O encontro entre poetas e poemas, entre intelectuais brasileiros e portugueses, deve-se ao espaço de intercâmbio afectivo e cultural que o TriploV tem proporcionado. Mas o Brasil não é o nosso único interlocutor, a seguir vêm países de língua castelhana, em especial a Argentina, onde contamos com vários amigos, o mais visível dos quais é o escritor Oscar Portela. |
Não cortem o cordão que liga o corpo á criança do sonho O cordão astral à criança aldebarã, não cortem O sangue, o ouro. A raiz da floração Coalhada com o laço No centro das madeiras Negras. A criança do retrato Revelada lenta às luzes de quando Se dorme. Como já pensa, como tem unhas de mármore. Não talhem a placenta por onde o fôlego do mundo lhe ascende à cabeça. A veia que a à morte. Não lhe arranquem o bloco de água abraçada aonde chega Braço a braço. Sufoca. Não limpem o sal na boca. Esse objecto asteróide, Não o removam. A árvore de alabastro que as ribeiras Frisam, deixem-na rasgar-se: Das entranhas, entre duas crianças, a que era viva E a criança do sopro, suba Tanta opulência. O trabalho confuso: Que seja brilhante a púrpura Fieiras de enxofre, ramais de quartzo, flúor agreste nas bolsas Pulmonares. Deixem que se espalhem as redes Da respiração desde o caos materno ao sonho da criança Exacerbada. Única HERBERTO HELDER |