Particularmente, por causa da sua formação vulcânica e do seu isolamento geográfico, as ilhas açorianas foram associadas aos estudos da evolução dos organismos vivos, em especial depois da publicação, em 1859, da obra de Charles Darwin intitulada Origin of species by Means of Natural Selection e visitadas por um número crescente de naturalistas, muitas vezes em grupo.

A razão dessa procura das ilhas pelos naturalistas encontra-se em Barrois (1888) quando refere: «L'importance des Açores dans l'étude de la dissémination des espèces n'échappe à personne; situées presque au milieu de l'Océan Atlantique, sur le passage du Gulf-Stream, ces îles constituent pour ainsi dire une sorte de trait d'union entre l'Europe et l'Amérique, et leur faune doit retirer un cachet tout particulier de ces conditions géographiques». Mais à frente acrescenta: «En tenant compte des considérations que je viens d'énumérer [a passagem pelos Açores da Corrente do Golfo], il y avait tout lieu de croire à la présence, aux Açores, des formes américaines, et en particulier d'espèces des Antilles ou du Mexique, amenées par le Gulf-Stream. L'étude de la faune carcinologique de l'archipel a donné complètement tort à ces prévisions, [...]».

Também Chaves (1893, cf. Arruda, 1996), numa introdução manuscrita ao Album Ilustrado de Zoologia Michaelense de Joaquim Cândido Abranches, refere a importância destas ilhas para a compreensão dos fenómenos evolutivos. Segundo aquele autor «[ ...] os importantes estudos de Darwin sobre a dispersão das especies animais, tinham chamado a atenção de zoologos sobre estas terras açorianas, que erguendo-se do seio do Atlântico, approximadamente a meia distancia entre o continente europeu e o americano permitiam suppôr que n'ellas se encontraria uma fauna na qual fossem abundantes os typos zoológicos de transição entre as faunas das regiões paleartica e neartica, e onde a influencia das correntes do mar, e a disseminação das especies pelo vento, pelas aves, e especialmente pelos icebergs no período glaciário, se manifestaria de modo a resolver mais de um problema em discussão; e daqui a concorrência de naturalistas aos Açores à procura d'essas imaginadas novas especies e da solução d'esses problemas; [...]».

Naturalmente que a posição geográfica dos Açores também é importante para a história do conhecimento do oceano nesta área. Mas, de modo diverso do que aconteceu com os seres vivos terrestres, os interesses dos investigadores foram outros, tais como o plankton , as correntes, as temperaturas, a luminosidade, a pressão, a densidade, ou seja, os fenómenos físicos e químicos e a topografia dos fundos. Os seres vivos do domínio marinho eram mal conhecidas e por isso não suscitaram o mesmo interesse que aqueles habitando o domínio terrestre.