último livro é “METADE CARA,
METADE MÁSCARA”, pela Global Editora. Ganhou o Prêmio do PEN CLUB da
Inglaterra e do Fundo Livre de Expressão, USA.
Site pessoal:
www.elianepotiguara.org.br
Institucional:
www.grumin.org.br
E-mail:
elianepotiguara@grumin.org.br |
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