JARDIM DE MONTE PALACE
Fundação José Berardo

Apresentação
Maria Estela Guedes

Prefácio
José Manuel Rodrigues Berardo

O exotismo das plantas
Marta Carvalho

Álbum de fotografias

O exotismo das plantas
Marta Carvalho

 

 

 

Há agora que referir algumas das plantas exóticas que se encontram neste Jardim Tropical, as quais proporcionam uma boa e rica produção florícola, devido às características ímpares do clima madeirense. Tendo em conta a enorme variedade existente, apenas se dará relevo às mais abundantes e às que despertam maior interesse no visitante.

Em vários pontos do jardim podem ser vistas azáleas, nome vulgar de algumas espécies do género Rhododendron. Este pertence à família Ericaceae e engloba diferentes espécies, a maioria originária da região dos Himalaias, Sueste da Ásia e Malásia. As espécies de Rhododendron a que se atribui o nome vulgar de azálea, incluem exemplares de folhagem perene, semiperene ou caduca, com numerosas flores, que podem ser vermelhas, cor-de-rosa, brancas, roxas, etc. Actualmente surgem híbridos que derivam, directa ou indirectamente, das espécies japonesas e necessitam de solos ácidos e de boa drenagem, tal como as suas antecessoras. Apesar de originárias do Japão, são cultivadas em vários países, sendo as espécies existentes no jardim provenientes da Bélgica e dos Açores. As flores são geralmente simples, duplas ou semiduplas. Aparecem no Outono e Primavera, e as suas folhas têm um formato oval.

Pertencentes à mesma família, Ericaceae, podemos encontrar 3 géneros de urze (Calluna, Daboecia e Erica) originários da Europa e adquiridos na Escócia. Estes géneros incluem espécies com culturas que podem ter folhagem verde ou dourada e flores de cores variadas: branco, alguns tons cor-de-rosa e vermelhos, ou bicolores.

Neste jardim encontra-se uma urze de certa raridade, a Daboecia cantabrica, de folhagem verde-escura, oval ou lanceolada, e flores brancas, pendentes, semelhantes, na sua forma, a pequenos sinos.

Pertencente à família Amaryllidaceae e com origem na África do Sul, encontramos alguns exemplares do género CIivia, planta robusta e de folhagem perene cuja floração decorre entre Fevereiro e Outubro. A espécie aqui existente, Clivia miniata, caracteriza-se pela folhagem verde-escura, em forma de língua, e pelas flores em tom de abóbora.

No jardim em frente à casa, sob uma cobertura que as protege do sol e da geada, são cultivadas as orquídeas, plantas decorativas de beleza e diversidade singulares que, pela sua grande capacidade de adaptação, podem ser encontradas em condições climáticas muito diversas. Uma das características consiste no facto de as folhas se terem transformado em órgãos carnudos, autênticos reservatórios de água, permitindo a sua sobrevivência durante períodos de seca. Outra forma prende-se com o tamanho das folhas: nas plantas com grande exposição ao sol, são estreitas; nas que se situam em zonas de sombra, têm maior área, de forma a obterem luz suficiente para a realização da fotossíntese. As orquídeas pertencem à família Orchidaceae, da qual fazem parte 788 géneros e com cerca de 19 000 espécies já descobertas, distribuídas por todo o mundo, excepto na Antárctica. Através da acção do homem, que iniciou a colecção e o cultivo de orquídeas, a sua área de distribuição alargou-se enormemente.

Até meados do século XVII, a orquídea foi uma planta sobretudo utilizada pela medicina. O posterior cultivo na Europa é que veio impulsionar o seu fim decorativo, uma vez que, quando cultivada, adapta-se a uma larga variedade de situações, com diferentes hábitos de crescimento, formatos e cores. Esse facto levou, desde 1830, à criação de híbridos, através do cruzamento de espécies.

As orquídeas são perenes, muitas delas florescem no Inverno e estão divididas em três grupos: um de plantas terrestres, que crescem no solo, e dois compostos por plantas epífitas, que se desenvolvem em járvores ou arbustos. A maioria é hermafrodita, pois os órgãos femininos e masculinos estão presentes na mesma flor. A flor, através da sua forma, cor e odor, atrai o agente polinizador adequado, desde moscas, abelhas e vespas a colibris e borboletas, que procuram as flores para se alimentarem do seu néctar e, consequentemente, transportam o pólen de uma para outra. Dado que as orquídeas desenvolveram mecanismos que impedem que o pólen de uma seja depositado na mesma flor, este facto permite o desenvolvimento mais vigoroso e variado de uma determinada espécie. A polinização entre os diferentes géneros é feita de acordo com diferentes espécies de insectos. Nalgumas situações, as orquídeas constituem uma espécie de armadilha para eles. É o caso das Paphiopedilum, conhecidas na Madeira por «sapatinhos»: a flor é composta por um lábio que evoluiu em forma de chinelo, o que obriga o insecto a passar pela superficie estigmática antes de atingir o pólen, impedindo desse modo a auto-polinização. O pólen, localizado na saída dessa bolsa, pode, então, ser transportado para outra flor. Considera-se uma armadilha, porque os insectos de menor porte não chegam a tocar no pólen, não interferindo no processo e, no caso dos maiores, pode acontecer não conseguirem sair, morrendo na base do lábio.

O género Paphiopedilum, que integra cerca de 70 espécies, está também representado neste jardim. O seu nome deriva da forma interessante da bolsa que se encontra na parte da frente da flor, constituída por duas pétalas que se unem, assemelhando-se a um chinelo ou pequeno sapato.

Estas plantas, essencialmente terrestres, adaptam-se bem a climas húmidos e com pouca intensidade de luz, sendo encontradas, principalmente, em climas temperados e tropicais, como o Himalaia, Sudoeste da Ásia, Nova Guiné, Birmánia e Tailândia.

A espécie existente neste jardim, a Paphiopedilum insigne, é originária dos Himalaias, tem crescimento fácil e a sua floração entre o Outono e a Primavera.
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