Mesmo ambiente e visual da Cena III.
NARRADOR
Os que marcham, senhores, vasculham ainda esta cidade. Mas nada encontram nas casas sem ninguém, e nas ruas e nas praças, também silenciosas e desertas. Por isso, senhores, a espera é longa e o tempo não passa. Nas igrejas de pedra antiga o tempo não passa e as divindades esperam em vão que se acendam as velas dos altares. Nas ruas, nas praças, nos hospitais e nos cafés, nas igrejas e nas escolas, e até nos cemitérios, o tempo também não passa e os mortos também esperam em vão que as botas cardadas deixem de pisá-los.
O Compositor entra.
NARRADOR
Tudo nesta cidade, senhores, agora, espera em vão.
O Compositor aproxima-se do canhão.
VOZ DE HOMEM
Pára!
COMPOSITOR (Parando e voltando-se na direção da voz)
Mas eu só quero...
HOMEM VESTIDO DE MARINHO (Entrando)
Pára!
COMPOSITOR
Quem é você?
HOMEM VESTIDO DE MARINHO
Não interessa!
COMPOSITOR
Mas eu só quero compor um acorde.
HOMEM VESTIDO DE MARINHO
Não interessa! É proibido!
COMPOSITOR
Mas é o último!
HOMEM VESTIDO DE MARINHO
Já disse, é proibido!
COMPOSITOR
Mas eu sou um...
HOMEM VESTIDO DE MARINHO
Não interessa!
COMPOSITOR
Mas eu não quero matar ninguém!
HOMEM VESTIDO DE MARINHO
Não interessa!
O Compositor começa andando na direção do canhão.
HOMEM VESTIDO DE MARINHO (Apontando um revólver)
Pára ou eu te mato!
O Compositor pára.
NARRADOR
Agora, é assim esta cidade, senhores. Até os sons são proibidos.
APAGA A LUZ
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