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A causa da fuga ao contacto com o outro, a fuga ao contacto com o amor, é como todos sabem o medo do sofrimento, dos riscos, do inesperado e no limite o medo da morte, ou pelo menos de algumas mortes, que a entrega amorosa evoca...sempre Lembro a pergunta de João Lopes, numa crónica recente no Diário de Notícias (“O que é feito da adolescência?”): “Será que já ninguém consegue dizer aos jovens que a vida emocional, por mais gratificações que possa envolver, não é estranha à dor?” Se se ama, sofre-se. Porque não se pode estar sempre perto da pessoa amada porque se fica dependente do que essa pessoa queira fazer da sua vida, porque se está dependente de quem pode mudar, rejeitar-nos, trocar-nos, ficar doente, diminuído, morrer. Amar é colocar-se numa posição de enorme fragilidade, coisa pouco recomendável, hoje em dia, para atingir modelos de certa ideia de sucesso, próxima de invulnerabilidade. Mas, diz Maria Zambrano “A consciência amplia-se depois de um desengano de amor, como a própria alma se havia dilatado com o seu engano. Se nascêssemos no amor e nele nos movêssemos sempre, não teríamos consciência.”(Zambrano, 1995) No corpo teórico da Psicanálise, esta é uma ideia central que perpassa vários dos autores fundamentais, a saber, a ideia de que sem frustração e sem capacidade de elaborar e transformar a frustração não pode existir pensamento autónomo, sujeito. |
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