Arte e Monumentos são Expressão e
Memória visível da Pólis
O coração da arte contemporânea mundial
(documenta) pulsa pela décima quarta vez, durante 100 dias, em Kassel.
Os Responsáveis da documenta 14
decidiram partilhar a d14 com Atenas de modo a realizar-se em Kassel e
Atenas (dc 14 em Kassel de 10 de Junho a 17 de setembro e em Atenas d14
Atenas de 8. 4. - 16. 7.).
A d14 congrega 160 artistas de todo o
mundo (Aqui)
tornando-se, centro de atraccão para cerca de um milhão de
peregrinos da arte, durante nos 100 dias. Podem-se ver as
Imagens da d14 em espaços
interiores (em 25 museus e espaços de exposição) e em espaços exteriores
(11 obras de
Arte ao
ar livre, estas: sem necessidade de comprar bilhete); a documenta 14 é
acompanhada por muitas representações e performances em lugares públicos.
A documenta dispõe de um orçamento de 34
milhões de euros (o Estado contribui com 17 milhões de euros).
Na d14, expressa-se um género de
arte que se pode designar de arte do conceito. A d14 na sequência da
d13
acentua a
politização da arte que parece
querer tornar-se numa espécie de
religião
da política com um novo sacerdócio altaneiro que a explica e interpreta.
Tem a característica de colocar temas políticos na rampa do público. A
d14 além de ser um altifalante
de conceitos de emoções e excitações ideológicas apresenta também alguns
oásis muito interessantes onde a fantasia artística figurativa é
fomentada. A d14 não tem um centro que a oriente e é demasiado grande para
poder ser reduzida a uma opinião. Pelo que pude observar, penso que no seu
conjunto se pode considerar como que um grito desesperado duma geração
passageira, por se tornar numa repetição de apelos niilistas da esquerda
dos anos 70/80.
O “Spiegel online” comenta que a d14
ao contrário da Bienal de Veneza “busca o atrito não busca o equilíbrio”.
“Die Welt” vê o perigo da arte ser metida numa “prisão de pensamentos de
ácido moralista” e onde, segundo o jornal “FAZ”, se encontram “exemplos
banais de arte conceptual com pretextos a ser política” com posições
autoritárias, que provocam desconforto no cliente da arte.
FAZ refere ainda que o Conselho de Curadores da d14
escolheu obras de segunda classe de longínquas paragens para demonstrar
desinteresse pelo Staus quo da arte.
A d14, mais que chocar quer provocar,
numa sociedade já de pele dura habituada ao estilo hodierno de grupos
guerrilheiros autónomos.
No planeta atemorizado e assustador em
que vivemos, a documenta 14 pinta o mundo a preto e branco. Quer sacudir
as pessoas com os meios da política, do sexo e de outros eventos grávidos
de escândalo, numa paisagem recheada de problemas. E isto numa Alemanha em
que, segundo as estatísticas, 25% dos alemães se interessam por política e
o resto quer paz.
A documenta 14 consegue superar os
caixilhos dos Estados nacionais e das multinacionais, mas não consegue,
por natureza, superar as fronteiras ideológicas. O seu regente artístico,
o socialista Adam Szymczyk opta pela provocação. Szymczyk preceitua “o
desaprender” no sentido da desorientação. A d14
transmite a impressão de documentar um caos em que se quer ficar, o fim da
democracia racional porque de facto a democracia cada vez se transforma
mais num risco porque é esbanjada. FAZ AM SONTAG refere que a grande
fraqueza da d14 é o seu “profundo desejo de ser moralmente certa; já em
Atenas se fez de obras de arte documentos da luta internacional pela
libertação”; os “organizadores da d14 tropeçam no erro do ensino
dogmático” em que também tropeçou o movimento Gender com a sua ideologia
do preceito transgénico. A documenta encontra-se obcecada pelo
espírito crítico contra a dominância “branca, masculinidade heterossexual”
vendo por todo lado racismo e fascismo. Falta-lhe “o poder de negociação
crítica” numa sociedade considerada como “público experimental”.
Louvável o espírito tolerante e
democrático de uma sociedade aberta que vive da controvérsia.
© António da Cunha Duarte
Justo
Pegadas do tempo,
http://antonio-justo.eu/?p=4345
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