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DOMENICO AGOSTINO VANDELLI |
PARA UMA BIOGRAFIA DE DOMINGOS VANDELLI |
(1735-1816) |
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1780 ............................... Patriotismo, nome ainda pouco conhecido |
- Pina Manique é nomeado Intendente Geral da Polícia.
No âmbito das atribuições do estadista conta-se
assistência social. Daí que funde a Casa pia de Lisboa.
- Carta de Domingos Vandelli ao visconde de Barbacena, secretário da
Academia Real das Ciências, Coimbra, 10 de Janeiro: "Hoje fui a tomar posse com
todas as formalidades das Terras e areias".
Faz ironia com
a sobrevivência da etiqueta escolástica: "Nesta Universidade
não temos outras notícias Literárias que Antiguidades, mas
não Gregas, nem Romanas, questões muito interessantes de
Assentos, de conesias, e outras semelhantes, todas porém
conducentes a promover as ciências e o bem público. Eu estou
fatigado e nauseado de tais Literários litígios, e com tudo
eu procurei fugir tais notícias, fui obrigado na sexta-feira
a perder uma manhã a ouvir tratar tão interessante
matéria de Assentos, e tenho ouvido uma ordem contrária a
dois antecedentes, as quais certamente foram ocultadas ao
Exmo Snr. Principal Reformador. E assim se ocupa o tempo com
muito proveito e adiantamento das Ciências. De isso se pode
coligir qual a utilidade a Nação pode esperar da
Universidade, e ao contrário quanto grande benefício fará a
toda a Nação a nova Academia, na qual nem Assentos, nem
Antiguidades, nem Conesias, Bispados, Becas, nem Colégios
nem intrigas de faculdades devem fazer perder inutilmente o
tempo aos Académicos, dos quais o único fim deve ser a
glória, o Patriotismo, nome em verdade ainda pouco
conhecido".
- Cruz (pág. 16): "Mais tarde, porém, segundo
documentação que encontrámos, embora leigo, Vandelli acabou
também por receber uma conezia na Sé de Coimbra, para o
que foi consultado o Reformador Reitor, D. Francisco de
Lemos, que deu parecer favorável, a qual, posteriormente,
passou para a Ordem de Cristo".
- Carta de Domingos Vandelli a Abade Correia da Serra, 5 de Maio: "A necessidade de
dever pôr os marcos no Rio Velho, e cuidar em tantos
vizinhos, me impede, com meu grande desgosto, não poder
assistir à abertura da Academia". Ibid: "...remeto uma caixa
com livros para a Biblioteca da Academia, e recomendo a meu
sogro que lhe mande entregar 12800 réis que eu devo deste
ano." Além de mandar livros para a biblioteca, Vandelli
promove o Museu da Academia com dobrados do Museu de
Coimbra.
- Carta de Vandelli para Correia da Serra, Coimbra, 15 de Maio. Ainda
não escolheu assunto para as Memórias, diz que
principiou a descrição do pinhal da Universidade, mas queé muito comprida. Quanto aos duplicados do museu da Ajuda, era preciso pedir licença a MeIo e Castro, para ele ou
Júlio Mattiazzi se encarregarem do assunto. "Mas em ele
verdadeiramente não há até agora cousa de maior consideração, que mereça tanto trabalho". As colecções só se
começam a enriquecer depois das viagens filosóficas, e os
naturalistas só partirão em 1783.
Carta de Vandelli a Barbacena, Coimbra, 4 de Dezembro.
Envia Amoenitates Academicae, memórias dos antigos
discípulos, para serem lidas na Academia. Sob este título estão coligidas as teses de
doutoramento dos alunos de Llneu, redlgldas por ele mesmo. É
uma ironia de Vandelli, veja-se caso Dias Baptista.
Amoenitates Academicae, Lineu (I-VII, 1749-1769; VIII-X,
1785-1790).
- Carta de Vandelli a Barbacena, Coimbra, 18 de Dezembro:"Acima do Douro em várias partes nasce em grande
abundância o Pistacia therebinthus, que vulgarmente
chamam cornalheira, a causa de vários folículos, os quais
contêm um Aphis (Hemiptera) que eu já tenho descrito e que
se acha em Lineu. Desta planta se pode extrair com
utilidade a Termentina, e por isso aconselhei o meu Discº
Bento Lopes, que me comunicou esta planta para a examinar,
que fizesse uma memória para a Academia."
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Notícias das Berlengas |
- Carta de Vandelli para Correia da Serra, Coimbra, 30 de Dezembro. Agradece notícias sobre as Berlengas, "mas as estimarei mais, se na Primavera fosse herborizar nelas". |
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1781 |
- Carta de Domingos Vandelli para Correia da Serra, 22 de Janeiro: Especula
sobre o que pode ser urna Thalaspi do Abade, que não viu,
provável espécie nova. Referência à cristaleira, Thalaspi
umbellatum... de Grisley. Na Flora Lusitan. et Brasil., ed.
Rorner, pág. 128, há várias Thlaspi; Thlaspi perfoliatum -
rnostardeira brava.
- Carta de Barbacena a Vandelli, 2 de Fevereiro: "Estimarei que
V. Sª passe muito bem e que a minha Afilhadinha esteja
muito boa". Vandelli acabava de ser pai de uma menina cujo
padrinho era o visconde de Barbacena.
- Vandelli interessa-se pelas jazidas de metais do
país, desejando explorar a de chumbo de Vila Nova de Foz
Coa, a de Coja de vários metais, analisados pelo seu aluno
Baltasar da Silva Lisboa. Em carta de 12 de Fevereiro,
afirma que uma destas minas, de chumbo e prata, lhe fora
oferecida por Francisco de Lemos: "Em Coja, 9 léguas atrás da Mata do mesmo nome, se acha outra mina de chumbo {Galena
cubis vel particulis oblique resplendens. Whal), da qual
obtive 95 arráteis de chumbo por quintal, e duas onças, e
três oitavos de prata; a qual mina me deu o Exmo Snr. Bispo
Conde". Este obtivera um alvará da rainha {2.6.81), pelo
qual lhe fora concedida licença para mandar abrir por dez
anos as minas de chumbo, estanho e outros metais, nas terras
do seu bispado {Cruz). Em carta de 2 de Fevereiro, DV já
tinha aludido a essas minas.
- Carta de DV a AC Serra, 12 de Fevereiro, em
italiano: agradece exemplar das Instruções sobre modo de
coligir produtos, para uso dos correspondentes, publicadas
pela Academia, e que esta contestará. O próprio Vandelli
terá reparos a fazer, dizendo a Serra (5 de Março) que as
Instruções não eram as sucintas que lhe tinha deixado. Estas
instruções vão para Africa, mas depois os historiadores vão
dizer que foram redigidas ou por Alex R. Ferreira, ou pelos
Silvas, etc.. Trata-se de iniciativa da Academia, visando
fundar o Museu Nacional.
- Vandelli pede apoio a Barbacena para a Casa Pia que Pina
Manique quer fundar em Coimbra.
Carta de 4 de Junho e
anteriores. Envia amostras de cores encarnadas fixas, muito
difíceis de obter, e cuja preparação é em geral segredo,
para fazer uma "vara de algodão com riscas."
- O duque de Lafões anda doente, foi restabelecer-se
para as termas de Alcassarias, DV aconselha a análise das
águas. Carta de 10 de Junho: o duque deve evitar a vida
sedentária e fugir dos médicos, exceptuando sábios e
prudentes como o Dr. Tamagnini. Diz que está a fazer uma
memória da comarca, já antes se referira a uma descrição da
zona, mas quem a publicará é seu aluno Manuel Dias
Baptista. Amenidades Académicas...
Marquês de Pombal desterrado para 20 léguas da
Corte.
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Inquisição, Censura |
- Últimos autos-de-fé. Coimbra: 17 pessoas. Évora: 8.
- Sobre Manuel Joaquim Henriques de Paiva, sobrinho de Ribeiro Sanches, e aluno de Vandelli: "Entre os estudantes com quem convivia em Coimbra figuravam aqueles - entre eles o poeta brasileiro António Pereira de Sousa Caldas e o futuro higienista e também poeta Francisco de MeIo Franco, igualmente brasileiro que, acusados de Hereges, Naturalistas, Deístas, Blasfemos, Apóstatas, Tolerantes, Dogmáticos, de não seguirem o preceito de abstinência da Quaresma, reunindo-se, alta noite, em casa uns dos outros, e às vezes no Laboratório de Química, de que Manuel Joaquim habitava uma dependência, para comerem presuntos roubados, de lerem pelo Autor Rousseau e outros Hereges, etc., foram, de sambenito, ao Auto de Fé que na Sala do Santo Ofício em Coimbra, se celebrou a 26 de Agosto de 1781" (Almeida, 1925).
Não houve seguimento à acusação. No ano anterior, Paiva tinha sido convidado para sócio da Academia, conforme Barbacena participa a Vandelli em carta de 27 de Maio.
- Carta de Baltasar Silva Lisboa a DV, Coja, 12 de Agosto: examinou a mina de chumbo do vale Garcia. Acha antimónio, cobre, prata, ouro, mármore. Diz que vai a Viseu ver a mina de estanho que DV dissera ser calciforme.
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Encontros, criação de sociedades |
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- Carta de DV a Barbacena, 22 de Outubro: "Em minha casa em um dia de cada semana se farão algumas conferências sobre algumas experiências, ou observações que se devem fazer, e viagens, e para também dispor em outras partes Sociedades; nestas conferências somente virão os dos meus discípulos nos quais acho talento, génio, e amor patriótico. Dos resultados destas conferências com o tempo darei parte a V. Exa."
Diz que Baltasar da Silva Lisboa, da Bahia, já voltou de Coja e Serra da Estrela com muitas plantas, insectos e minas, e que descobrira um veio horizontal de antimónio de enorme grossura e extensão, ouro, uma mina de enxofre, etc.
- Carta de Barbacena para DV, 27 de Outubro: aplaude a viagem ao Gerês, e a Sociedade Económica que DV quer fundar em Coimbra. Outras sociedades: Braga, Valença.
- Carta de DV, 3 de Dezembro: Pallas enviou a DV uma rica colecção de minerais de S. Petersburgo. Fala de minas: Valongo, Moncorvo, outras.
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