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Claro, sou solidária aos Europeus pelas
dificuldades que passam em decorrência do abalo econômico-financeiro
vigente, mas não serei falsa, menos ainda irresponsável admitindo
que justo o uso de nossas reservas monetárias para ajudar a EU,
sacrificando os interesses e necessidades [básicas] dos brasileiros,
desprezadas e empurradas para debaixo dos tapetes do Planalto.
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Não admito , não concordo, repudio veementemente!
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Face ao status quo do Brasil que temos, sou capaz até de iniciar um
movimento contra tal intento desta Gangue de Brasília. Que me
desculpem os Cidadãos dos Países atingidos pela Crise e
principalmente meus particulares Amigos de Portugal, Itália e
Espanha [individualmente, sabem que podem contar comigo - como
sempre], mas concordar com tamanha irresponsabilidade, JAMAIS!
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Se de outra forma me posicionasse, seria o mesmo que dizer a
“Presidenta”, além de pactuar com corruptos, larápios, fraudadores,
e bandidos, engrosse seu currículo duvidoso e criminoso: - com o
abandono geral de nosso Povo; com 36 milhões de famintos espalhados
pelo País; com as mortes de milhares e milhares de brasileiros ,seja
por inanição, seja pelo mais completo desamparo na falida
assistência à saúde; com 45% de nossos municípios sem saneamento
básico-atolados entre ratos e dejetos; com os 35% de nossos
analfabetos funcionais e 16 milhões de jovens com mais de 15 anos
ainda não foram alfabetizadas; com as intermináveis filas de
desempregados que dormem nas ruas, marquises, e esquinas das
empresas em busca desesperada por um posto de trabalho; com os
calamitosos índices de mortalidade infantil; com suas poses e
mesuras a mascarar nossas mazelas sociais pelas bancadas
internacionais. Seria dizer: Dilma abra as comportas dos cofres
públicos e doe tudo para Europa, só para mostrar ao mundo um Brasil
de mentira e farsas, ainda que ao preço da vida, da educação, da
moradia, da dignidade, dos direitos básicos dos Filhos desta Nação.
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Concordar com este novo gênero de “mal feito ”, NUNCA!
Seria trair minha Pátria.
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A Europa não conhece o Brasil, se conhece.. e aceitar tal ajuda
estará também a tripudiar sobre a Desgraça Nacional que nos
chicoteia e aflige. O que , em se efetivando , não é de causar
espanto, pois a história está ai para provar o quanto de nós já foi
tirado para construir suas riquezas.
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Urge gritar Basta!
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Digo Não a tal possibilidade com meu mais retumbante brado, e espero
outros Brasileiros também digam, pois só nós sentimos na carne a
dor, o sofrimento, o abandono, a exclusão, a marginalização que por
aqui graça, qual praga eterna.
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Urge voltar nossos olhares para cada rincão deste Continente de
desigualdades, tomar consciência da situação de miserabilidade que
abate nossos irmãos, refletir e agir, antes que até mesmo as
migalhas ofertadas ao Povo, sejam subtraídas, em detrimento de uma
Agenda de Politica Internacional, que fere nossa Carta Magna, que se
sobrepõe aos deveres do Estado e aos Direitos do Povo Brasileiro.
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Não nos interessa aparecer no ranking dos Países bem sucedidos, à
custa de mentiras, de dados forjados, queremos sim um Brasil
comprometido com cada Filho da Nação, queremos atitudes firmes e
concretas, com eficiência e resultados, não este Brasil alegórico
para inglês ver.
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Não precisamos de aplausos externos, precisamos sim da conquista de
uma Vida Digna, com acesso ao Trabalho, a Moradia, a Educação de
qualidade, a Saúde-que trata e cura, a Cultura, a Alimentação, todos
Direitos Básicos que são legalmente nossos, até esta data,
imoralmente surrupiados.
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Também estamos em Crise.
Crise Moral, Crise Politica, Crise Social!
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O Brasil está cansado de ser lesado.
Chega!
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Li um artigo da Professora Maria Estela Guedes - na Revista Triplov,
intitulado Alô, Brasil! Portugal precisa de ajuda, do qual
transcrevo o parágrafo abaixo que me causou espécie, posto que não
retrata a fidelidade dos fatos:
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“O Brasil, por exemplo, não pode receber uns milhares de jovens
portugueses, em troca dos brasileiros que temos por cá?”
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Entendo e respeito o sofrimento dos Portugueses, mas a Ilustre
Escritora-Professora está equivocada em seu questionamento,
demonstro: - enquanto em Portugal vivem 137.600 brasileiros, por
aqui estabelecidos mais de 329.199 portugueses. Estes, dados onde
não estão incluídos os mais recentes indicadores, que cito: segundo
levantamentos dos organismos oficiais, o total de autorizações de
permanência para estrangeiros que migraram de seus Países para cá,
passou de 40 mil em 2009 para 53 mil em 2010. Comparados só os dois
últimos primeiros semestres, a tendência se mantém. No primeiro
semestre de 2010 foram 20 mil. No mesmo período de 2011, 24,6 mil,
sendo que 57% destas autorizações são para Portugueses.
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Válido esclarecer que jamais o Brasil fechou suas fronteiras para
Portugal, e quando digo Portugueses acolhidos, quero dizer abraçados
sem restrições, recebidos em nossas moradas, empresas,
universidades, apoiados integralmente em seus processos de
adaptação. .
O que diverge, em tese, dos tratamentos
dispensados por Portugal, em passado recentemente, aos Brasileiros.
Muitos, deportados e injustamente incriminados!
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Creio também, que a nobre Mestra desconhece nossa realidade, talvez
pautada em olhar superficial sobre o eixo “camuflado” do Sudeste,
mas com toda certeza, não sabe do Brasil de Verdade: aquele que
agoniza em Hospitais sem médicos, sem macas, sem portas, sem
paredes; dos analfabetos espalhados do Oiapoque ao Chuí; do sertão
Nordestino onde a Vida Severina seca pele e alma dos Raimundos,
Marias e Macabéas; das populações marginalizadas que partilham
farelos com abutres e urubus pelos lixões das metrópoles.
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Ajudar a Europa é tirar a saúde, a educação, o pão, a vida de nossos
irmãos jogados, não na margem, mas nos esgotos de uma Sociedade
adoecida, por Gestões Politicas podres, ladras , omissas e
perversas.
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No Brasil de Verdade, eis o que somos:
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1 -. Desemprego - temos milhões de brasileiros desempregados. Nossa
economia tem crescido é fato, mas de forma incipiente, não o
bastante para gerar os empregos necessários no Brasil. Milhares de
trabalhadores sobrevivem na informalidade (sem carteira registrada),
privados, portanto dos seus direitos trabalhistas.
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2-Violência e Criminalidade: a violência cresce a cada dia,
principalmente nas grandes cidades. Os crimes estão cada vez mais
sofisticados e presentes em nosso cotidiano.A Segurança Publica
ausente e débil, nada se faz para reverter tal quadro, enquanto as
milícias do poder paralelo é o exército forte que por aqui marcha e
mata. Os garantismos das leis vigentes, aliados as injustiças
sociais alimentam e favorecem o crime organizado, e os Cidadãos de
Bem fragilizados , expostos que estamos como alvos fáceis das
guerrilhas urbanas e rurais.
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3-Saúde: apenas para aqueles que possuem condição financeira ,
através das operadoras e do sistema privado, pois a saúde pública
encontra-se em estado de crise aguda. Hospitais superlotados, falta
de medicamentos, greves de funcionários, aparelhos quebrados, filas
para atendimento, prédios mal conservados são os principais
problemas encontrados em hospitais e postos de saúde da rede
pública. Os mais afetados como sempre, são os vulneráveis, aqueles
que dependem unicamente deste atendimento, ou seja, os pobres. O
caminho da saúde para os pobres [mais da metade da população] passa
pelos tribunais, quando e se diante um Magistrado honrado. Exemplo
real: Viviane tem leucemia. Os remédios não estavam na lista,
aprovada pelo governo, eram muito caros e ela não podia pagar. Só
conseguiu depois de entrar na Justiça. "Eu só quero viver, entendeu?
É uma coisa que eles não davam para mim, querendo tirar a minha
chance de viver”, relata a recepcionista Viviane Martins Meixedo em
prantos.
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4- Educação: os dados sobre o desempenho dos alunos, principalmente
da rede pública de ensino, são alarmantes. A educação pública
vivencia graves problemas e dificuldades: prédios mal conservados,
falta de professores, míseros recursos didáticos, baixos salários,
greves, violência dentro das escolas, entre outros. Este quadro é
resultado da ausência de investimentos públicos no setor. O
resultado é a deficiente formação dos alunos brasileiros. E os
Professores recebem salários de fome: o valor do piso-atual, para
dedicação exclusiva é R$ 1.187,00. 40 horas semanais- bruto.
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5- Desigualdade social: somos um país de cruel contraste social. A
distribuição de renda é desigual, sendo que uma pequena parcela da
sociedade [10%] é muito rica, enquanto 40% vive pendurada em
minguados salários – a recente Classe C [com renda familiar entre
1.270,00 a 5.000.00 reais]; e 50% no limiar da linha da pobreza e da
miséria absoluta.
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6- Habitação: milhões de famílias não possuem condições
habitacionais minimamente humanas. Nas grandes e médias cidades
imperam favelas e cortiços. E uma imensidão, não mensurada, de
excluídos moram nas ruas, sob casas de papelão, nos viadutos e
pontes.
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7-Saneamento: aqui ainda se adoece e se morre por falta de
saneamento básico. Estudo realizado pelo IBGE mostra grandes
desigualdades entre as regiões brasileiras no acesso ao saneamento.
Nessa situação, persistem doenças como tuberculose, diarreia e febre
amarela [que matam], decorrentes da falta de serviços de água
tratada e dos esgotos a céu aberto.
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Minha indignação face a possível ajuda a EU se pauta nestas e outras
barbáries sociais que vergonhosamente perduram no Brasil que temos,
são realidades malditas que nos assolam, disfarçadas em números
fraudados pelo Planalto, alardeados entre Corrupção e Roubo, para
iludir incautos, mas cuja voracidade é incontrolável.
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Como ser conivente com tamanho despautério, se somos um País de
faltas?
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Falta pão, falta teto, falta educação, falta saúde, falta ética,
falta moral, falta Governança, falta Vergonha!
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Por estas e muitas outras doloridas verdades que só nós conhecemos
que me desculpem os Europeus, sou terminantemente contra a ajuda
para EU, proposta de forma inconsequente pela insana “Presidenta”!
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Lutarei com todas as minhas forças, palavras e atos, para impedir
tamanho agravo contra a minha, a sua, a nossa Pátria, em defesa de
nossa Gente, honesta, sofrida, esquecida, sem voz, sem vintém.
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Deixo aos Leitores, a seguinte pergunta:
É JUSTO TIRAR DE QUEM NADA TEM?
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Valentina Latiffa
Colunista Literacia |