MARIA JULIETA MENDES DIAS
& PAULO MENDES PINTO

Maria de Magdala
a Mulher – a construção
do Culto – o caminho dos Mitos

2.1. As que servem e protegem o seu Senhor

Nas mitologias do Médio Oriente Antigo são recorrentes as figuras femininas muito próximas de proeminentes deuses. Não estamos a referir-nos a simples relações de proximidade familiar, conjugal ou sexual. Vamo-nos restringir a um fenómeno que tudo tem a ver com Maria Madalena: o horizonte cultural e religioso do espaço de Canaã, onde o Cristianismo nasceu, e as deusas que foram essenciais na ressurreição de deuses a que estavam profundamente ligadas.

Trataremos, num primeiro momento, da relação entre Ísis e Osíris. Se bem que aparentemente um pouco distantes do mundo de Jesus, o culto a Ísis seria dos mais difundidos e praticados no início da nossa era; imagem dessa grande presença do culto a Ísis é o facto de Maria e José terem fugido com o menino para o Egipto, situação da qual sobressaem as imagens de Maria com Jesus ao colo, perfeita integração da milenar representação de Ísis com o seu filho Hórus.

Num segundo momento, e agora já no espaço e nas heranças específicas de Israel, trataremos a ainda mal conhecida relação entre Iavé e uma sua possível consorte, Acherá.

Ainda no espaço de Israel, nas heranças de Canaã, veremos como na mitologia do segundo milénio antes de Cristo, o deus Baal, o futuro grande rival de Iavé no milénio seguinte, quando se tenta implementar uma imagem monoteizada deste, morre no final do seu principal ciclo mitológico, regressando à vida pelos esforços de uma deusa, Anat.