@svattha
Maria Estela Guedes
10-12-2004

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b_dragoeiro

Mística árvore, na floresta és catedral. Um rostinho feminil

...........................................urge na ramada - é uma ave.

Leitosa, virado para baixo o bico, asas desfraldadas, assim

um caça despenhado das alturas. .........................mergulha, a 

p

i

q

u

............................................................eeeeeeeeeeee...............................................................

..........ultrapassada a barreira da luz e o ponto de não-retorno.........

Mas é isso a fé - uma cabeleira de esmeraldas arrastada num

trágico acidente sobre a relva encarnada.

Mexer na morte com a ponta dos dedos, treinando a mão toda

para quando vier. Mexer no sangue e sem repulsa o ver.

................Não havendo catástrofe, não havendo uma flama que te devore

..........................................................da raiz ao céu, que árvore serias - és?

...........................Figueira-dos-pagodes, nada, nome de barbárie, profaníssima,

..........iletrada nas letras invisíveis, coisa ali posta para repasto...................

..............................apenas de primárias escolas............................

Ardes, arbustiva, numa vertigem de porta que só abre com a ponta 

de uma adaga.

E não por ter a chave nela que qualquer um roda sem saber de

rodas nem de portas que não servem para abrir nem para

fechar

............................mas para passar por elas.....................................

Sofrendo-as.

Atravessar a sua inexistência material.

Atravessar fisicamente

como quem se atravessa a si mesmo de lado a lado

e rasgado o corpo

em seus órgãos à vista

desarmada

tudo vê o que tem dentro: os fluidos, o rim, o fígado,

essa pungente matéria

de que também são feitos os astros.

Visto isso, já não há mais nada para ler.

Lido isso, já não há mais nada para ver.

Só o Impossível, Ficus :

...................................a alma

............................................esta.....................

..........................................isso...................................

São de inteligência os teus figos cerrados

numa gramática egípcia - Árvore Bô. Sobre eles na noite

lavram cassiopeias e as pedras levantam voo

..................................................................... mesmo sendo ápteras

Só a fé permite estes prodígios em que a alma sedenta

mergulha e nada, nilótica

e de curso temporário........................................................

Nos extremos, sobre arame farpado ou coroa de espículas,

sobre isso langue ela respira e vem-

De precipício em precipício, chamem-lhe Allah, Buda ou Cristo,

realmente sois a Árvore.

Abrupta, vinda da bruma nervosa, vibra. Está de pé no meio

de um tornado, armada de folhas que pingam ácido.

Verga, o chão corrompe-se,

.............................................................................ela,

.....................................não.......................................................... 

Doem-me as palavras como se fossem dentes, Asvattha

Dói-me o coração como se fosse um 

pássaro