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Cunha de Leiradella
19-02-2005 www.triplov.org

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CENA VIII - HOJE

Mesmo cenário da Cena VII. À noite. Eduardo, sentado à banca, trabalha. Márcia está na cozinha.

MÁRCIA (Na cozinha)

Pronto. Até que enfim. Eta cozinha pra dar trabalho! Vai querer café? (Aparece na porta.) Escuta aqui. Você não escutou o que eu falei? (Entra.) Você tá escutando o quê que eu tou falando?

EDUARDO

         Quê que...

MÁRCIA

Então você não escutou, homem?! (Olha Eduardo durante um tempo.) De uns tempos pra cá, parece que você tá ficando doido, não é possível!

EDUARDO

         Marcinha, por favor, não vamos começar, tá?

MÁRCIA

Você endoidou mesmo, homem! Vê se pode! De dia dorme, de noite trabalha.

EDUARDO

         Marcinha, eu preciso trabalhar.

MÁRCIA

E eu preciso é de dormir. Ou você pensa que eu não faço nada aqui dentro, hem?

EDUARDO

         Marcinha, quer deixar eu trabalhar?

MÁRCIA

E você quer fazer o favor de largar isso aí e tomar banho? Ou você pensa que os outros não precisam de dormir? (Entra no quarto.) Olha que eu levanto às seis horas da manhã, trabalho que nem escrava, tem muita mulher por aí que não faz nem a metade do que eu faço, viu?, é empregada, é marido pra fazer as compras, ou se não é empregada, é lavadeira, é máquina de lavar e tudo mais, e, no fim, mal o infeliz vira as costas, sim, porque um homem que tem uma mulher destas é um infeliz, viu?, mal o infeliz vira as costas, mete o macho dentro de casa e o desgraçado que se dane (Entra.) que se arrebente pra manter uma puta dessas.

EDUARDO

         Marcinha, quer parar?

MÁRCIA

Vocês não prestam mesmo, sabe? (Entra na cozinha.) Mas quanto mais chifrados vocês são, aí é que tá, mais carinho vocês dão a elas, viu? Porque à mulher de linha, à mulher de sentimento, a essas vocês não dão valor, não. (Aparece na porta.) Vocês gostam, mesmo, é de mulher vagabunda. Mas elas gostam é só do dinheiro. Ou tá pensando que elas gostam de vocês? Não gostam, não. (Entra na cozinha.) Vai querer café? Eduardo! (Aparece na porta.) Vai querer café, merda!

EDUARDO

         Hem?

MÁRCIA

         Vai querer café?

EDUARDO

         Não.

MÁRCIA (Entrando na cozinha)

Tá doido mesmo. Onde já se viu não querer um café fresco. (Um tempo. Começa cantando o mesmo bolero da CENA III.) Ah, que beleza! Só mesmo um homem sujo, porco, imundo e fedorento é que não gosta de tomar um banho assim. (Continua cantando.) Eduardo! Ô Eduardo! Escuta o que eu falo, homem!

EDUARDO

         Hem?

MÁRCIA (No banheiro)

         Pega a minha toalha.

Márcia continua cantando. Eduardo levanta-se e entra na cozinha. Pouco depois volta e senta-se à banca. Um tempo. Márcia entra de calcinha e sutiã, com a toalha na mão.

MÁRCIA (Jogando a toalha em cima da banca)

         Quer fazer o favor de estender essa toalha?

Eduardo levanta-se, pega a toalha e entra na cozinha. Márcia entra no quarto. Eduardo volta e senta-se à banca.

MÁRCIA (No quarto)

Vai tomar banho, homem. Você não escutou o que eu falei? Eduardo!

EDUARDO

         Já vou.

MÁRCIA (No quarto)

         Eduardo, você quer...

EDUARDO

         Eu já disse que já vou!

As falas seguintes de Márcia, sempre no quarto, na realidade, são contínuas. Ela não pára de falar. Eduardo é que se recolhe no seu devaneio, ora recordando, ora imaginando, e deixa de escutá-la. E só volta à realidade quando Márcia grita. As cenas recordadas são iluminadas com luz vermelha. As cenas imaginadas são iluminadas com luz verde.

MÁRCIA

Quer fazer o favor de largar isso aí e tomar banho, que já não são mais horas de ninguém trabalhar?! Agora, toda noite é isto. De dia dorme, de noite trabalha. Só pode tar ficando doido, não é possível. E, por mais que a gente fale, cadê que este homem escuta? (A luz da cena apaga em resistência.) Você tá escutando o que eu tou falando, homem?

Dois refletores vermelhos iluminam Juca, encostado na janela, e Eduardo, sentado à banca, trabalhando.

EDUARDO

         Pôxa, Juca! Que bom te encontrar.

JUCA

         Tudo bem com você, mano?

EDUARDO

         Daquela vez do clube, sabe?, eu não fui porque...

JUCA

Quê que há, mano! Você não pôde ir, não foi. Agora, que você perdeu, perdeu. Tava todo mundo lá.

EDUARDO

         Pôxa, Juca.

JUCA

Falar nisso, sábado que vem vou levar a Fernanda lá em casa. Você não quer ir, não?

EDUARDO

         Eu, Juca?

JUCA

         Você devia ir, Eduardo. Eu já fui uma pá de vezes e você nunca foi.

EDUARDO

         Mas eu não posso ir, Juca.

JUCA

         Se quiser, ainda tem lugar no carro.

EDUARDO

         Obrigado, Juca, mas...

JUCA

         Quê que há, mano?! Eu pago as despesas, pô.

EDUARDO

         Eu não posso ir, não, Juca.

JUCA

         Você é que sabe. Mas, mamãe sempre pergunta por você.

EDUARDO

         Juca, você...

JUCA

Quê que há, meu irmão? Eu nunca contei nada pra ninguém, não. Pra todo mundo você já tem uma oficina.

EDUARDO

         Obrigado, Juca.

MÁRCIA (Gritando)

Eduardo! (A luz vermelha apaga e acende a luz da cena.) E é isto! Nunca que este desgraçado tem hora pra nada. Eu até aposto, viu?, se ainda tem alguém trabalhando nesta rua. Pode ir até na casa de Seu Ademar sapateiro, vá na casa de Seu Ademar, e olha que Seu Ademar trabalha sempre até bem tarde, vá lá e veja se ele ainda tá trabalhando. Duvido! (A luz da cena apaga em resistência.) Às vezes, sabe?, eu penso que este homem faz até de propósito. Só pra me sacanear, entendeu?

Dois refletores verdes iluminam Juca, sentado no caixote onde dorme a cachorra, e Eduardo, sentado à banca, trabalhando.

EDUARDO

         Papai e mamãe perguntaram por mim, Juca?

JUCA

         Claro, Eduardo.

EDUARDO

         Mas você não disse a eles.

JUCA

Ah, mano! Ninguém ficou sabendo que você não pôde ir por causa dessa puta.

EDUARDO

         Você não devia ter ido embora, não, Juca.

JUCA

         Não fui eu que fui embora, não, Eduardo. Foi você que ficou.

EDUARDO

         Eu não queria ficar, não, Juca!

JUCA

         Mas ficou!

MÁRCIA (Gritando)

Eduardo! (A luz verde apaga e acende a luz da cena.) Você tá doido mesmo, homem! Você sabe que horas são? Amanhã, quem tem que levantar cedo sou eu. Ou você pensa que aqui tem empregada? Aqui não tem empregada, não, quê que há? Agora veja. Onde é que já se viu ficar um desgraçado destes trabalhando até de madrugada, hem? (A luz da cena apaga em resistência.) Se eu contar isto pra alguém, todo mundo vai dizer que eu vivo com um doido, não é possível!

Toda a cena é iluminada com luz vermelha. Eduardo rega o vaso de plantas.

MÁRCIA (Na cozinha)

         Escuta aqui! Quando que você vai acabar com esse nojo, hem?

EDUARDO

         Acaba já, Marcinha. Acaba já.

MÁRCIA (Na porta)

         Não vê que tá me atrasando, homem?!

EDUARDO

         Acaba já, Marcinha.

MÁRCIA (Na porta)

Eu já não falei que lugar de planta é no quintal, não é na sala? (Entra na cozinha.) Como é? Vai acabar ou não?

EDUARDO (Terminando de regar o vaso)

         Já vai, Marcinha. Já vai.

Márcia entra com um prato de alumínio na mão.

MÁRCIA

Vem cá, Bolinha. Vem. Quer vir ou não, merda? (Faz um gesto brusco, ao passar pela banca, e joga o vaso no chão.) Puta merda!

EDUARDO (Ajoelhando junto do vaso caído)

         Marcinha!

MÁRCIA (Jogando o prato no chão)

         Nunca que se tem sossego nesta casa, merda!

Márcia entra no quarto, correndo. Eduardo pega o vaso, enquanto Juca entra pela porta da rua.

JUCA

         Quê que foi?

EDUARDO (Mostrando o vaso)

         Caiu.

JUCA

         Caiu? Como que caiu?

EDUARDO

         Juca...

JUCA

Tá com medo, merda? Fala! (Eduardo coloca o vaso em cima da banca e tenta endireitar a planta.) Havia de ser comigo!

MÁRCIA (Na porta)

         Quê que você fazia? Hem? Me batia? Bata!

EDUARDO

         Marcinha.

MÁRCIA

         Vamos! Por quê que você não bate? Hem? Bata!

JUCA

         Você não presta mesmo.

MÁRCIA

         E você, seu desgraçado?

EDUARDO

         Marcinha. (Juca agarra Márcia.) Juca!

MÁRCIA

         Me larga! Me larga!

EDUARDO (Separando-os)

         Juca!

MÁRCIA

         Moleque sem vergonha!

JUCA

         Cala essa boca, porra!

MÁRCIA

Cala você, seu parasita! Cala você! Vivendo de graça na casa dos outros...

EDUARDO

         Marcinha...

JUCA (Avançando sobre Márcia)

         O que você precisava...

EDUARDO (Segurando Juca)

         Juca!

MÁRCIA

         Dá! Por quê que você não dá? Tá com medo? Cagão!

EDUARDO

         Marcinha!

JUCA

         Você tá pensando que eu sou ele? Olha que eu não ele, não!

MÁRCIA (Cuspindo em Juca)

         Moleque! Nojento!

JUCA (Jogando Márcia no chão)

         Sua puta!

MÁRCIA (Gritando)

Eduardo! (A luz vermelha apaga e acende a luz da cena.) Você tá doido, homem, ou é só pra me sacanear?! Mas é bem feito, que é pra eu deixar de ser burra. Quem mandou arrumar um homem como este? Quando me lembro, meus bailes, meus cinemas, minhas festas... Mas, agora, cadê? Nem nas minhas freguesas eu vou mais, que esta casa mata qualquer um. Mas que custava, me diga, que custava este homem chegar e dizer, Marcinha, vamos no cinema hoje? Ou, então, Marcinha, vamos no clube amanhã? Que custava este homem ter um pouco mais de sentimento, hem? Me diga. (A luz da cena apaga em resistência.) Ah, mas sentimento é uma coisa muito séria. Não é pra toda gente, não.

Dois refletores verdes iluminam o retrato do Pai e da Mãe, na parede, e Eduardo, sentado à banca, trabalhando.

VOZ DO PAI

Recebemos a sua carta, meu filho. Gostei de saber que a sua vida tem ido muito bem. Sua mãe é que andou preocupada com a falta de notícias, mas, agora, melhorou.

VOZ DA MÃE

Até chorei, quando soube que você estava tão bem, meu filho. Agora, só falta você vir nos visitar. O Juca disse que você vinha, Eduardo.

VOZ DO PAI

E os negócios? Como vão os seus negócios, meu filho? Há quatro anos aí, você já deve estar muito bem.

VOZ DA MÃE

         O Juca disse que você já tem uma oficina muito boa.

VOZ DO PAI

É isso mesmo, meu filho. É isso mesmo. Ganha dinheiro, meu filho. Ganha dinheiro, que, sem dinheiro, não se faz nada.

VOZ DA MÃE

Eu gostei muito da Fernanda. É uma menina muito boa. O Juca escolheu muito bem, meu filho.

MÁRCIA (Gritando)

Eduardo! (A luz verde apaga e acende a luz da cena.) Agora, veja se isto é vida de um cristão! Lá prá família dele, eu nunca sei o que este desgraçado manda dizer. Mas aposto, viu?, aposto que o infeliz até mente. Hum! Ele é lá bobo de contar pra alguém a vida que eu levo? Duvido! Lá prá família dele, aposto que o desgraçado só arrota grandeza. Que eu vivo num palácio, que eu tenho dez empregadas... Eu sei lá que mais este desgraçado é capaz de inventar? Mas uma coisa eu tenho certeza que ele não diz, viu? A vida desgraçada que eu levo. (A luz da cena apaga em resistência.) Ah, isso eu tenho certeza que ele não diz!

Dois refletores vermelhos iluminam Juca e Eduardo num canto da sala.

EDUARDO

         Juca, você acha que eu faço bem em querer sair daqui? Hem?

JUCA

         Ora, mano, você não tá querendo?

EDUARDO

Você vê. Desde que tirei o curso, quantas televisões eu consertei? Nenhuma. (Juca acende um cigarro.) Aqui, eu nunca vou ganhar dinheiro, não, Juca. Pra ganhar dinheiro, eu tenho que ir pra onde tenha muitas televisões, muitos rádios...

JUCA

         Você é que sabe, mano.

EDUARDO

E, depois, sabe?, papai e mamãe já concordaram. E até Sandrinha acha que eu devo ir. Falei com ela ontem, sabe?

JUCA

         Você é que sabe, Eduardo. Se sair da nossa terra é bom pra você...

EDUARDO

Quando o Instituto mandou o meu diploma, lembra?, quê que eles disseram? Não disseram que eu tinha sido o primeiro da turma? Até não me convidaram pra fazer um outro curso, e eu não fiz porque não tinha dinheiro? Juca, eu quero ganhar dinheiro, sabe? Quero casar com Sandrinha, ter a minha casa, ter filhos... Você acha que eu tou errado, Juca?

JUCA

Mano, quem manda na sua vida é você. No dia em que eu achar que isto aqui não me serve, não pergunto pra ninguém, não. Me mando e dane-se.

EDUARDO

         Você podia vir comigo, Juca.

JUCA

         Eu? Eu não sei consertar televisões, não, mano.

EDUARDO

         Isso é o de menos. Eu ensino você, Juca.

JUCA

Mano, se, um dia, eu sair daqui, uma coisa eu te digo. Vou sair pra ficar rico, viu?

MÁRCIA (Gritando)

Eduardo! (A luz vermelha apaga e acende a luz da cena.) Você tá querendo que algum vizinho chame a polícia, homem?! Me diga. Me diga que necessidade tem este homem pra trabalhar assim? Nem que tivesse em casa vinte filhos, quanto mais. Mas é tudo só pra me sacanear. Primeiro, foi o outro. Coitado. Coitado do meu irmão, chegou agora... Coitado, coisas nenhuma. (A luz da cena apaga em resistência.) Um marmanjão daquele tamanho vivendo à custa dos outros!

Toda a cena é iluminada com luz vermelha. Eduardo, sentado à banca, trabalha. Juca, sentado na cama, toma café.

JUCA

Eta cidade boa pra se ganhar dinheiro, mano! Tem cada otário por aí...

EDUARDO

         Nós vamos ganhar dinheiro, Juca. Agora, que você veio...

JUCA

         Eduardo...

EDUARDO

         Quando a gente tirar o alvará, você vai ver, Juca.

JUCA

         Escuta, Eduardo.

EDUARDO

Quer passear mais um pouco? Não tem problema, não. Quem esperou um ano por você, espera mais uma semana, quê que há? O importante é que a gente tá junto, Juca.

JUCA

         Eduardo, eu não vou trabalhar com você.

EDUARDO

         Não vai... Mas, Juca...

JUCA

         Eduardo, eu nunca disse que vinha trabalhar com você. Eu sempre disse...

EDUARDO

         Mas você veio, Juca!

JUCA

         Vim. Mas vim pra ganhar dinheiro, Eduardo.

EDUARDO

Mas nós vamos ganhar dinheiro, Juca. Eu também vim pra ganhar dinheiro.

MÁRCIA (Gritando)

Eduardo! (A luz vermelha apaga e acende a luz da cena.) Se você não vier deitar agora, eu vou aí e te mato, desgraçado! Me respeita, homem! Me respeita. Ao menos, me respeita, já que não pode me dar a vida que eu quero, infeliz! Você não vem, não, merda?!

A luz da cena apaga e dois refletores verdes iluminam Sandra, vestida de branco, saindo do quarto, e Eduardo, sentado à banca, trabalhando.

SANDRA (Parando na porta, carinhosa)

         Você não vem, não?

Toda a cena é iluminada com luz verde. Sandra entra e senta-se junto de Eduardo. Um tempo. A luz verde apaga e dois refletores de luz vermelha iluminam Sandra e Eduardo num canto da sala.

SANDRA

         Você vai mesmo, Eduardo?

EDUARDO

Vou, Sandrinha. Tenho que ir. Se eu não for, como é que a gente vai casar? Mas logo, logo, eu tou de volta, você vai ver. O Juca vai me ajudar.

SANDRA

         O Juca também vai?

EDUARDO

         Vai. Vamos montar uma oficina.

SANDRA

         Mas o Juca disse que não ia.

EDUARDO

         Mas vai, Sandrinha. Vai, sim.

SANDRA

         Mas, depois, ele volta?

EDUARDO

Claro que a gente volta, Sandrinha! E vamos voltar ricos, você vai ver.

A luz vermelha apaga. Toda a cena é iluminada com luz verde. Sandra dirige-se para o quarto e Juca aparece na porta da cozinha.

JUCA

         Você ainda não escreveu à Sandra, Eduardo.

EDUARDO

         Não, Juca. Eu...

JUCA

         Você devia escrever. Era sua noiva, Eduardo.

SANDRA (Na porta)

         Eu ainda tou esperando, Eduardo.

Sandra entra no quarto.

EDUARDO

         Eu não posso escrever prá Sandrinha, Juca.

JUCA

         Eduardo.

EDUARDO

         Eu não posso, Juca. Você sabe que eu não posso.

Eduardo cobre o rosto com as mãos e curva-se sobre a banca. Um tempo. Num gesto lento, estende a mão e começa abrindo uma gaveta.

JUCA

         Eu não faria isso, Eduardo.

EDUARDO

         Eu sei, Juca. Eu sei que você não faria.

A luz verde apaga e Juca entra na cozinha. Acende a luz da cena. Eduardo termina de abrir a gaveta da banca e pega um revólver.

EDUARDO

Não adianta mais, Juca. Você, papai, mamãe, Sandrinha, todos acreditaram em mim e eu... (Levanta-se.) Juca, depois você diz pra papai e pra mamãe que eu tive uma oficina, tá? (Anda em direção à porta da cozinha.) Juca, pra Sandrinha você diz o que quiser. Agora, eu já não me importo.

Eduardo entra na cozinha. Nos fundos, escutam-se o som de um tiro e latidos estridentes de cachorro.

MÁRCIA (Gritando)

         Eduardo! Você quer acordar todo mundo, desgraçado!?!

         APAGA A LUZ