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O Teatro sempre foi, de todas as artes, a mais dinâmica, a mais direta, a mais real e a mais viva.
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Cada representação é única, pois depende, sempre, do estado psicológico dos atores, no ato de representar, e do estado psicológico dos espectadores, no ato de assistir.
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O Teatro tem que questionar a realidade que o originou. Se não questionar, perde a significação e o propósito. Uma representação teatral não pode ser mais, somente, uma forma de diversão ou de prazer. Nem, tampouco, uma forma de comunicação a serviço de uma ideologia. Ou uma discussão existencial. Não há mais como provocar catarses. A angústia esgotou todas as catarses.
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Por ser uma formulação artística intrinsecamente associativa, o Teatro deve exigir que espectador seja um elemento participante. Na medida em que o espectador participa, questiona e é questionado. E, questionando e sendo questionado, o espectador tem condições de se transformar e transformar a realidade que o cerca.
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Hoje, o Teatro não questiona. Apenas mostra. E quanto mais imagem e mais símbolo, mais espetáculo e mais projeção. A maioria das montagens são feitas, apenas, para serem vistas. Como se fossem monumentos ou paisagens. Coisas. E fazer teatro para mostrar coisas é fazer do Teatro também uma coisa.
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Os meios de comunicação tornaram o mundo tão pequeno, que os homens estão nas portas de todas as casas e podem conversar com todos os moradores. Mas a comunicação é inversamente proporcional à comunicabilidade. Quanto mais informações me fornecem menos eu me comunico. Mais dirigido me sinto.
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Com o mundo menor do que a Abdera onde nasceu Protágoras, dizem-me que estou no centro de tudo. Que posso saber tudo. Mas eu não sei. Sei, apenas, o que e como . O que está acontecendo e como está acontecendo. Mas por que está acontecendo?
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Estou na esquina da minha rua. Dois homens se cruzam e soa um tiro, e um deles cai morto na calçada. A cena me mostra, imediatamente, duas coisas: o que aconteceu e como aconteceu.
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Mas não me diz o que eu mais quero saber: por que aconteceu.
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Se eu conhecesse os motivos que levaram um daqueles homens a matar o outro, se eu soubesse por que foi praticada aquela morte, saberia tudo. Saberia não só o que aconteceu e como aconteceu, mas conheceria também a verdade daqueles homens.
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Só o por que me permite saber todos os motivos e todas as causas. Conhecendo apenas o que e como poderei, no máximo, supor motivos e supor causas.
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No por que um daqueles homens puxou o gatilho do revólver estão embutidos todos os motivos e todas as causas que determinaram aquela morte.
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