Maria Keil. Pintora, desenhadora, ilustradora, decoradora de interiores, designer gráfica e de mobiliário, ceramista, cenógrafa e figurinista, autora de cartões para tapeçaria e, sobretudo, para composições azulejares (as melhores, aliás, do nosso século XX).
Maria Keil do Amaral nasceu em Silves, em 1914. Artista que pode ser inserida numa «segunda geração da nossa arte moderna.
Estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde frequentou as aulas de Veloso Salgado, importante pintor português, natural da Galiza, embora não tenha concluído o curso.
Casou aos 33 anos com um importante arquitecto, Francisco Keil do Amaral, e passados dois anos nasceu Francisco, o único filho do casal.
Iniciou a sua actividade profissional com cerca de 20 anos, dedicando-se sobretudo ao retrato, às naturezas-mortas e também à decoração.
Em 1937 executou um motivo decorativo na Salle IV — Outremer do Pavilhão de Portugal, na Exposition Internationale de Paris.
Realizou em 1939 a primeira exposição individual de pintura e desenho na Galeria Larbom, em Lisboa.
Em 1940 foi uma das artistas da Exposição do Mundo Português, com uma pintura mural alusiva aos monstros marinhos. Executou, ao longo dessa década, projectos de decoração mural, mobiliário, cenários e figurinos para o Grupo de Bailados Verde Gaio, e cartões destinados a serem reproduzidos em tapeçarias. Para além destas actividades, criou ilustrações para publicidade. Foi galardoada em 1941 com o Prémio de revelação Souza-Cardoso pelo “Auto-Retrato”.
Durante as décadas de 50 e 60, realizou uma série de painéis de azulejo: para as estações de metro projectadas pelo seu marido, alguns dos quais foram destruídos durante as obras de remodelação das estações do Saldanha e São Sebastião em 1977; um grande painel decorativo na Avenida Infante Santo, em Lisboa; escritórios da TAP Air Portugal em Paris e Nova Iorque; Aeroporto de Luanda. Através destes trabalhos, recuperou a tradição da azulejaria portuguesa e reanimou a fábrica da Viúva Lamego, praticamente desactivada, criando os painéis para dezanove estações do Metro.
Iniciou também por esta época o trabalho de ilustração de livros infantis: "A noite de Natal", de Sophia de Mello Breyner Andresen, e "Histórias de pretos e brancos", de Maria Cecília Correia. Ilustrou e fez desenhos para dezenas de outros livros, sobretudo de literatura infantil, de alguns dos nossos mais importantes escritores: Alice Vieira, Alexandre Honrado, Aquilino Ribeiro, Matilde Rosa Araújo, Sophia de Mello Breyner Andresen, etc.
Em 1970 esteve presente na exposição Maioliche Portoghesi, (Azulejos Portugueses, em Italiano) em Florença, Itália.
Na década de 80, com uma bolsa da Fundação Gulbenkian, concretizou um projecto de estudo sobre as tendências da ilustração para crianças, para o qual visitou vários países.
Em 1989 o Museu do Azulejo fez uma retrospectiva da sua obra azulejar.
Dedicou-se pela primeira vez à fotografia em 1997, tendo criado uma exposição a que deu o título "Roupa a secar no Bairro Alto". Esta exposição, baseada em peças de roupa, esteve à disposição do público no Museu Nacional do Traje.
Na Exposição comemorativa do 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1999, participou com uma obra designada por "Motauros". Como autora e ilustradora publicou quatro livros infantis: O Pau-de-Fileira, Os Presentes, As Três Maçãs e Árvores de Domingo.
A sua característica agilidade gráfica manifestou-se, então, nas ilustrações do O Pau-de-Fileira (1977), com os seus sensíveis desenhos de gatos. Em Os Presentes (1979), a artista recorreu à colagem de motivos recortados de inúmeras revistas, num trabalho apurado e rigoroso, extraordinariamente apelativo.
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