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Revista TriploV
de
Artes, Religiões e Ciências |
Nova Série |
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Pedro Foyos........ |
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Olha, Gustavo, o velho capitão desta equipa vence sempre por dez a
zero... |
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HOMENAGEM A MANUEL ABECASSIS EM MAIO DE 2012 |
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Nos
últimos tempos, Gustavo, muito se tem falado de ti, não só pela demora
desesperante de oito meses para encontrar um dador de medula mas também
e sobretudo pela notoriedade futebolística do teu pai, propiciadora de
uma impressionante onda de solidariedade. Finalmente, Gustavo, vai ser
possível realizar o transplante alogénico que debelará a tua aplasia
medular. Desculpa empregar estas palavras complicadas, mas as doenças
terríveis escondem-se sempre nestes emaranhados para aliviarem o peso da
realidade. De momento, Gustavo, agora que tudo foi feito no sentido de o
teu organismo não vir a rejeitar as novas células que vai receber, é
importantíssimo que saibas o seguinte: estará sempre-sempre a
acompanhar-te uma equipa fabulosa, tanto que, se fosse possível
transpô-la para o campo futebolístico, nem o teu pai conseguiria evitar
uma derrota por dez a zero! O velho capitão dessa equipa invencível
chama-se Manuel Abecassis. Já o deves ter visto aí no Instituto
Português de Oncologia. É aquele senhor de cabelo branco com laivos de
prata e olhos doces que de vez em quando te espreita e te sorri enquanto
vai conversando rodeado dos restantes jogadores: conversas sobre táticas
de ataque, fintas, coisas assim, bem conheces a toada. Sabes que ele foi
o pioneiro em Portugal neste género de desafios? Pioneiro quer dizer:
foi o primeiro a driblar em toda a linha um adversário de respeito no
campo em que tu estás agora, precisamente aí. Esse adversário, com o
feiíssimo nome de Leucemia, levou cá uma cabazada! O costume, dez a
zero, toma lá e vai decorar. Porém, a grande vencedora, quem levou a
Taça da Vida, maior do que ela própria, foi uma menina da tua idade,
chamada Inês. Ela estava muito doente, a vida por um fio. A estratégia
de então foi engraçada. Havia hipóteses de ser salva se tivesse um irmão
ou uma irmã. Mas a Inês não tinha irmão nem irmã. Então os pais, com
muito amor, resolveram fazer um bebé, ao qual seria dado o nome de João
Miguel. E o João não esteve com meias medidas. Logo-logo que nasceu, a
primeira coisa que fez foi salvar a Inês. Um dia terás interesse em
conhecer a Inês, hoje uma senhorinha linda. E o João Miguel com dezoito
anos. A qualquer momento o capitão Manuel Abecassis sabe a idade exata
do João Miguel porque nenhum jogador esquece a datas gloriosas da sua
carreira.
Gustavo: um dia conhecerás estas e muitas outras histórias. Ficarás
espantado com as coisas extraordinárias que acontecem neste mundo. A
começar por ti.
Gustavo: vemo-nos no final do dérbi, na festa da vitória. |
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Pedro Foyos
(Portugal)
Num percurso de meio século entre os mundos do
Jornalismo e da Literatura, passando pelas Artes Visuais, Pedro Foyos
alcançou especial notoriedade quando, já reformado do jornalismo diário,
começou a dedicar-se à ficção e à crónica de atualidade.
Iniciou muito novo (final de 1960) a atividade jornalística no diário
República – único declaradamente de oposição à Ditadura. Durante vários
anos conciliou o jornalismo com a vida académica, participando nos
movimentos estudantis que recrudesceram no País a partir de 1962. Na
condição de jornalista e ao mesmo tempo de estudante foi-lhe possível,
com a colaboração dos correspondentes da imprensa estrangeira,
transmitir para o mundo, durante quase toda a década de 60, os
acontecimentos das sucessivas crises académicas, com realce para as de
1962 (Lisboa) e 1969 (Coimbra).
Depois da revolução de 25 de Abril, no início do chamado Verão Quente de
1975 e na sequência do dramático encerramento do histórico jornal
República, dirigido por Raul Rêgo, passou dois meses a correr o País,
com o jornalista Vítor Direito, ao abrigo da solidariedade de
tipografias democráticas dispostas a imprimir o Jornal do Caso
República, publicação clandestina com tiragens de cem mil exemplares e
que não podia produzir-se mais do que uma vez no mesmo local. Em Agosto
desse ano foi co-fundador do diário A Luta, onde se manteve como redator
e diretor de arte até próximo da sua extinção. Ainda nos anos 70
trabalhou em várias publicações da empresa jornalística “O Século”, com
realce para as revistas O Século Ilustrado e Vida Mundial. Seguiu-se o
Diário de Notícias, onde integrou a chefia de redação, sendo
responsável, nomeadamente, pela revista dominical e edições especiais.
Empreendeu em simultaneidade vários projetos editoriais no âmbito da
Fotografia, Cinema e Artes Visuais em geral, fundando e dirigindo um
jornal e duas revistas. Fundou também a coleção Grande Reportagem,
consagrada a momentos assinaláveis do jornalismo português, tema que já
antes lhe inspirara o livro O Jornal do Dia, e, mais tarde, A Vida das
Imagens. Insere-se ainda nesse domínio Grandes Repórteres Portugueses da
I República.
De permeio exerceu durante doze anos a presidência da Associação
Portuguesa de Arte Fotográfica, tendo fundado e dirigido um Anuário da
especialidade. Realizou por essa época várias exposições individuais de
fotografia e de foto-pintura.
No campo do ensino e formação orientou estágios profissionais de
Tecnologias de Comunicação na especialidade de Psicologia da Leitura.
Interessado igualmente, desde muito novo, pelos temas científicos,
fundou o Centro de Estudos das Ciências da Natureza, direcionado em
especial para as camadas juvenis, mas que dificuldades financeiras
impuseram o encerramento em 2006.
No termo deste ciclo começou a dedicar-se à literatura de ficção,
primeiro com O Criador de Letras, um romance inspirado no tema da
invenção do alfabeto, tendo como cenário social a vida quotidiana no
Próximo Oriente Antigo. A obra seguinte, Botânica das Lágrimas,
protagonizada por crianças e cuja acção decorre inteiramente num jardim
botânico, mereceu do escritor Miguel Real a qualificação de «romance
marcante na literatura juvenil portuguesa.» (in Prefácio à segunda
edição e seguintes).
Pedro Foyos é casado com a jornalista e escritora Maria Augusta Silva,
distinguida com o Prémio Internacional de Jornalismo, entregue
pessoalmente pelo Rei de Espanha no ano de 1993.
(Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Foyos
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