Entre as instâncias prerrogativas, em primeiro lugar, proporemos as instâncias solitárias. Solitárias são aquelas instâncias que apresentam a natureza que se investiga, em coisas que nada têm em comum com outras, a não ser aquela natureza; ou que não apresentam a natureza que se investiga em coisas que são semelhantes a outras em tudo, exceto em relação a essa natureza. É claro que estas instâncias eliminam palavras inúteis e aceleram e reforçam a exclusão; bem por isso algumas poucas valem por muitas.
Assim, por exemplo, na investigação da natureza da cor, as instâncias solitárias são os prismas e os cristais que fazem aparecer a cor, não somente em si mesma, mas também a refletem sobre paredes externas, sobre o orvalho, etc. Tais instâncias nada têm em comum com as cores fixas nas flores, com as cores das gemas, dos metais, das madeiras, etc.; exceção feita da própria cor. Daí facilmente se estabelece que a cor nada mais é que uma modificação da imagem luminosa introduzida no corpo e recebida, no primeiro caso, com diversos graus de incidência, no segundo como efeito de estrutura e esquematismos diversos. Estas instâncias são solitárias por semelhança.
Ainda, na mesma investigação, os veios do branco e do negro e as variações de cor, em flores da mesma espécie, constituem instâncias solitárias. Efetivamente, o branco e o negro do mármore e as manchas de branco e de vermelho de certas espécies de cravo parecem-se em quase tudo, exceto na cor. Daí facilmente se conclui que a cor não tem muito em comum com as naturezas intrínsecas dos corpos, mas que consiste tão-somente na disposição tosca e quase mecânica das partes. A estas instâncias que são solitárias, por diferença a um e outro gênero, chamamos de instância solitária, ou Ferinos, 138 usando o termo astronômico.
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