Há agora que referir algumas das plantas exóticas que se
encontram neste Jardim
Tropical, as quais proporcionam uma boa e rica produção florícola,
devido às características ímpares do clima
madeirense. Tendo em conta a enorme
variedade existente, apenas se dará relevo
às mais abundantes e às que despertam
maior interesse no visitante.
Em vários pontos do jardim podem ser
vistas azáleas, nome vulgar de algumas
espécies do género Rhododendron. Este
pertence à família Ericaceae e engloba
diferentes espécies, a maioria originária da
região dos Himalaias, Sueste da Ásia e Malásia. As espécies de Rhododendron a que
se atribui o nome vulgar de azálea, incluem
exemplares de folhagem perene, semiperene
ou caduca, com numerosas flores, que podem
ser vermelhas, cor-de-rosa, brancas, roxas,
etc. Actualmente surgem híbridos que derivam, directa ou indirectamente, das espécies
japonesas e necessitam de solos ácidos e de
boa drenagem, tal como as suas antecessoras. Apesar de originárias do Japão, são
cultivadas em vários países, sendo as espécies existentes no jardim provenientes da
Bélgica e dos Açores. As flores são geralmente
simples, duplas ou semiduplas. Aparecem no
Outono e Primavera, e as suas folhas têm um
formato oval.
Pertencentes à mesma família, Ericaceae,
podemos encontrar 3 géneros de urze (Calluna, Daboecia e Erica) originários da Europa e
adquiridos na Escócia. Estes géneros incluem
espécies com culturas que podem ter folhagem verde ou dourada e flores de cores
variadas: branco, alguns tons cor-de-rosa e
vermelhos, ou bicolores.
Neste jardim encontra-se uma urze de
certa raridade, a Daboecia cantabrica, de
folhagem verde-escura, oval ou lanceolada,
e flores brancas, pendentes, semelhantes, na
sua forma, a pequenos sinos.
Pertencente à família Amaryllidaceae
e com origem na África do Sul, encontramos alguns exemplares do género CIivia,
planta robusta e de folhagem perene cuja
floração decorre entre Fevereiro e Outubro.
A espécie aqui existente, Clivia miniata, caracteriza-se pela folhagem verde-escura,
em forma de língua, e pelas flores em tom
de abóbora.
No jardim em frente à casa, sob uma
cobertura que as protege do sol e da geada,
são cultivadas as orquídeas, plantas
decorativas de beleza e diversidade singulares que, pela sua grande capacidade de
adaptação, podem ser encontradas em
condições climáticas muito diversas. Uma
das características consiste no facto de as
folhas se terem transformado em órgãos carnudos, autênticos reservatórios de água,
permitindo a sua sobrevivência durante
períodos de seca. Outra forma prende-se com
o tamanho das folhas: nas plantas com grande exposição ao sol, são estreitas; nas que se situam em zonas de sombra, têm
maior área, de forma a obterem luz
suficiente para a realização da fotossíntese. As orquídeas pertencem à família
Orchidaceae, da qual fazem parte 788
géneros e com cerca de 19 000 espécies já
descobertas, distribuídas por todo o mundo,
excepto na Antárctica. Através da acção do
homem, que iniciou a colecção e o cultivo de
orquídeas, a sua área de distribuição
alargou-se enormemente.
Até meados do século XVII, a orquídea
foi uma planta sobretudo utilizada pela
medicina. O posterior cultivo na Europa é
que veio impulsionar o seu fim decorativo,
uma vez que, quando cultivada, adapta-se
a uma larga variedade de situações, com
diferentes hábitos de crescimento, formatos
e cores. Esse facto levou, desde 1830, à criação
de híbridos, através do cruzamento de espécies.
As orquídeas são perenes, muitas delas
florescem no Inverno e estão divididas
em três grupos: um de plantas terrestres,
que crescem no solo, e dois compostos por
plantas epífitas, que se desenvolvem em járvores ou arbustos. A maioria é hermafrodita, pois os órgãos femininos e masculinos
estão presentes na mesma flor. A flor,
através da sua forma, cor e odor, atrai
o agente polinizador adequado, desde
moscas, abelhas e vespas a colibris e
borboletas, que procuram as flores para se
alimentarem do seu néctar e, consequentemente, transportam o pólen de uma para
outra. Dado que as orquídeas desenvolveram mecanismos que impedem que o
pólen de uma seja depositado na mesma
flor, este facto permite o desenvolvimento
mais vigoroso e variado de uma determinada espécie. A polinização entre os diferentes géneros é feita de acordo com diferentes espécies de insectos. Nalgumas situações, as orquídeas constituem uma espécie
de armadilha para eles. É o caso das
Paphiopedilum, conhecidas na Madeira
por «sapatinhos»: a flor é composta por um
lábio que evoluiu em forma de chinelo, o que obriga o insecto a passar pela superficie estigmática antes de atingir o pólen, impedindo desse modo a auto-polinização. O pólen, localizado na saída dessa bolsa,
pode, então, ser transportado para outra
flor. Considera-se uma armadilha, porque
os insectos de menor porte não chegam a
tocar no pólen, não interferindo no processo e, no caso dos maiores, pode acontecer não conseguirem sair, morrendo na base do lábio.
O género Paphiopedilum, que integra
cerca de 70 espécies, está também representado neste jardim. O seu nome deriva da
forma interessante da bolsa que se encontra
na parte da frente da flor, constituída por duas pétalas que se unem, assemelhando-se a um chinelo ou pequeno sapato.
Estas plantas, essencialmente terrestres, adaptam-se bem a climas húmidos e com pouca intensidade de luz, sendo encontradas,
principalmente, em climas temperados e
tropicais, como o Himalaia, Sudoeste da
Ásia, Nova Guiné, Birmánia e Tailândia.
A espécie existente neste jardim, a Paphiopedilum insigne, é originária dos Himalaias, tem crescimento fácil e a sua floração entre o Outono e a Primavera.
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