39. Ir muito devagar por trás de si... gritar bem alto: "Hi!"... e pregar-lhe um susto novamente. Pregar-lhe um dente. 40. Eu já escrevi livros sofredores; tanto, que me desunhei a chorar ao redigi-los. Agora estou a curtir uma boa, só me apetece escrever coisas que me dão pró riso. 41. Você porque é que não sorri, ao menos? Ou vem do enterro da avozinha? Olhe, aqui há tempos morreu-me um amigo no Hospital Militar, que por acaso tem duas capelas de estacionamento para os defuntos. Era de noite e havia dois mortos, cada um em sua capela. Esperávamos um parente que prometera chegar às dez horas. Só chegou à uma, dizendo: - Estou desde as 10 na outra capela, muito intrigado por não conhecer ninguém. Só agora reparei que estive a velar um morto que não era o meu. 42. O que interessa é revelar os mortos, e não o seu ou o meu. 43. Junto-me a si para iluminar a noite. Luas vermelhas são a sua boca por onde murmuro: eu sou a lâmpada! A tua cara cega é um incêndio. 44. Por ela arder num beijo, espaldar luzente. Estelífero acento circunspecto. Pelo teu beijo devolver a alba, a Lua, o Sol, a noite selada. Na tua boca criar o mundo. Para que me ames. Para que me ames, na tua boca criar o mundo! Para que me amesl! Tanto dura achar a ponte certa que me atalha o teu caminho. E nunca ao Princípio achado, nunca. Antes perdido de algures, numa ponte de nada cujo meio não encontrássemos. 45. É preciso ajudar os pobres trastes, não te esqueças! 46. Repare que a menipeia é a mais incruenta forma de me abeirar de si, gentil cavaleiro! 47. Os nomes que eles inventam, coitadinhos! Francisca que fosse! Tinha mais natural. 48. Antes de ter um cesto é preciso preparar e entrançar os vimes. E só depois de meio feito se adivinha que dali vai sair um cesto. 49. Se não sair um seixo, um sexto, um sestro ou mesmo o cesteiro. Se tiver paciência, saberei muito tarde quem é o cesteiro. 50. Saio para longe a passear-me a mim. Saio e a mim retorno. Como se a alma pudesse estar ao pé, entreabrindo-me. Saio num retorno infindo. As cousas significam por exclusão de partes e portanto o Todo carece de sentido. Tudo carece. A minha alma aparto e a mim sempre regressa. Vem da cozinha convidar-me para a matança. Alma reclama e eu sem tempo pra le dedicar! 51. Sinto a Alma entaramelada na garganta. 52. Alma reclama e eu sem tempo para lhe prestar atenção! O trabalho que tenho! Este universo e diverso uso das horas, a devaçõo! 53. Recuo à Meia-Idade! Recuo até à Meia-Légua! Para a língua de palmo pouco há-de faltar. 54. O que o trabalho me cansa e toma o tempo! Pela porta da minh'Alma passam medos. E godos. Carneiros redondos para a festança. Pela porta da minh'Alma passam números. Os números dos nomes todos. 55. É preciso ajudar os hunos, contadinhos!
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